Fenômeno interestelar inédito movimenta observatórios em todo o mundo e serve de laboratório para treinar astrônomos em medições orbitais de alta precisão
O cometa 3I/ATLAS, um dos raros visitantes de fora do Sistema Solar, atinge agora seu ponto mais próximo do Sol, chamado de periélio, a cerca de 210 mil km/h, dentro da órbita de Marte. A passagem inédita transforma o objeto em foco global de treinamento científico, já que sua trajetória hiperbólica fornece dados valiosos para o estudo de corpos interestelares e da dinâmica gravitacional do sistema solar interno.
A velocidade e a composição química do cometa 3I/ATLAS desafiam modelos conhecidos. Astrônomos correm contra o tempo para registrar espectros, brilho e variações na coma antes que ele volte ao espaço profundo. O evento marca a terceira vez que um corpo extrassolar cruza nossa vizinhança cósmica, reforçando a importância das redes internacionais de monitoramento de objetos próximos da Terra.
Trajetória inédita e características físicas

O cometa 3I/ATLAS foi identificado em julho por telescópios da rede Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS) no Chile.
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Desde então, medições confirmaram uma órbita hiperbólica, o que indica que o corpo não está ligado gravitacionalmente ao Sol, sendo um verdadeiro visitante interestelar.
Com cerca de 1,4 unidade astronômica (UA) no ponto de máxima aproximação, o objeto cruza o plano orbital de Marte a uma distância de 210 milhões de quilômetros.
Apesar da proximidade relativa, não há risco para a Terra.
O fenômeno, contudo, permite testar técnicas de rastreamento usadas para prever trajetórias de asteroides potencialmente perigosos.
Composição química fora do padrão
Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram uma coma dominada por dióxido de carbono (CO₂), algo jamais visto em outros cometas.
Os dados mostram que o 3I/ATLAS possui oito vezes mais CO₂ do que água, ultrapassando amplamente o limite químico esperado para esse tipo de corpo.
Esse desequilíbrio sugere origem em um ambiente extremamente frio, possivelmente em outro sistema planetário onde o CO₂ permaneça congelado por longos períodos.
A descoberta reacende discussões sobre a diversidade de materiais que formam cometas em diferentes regiões da galáxia e fornece pistas sobre processos de formação planetária fora do Sistema Solar.
Treinamento global e astrometria de precisão
A Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) anunciou um treinamento especial para aprimorar técnicas de medição orbital usando o cometa 3I/ATLAS como caso real.
O exercício ocorrerá entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com participação de observatórios credenciados que possuam código MPC ativo.
O objetivo é calibrar softwares e telescópios em condições dinâmicas, testando métodos de astrometria aplicados a objetos de trajetória não periódica.
Desde 2017, a IAWN realiza eventos semelhantes, mas esta edição ganha relevância pela singularidade do 3I/ATLAS e pela oportunidade de cruzar dados de dezenas de países em tempo quase real.
Importância científica e próximos passos
O estudo do cometa 3I/ATLAS poderá redefinir parâmetros sobre o comportamento térmico de objetos interestelares.
A presença anômala de CO₂, combinada à alta velocidade e à órbita aberta, indica que a matéria-prima que forma esses corpos pode variar amplamente entre sistemas estelares.
Equipes de pesquisa buscam agora correlacionar as observações do James Webb com dados de radiotelescópios e instrumentos ópticos terrestres para determinar a densidade e a atividade volátil do núcleo.
Cada fragmento de informação amplia a compreensão sobre como a matéria viaja entre estrelas e como o Sol interage com visitantes vindos de além de sua influência gravitacional.
A travessia do cometa 3I/ATLAS é um lembrete de que o Sistema Solar continua aberto a surpresas cósmicas.
Mais do que um espetáculo astronômico, o evento se converte em um laboratório vivo para medir, comparar e entender a origem de corpos vindos de outros mundos.
Você acredita que novos visitantes interestelares poderão revelar segredos sobre a formação de sistemas planetários além do nosso? Deixe sua opinião nos comentários.



Esqueceram de mencionar a sua composição em quase 90 % em níquel, o que na terra só pode existir de maneira industrial. Nitidamente, não é só um cometa, não haveria todo esse alvoroço e mobilização da Nasa, porém, se realmente a mesma sabe da verdade, e insiste em manipular o mundo, teremos que aguardar a passagem do objeto.