As ações da Petrobras acumulam a 5ª queda consecutiva, pressionadas pelo recuo do petróleo e pelas incertezas envolvendo a Braskem.
Ações da Petrobras caem pela 5ª sessão seguida
As ações da Petrobras voltaram a cair nesta terça-feira (30), registrando a quinta sessão consecutiva de perdas. A PETR3 encerrou em queda de 1,57%, cotada a R$ 33,78, enquanto a PETR4 recuou 1,10%, a R$ 31,46.
O recuo acontece em meio à combinação de fatores que envolvem a queda no preço do petróleo, a pressão regulatória sobre a exploração da Margem Equatorial e a possível reestruturação da Braskem, empresa na qual a estatal tem participação.
Esse movimento reforça a preocupação de investidores sobre a capacidade da Petrobras de manter dividendos atrativos diante de um cenário de maior incerteza.
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Petróleo pressiona ações e amplia perdas
O preço internacional do petróleo continua sendo o principal fator de pressão. O WTI, referência nos Estados Unidos, caiu 1,70% e fechou em US$ 62,37 por barril. Já o Brent, negociado em Londres, recuou 1,58% e terminou o dia a US$ 66,03.
Além disso, a commodity já havia acumulado queda superior a 3% na segunda-feira (29). O movimento ocorreu após rumores de que a Opep+ poderia ampliar a oferta global. Ao mesmo tempo, as negociações diplomáticas para um cessar-fogo na Faixa de Gaza também influenciaram o mercado.
Diante desse contexto, o Citi revisou suas projeções. O banco reduziu a expectativa para o Brent em 2026, de US$ 66 para US$ 62.
Além disso, cortou o preço-alvo das ações preferenciais da Petrobras, de R$ 35 para R$ 31. Os ADRs negociados no exterior também sofreram ajuste, caindo de US$ 12,50 para US$ 12.
Braskem entra no radar e preocupa acionistas da Petrobras
Outro ponto de atenção é a situação da Braskem (BRKM5). Os papéis da petroquímica já acumulam queda superior a 40% em 2025 e recuaram quase 4% na última sessão, após rumores sobre uma reestruturação de sua dívida.
Um relatório do BTG Pactual destacou que a Petrobras poderia precisar injetar até US$ 1,7 bilhão para manter sua participação de 49% caso ocorra uma conversão de dívidas em capital próprio.
“Se 25% da dívida da Braskem (US$ 1,7 bilhão) fosse convertida em capital, a Petrobras teria de acompanhar com o mesmo valor para evitar diluição”, diz o documento.
Nesse cenário, analistas alertam que o dividend yield da Petrobras poderia cair de 9% para 8,2%, reduzindo o retorno aos investidores.
Ibama e Margem Equatorial adicionam incertezas
Além do mercado internacional e da Braskem, a estatal também enfrenta desafios no Brasil. O processo de licenciamento ambiental para exploração da Margem Equatorial ainda segue em análise pelo Ibama, o que adiciona mais uma camada de incerteza ao cenário.
Embora a autarquia já tenha aprovado os testes preliminares, por outro lado solicitou ajustes antes da concessão da licença final.
Essa perfuração na região é considerada estratégica para a empresa e, portanto, pode redefinir de forma significativa sua produção futura.
Queda contínua das ações preocupa investidores
Com cinco sessões consecutivas de queda, a Petrobras atravessa uma das fases mais delicadas do ano. Por um lado, o petróleo em baixa pressiona as receitas da companhia; por outro, o risco regulatório e o impacto da Braskem ampliam as incertezas no mercado. Esse tripé negativo mantém investidores em alerta e reforça o clima de cautela.
Diante desse cenário, a grande questão é até que ponto a estatal conseguirá preservar seus dividendos e, ao mesmo tempo, sustentar sua posição de destaque em meio às turbulências globais e domésticas.
A pressão é constante e cada decisão pode se refletir diretamente nos retornos ao acionista.
Enquanto isso, investidores reagem de forma imediata às novas informações.
Assim, qualquer movimento sobre o preço do petróleo, as negociações da Braskem ou as exigências do Ibama pode influenciar não apenas as ações da Petrobras, mas também o equilíbrio de todo o setor de energia no Brasil.