Cosan anuncia capitalização de R$ 10 bi com BTG Pactual; ações caem 18% e mercado reage com desvalorização bilionária
As ações da Cosan registraram forte queda de 18,13% nesta segunda-feira (22/09/2025), negociadas a R$ 6,14, após a empresa confirmar uma capitalização de até R$ 10 bilhões.
O anúncio, feito em conjunto com os bancos BTG Pactual e Perfin, gerou impacto imediato no mercado de ações, refletindo a preocupação dos investidores com a diluição acionária.
O objetivo da operação é renegociar dívidas e recuperar a flexibilidade financeira do conglomerado.
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Segundo a companhia, os recursos não serão destinados à Raízen, sua joint venture com a Shell, o que também contribuiu para a pressão negativa sobre os papéis.
Impacto no mercado de ações e efeito sobre a Raízen
No mesmo pregão, a Raízen recuou 7,75%, cotada a R$ 1,19, reforçando o clima de cautela entre investidores.
Na mínima do dia, a Cosan chegou a R$ 5,63, o que significou perda de quase R$ 3,5 bilhões em valor de mercado em comparação à última sexta-feira.
Apesar do tombo, executivos da companhia destacaram que a entrada de novos sócios deve garantir tempo e condições mais favoráveis para futuros desinvestimentos.
Cosan explica razões da capitalização
Durante teleconferência, o presidente Marcelo Martins e o diretor financeiro Rodrigo Araujo afirmaram que a decisão veio após um “longo processo competitivo” em busca de alternativas para reduzir a alavancagem.
Atualmente, a dívida líquida da Cosan soma R$ 17,5 bilhões.
Segundo os executivos, a capitalização não é a única medida planejada. A companhia pretende seguir com a venda de ativos, mas de forma mais estratégica, aproveitando momentos melhores do mercado.
“Agora nós temos fôlego, temos tempo, tranquilidade, junto com nossos sócios, para definir a estratégia de desinvestimento no tempo que será necessária para chegar no endividamento próximo ou zero, que é nosso objetivo final nos próximos anos”, afirmou Martins.
Governança reforçada e acordo com BTG Pactual
O acordo firmado com BTG Pactual e Perfin inclui a realização de duas ofertas públicas primárias de ações, podendo alcançar até R$ 10 bilhões.
A primeira prevê a emissão de 1,45 bilhão de ações ordinárias, com possibilidade de acréscimo de 25%. O preço definido foi de R$ 5 por ação, garantindo um montante mínimo de R$ 7,25 bilhões.
Já a segunda oferta poderá somar até 550 milhões de ações, sem período de bloqueio para revenda. O limite total será de 2 bilhões de novas ações.
Além do reforço financeiro, a operação amplia a governança corporativa da Cosan. A Aguassanta, veículo do controlador Rubens Ometto, continuará com 50,01% das ações vinculadas ao acordo, que terá validade de 20 anos. Ometto ou um indicado seguirá na presidência do conselho por três mandatos.
Raízen e demais ativos seguem no radar
Embora a Raízen não seja beneficiada diretamente pela capitalização, a empresa segue em busca de novos sócios para reduzir sua dívida, que atingiu R$ 49,2 bilhões no fim do segundo trimestre.
O portfólio da Cosan ainda inclui companhias estratégicas como a Rumo (logística ferroviária), Compass (gás natural), Moove (lubrificantes) e Radar (gestão de propriedades agrícolas).
A expectativa é que, com mais fôlego financeiro, a holding consiga conduzir desinvestimentos de maneira planejada, evitando pressões imediatas do mercado.
Capitalização bilionária traz riscos e oportunidades
O movimento da Cosan mostra os desafios enfrentados por grandes conglomerados em períodos de alta dos juros e endividamento elevado.
Por um lado, a forte queda no mercado de ações expõe o receio dos investidores com a diluição acionária. Por outro, a entrada de parceiros estratégicos como o BTG Pactual abre espaço para reestruturação da companhia e fortalecimento da governança.
Nos próximos meses, o desempenho das ações e a condução da estratégia de desinvestimentos serão determinantes para recuperar a confiança do mercado.