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‘Aço verde barato’ financiado por Bill Gates pode decretar o fim do carvão nas siderúrgicas — e já deu certo nos testes!

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 24/07/2025 às 06:22
'Aço verde barato' financiado por Bill Gates pode decretar o fim do carvão nas siderúrgicas — e já deu certo nos testes!
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Startup financiada por Bill Gates desenvolve aço verde barato que pode aposentar o carvão nas siderúrgicas. Tecnologia inédita promete custo menor e 50% menos emissões.

O aço verde — há muito apontado como solução vital para descarbonizar uma das indústrias mais poluentes do mundo — pode ter encontrado seu divisor de águas. A startup Hertha Metals, financiada por Bill Gates e outros investidores de peso do setor tecnológico, afirma ter produzido com sucesso aço verde barato em escala piloto nos arredores de Houston, no Texas. Trata-se de um avanço que, se confirmado em escala industrial, pode decretar o fim do uso do carvão nas siderúrgicas e mudar a lógica econômica da produção global de aço.

A inovação da Hertha não apenas reduziu as emissões em mais de 50% durante os testes, como manteve os custos competitivos em relação ao aço tradicional. Isso é crucial, pois o alto custo sempre foi o maior obstáculo à adoção em massa do aço verde — mesmo diante da pressão global para reduzir as emissões de carbono. Com uma tecnologia que simplifica todo o processo em uma única etapa e promete lucro já nos primeiros anos, a Hertha oferece à siderurgia mundial um novo caminho rumo à sustentabilidade.

Hertha Metals inaugura nova era na siderurgia com aço verde barato

A proposta da Hertha é ousada: revolucionar a fabricação de aço com uma abordagem inédita, mais limpa e economicamente viável. A startup desenvolveu uma tecnologia patenteada que permite converter minério de ferro diretamente em aço, pulando etapas tradicionais e dispensando o uso de carvão.

Esse processo ocorre em um forno elétrico a cerca de 1.600°C, no qual o gás natural é introduzido e quebrado em carbono e hidrogênio.

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Essa reação controlada, segundo a empresa, é capaz de influenciar as interações químicas dentro do forno, algo que até hoje representa um dos maiores desafios da metalurgia.

As usinas convencionais frequentemente se referem a seus altos-fornos como “caixas pretas” devido à complexidade das reações que ocorrem lá dentro. Ao dominar esse processo em uma única etapa, a Hertha acredita ter superado uma das barreiras históricas da indústria.

Financiamento de Bill Gates impulsiona solução climática com foco em escala

O apoio de nomes como Bill Gates e Vinod Khosla à Hertha Metals reforça a confiança do setor tecnológico em soluções climáticas escaláveis.

A startup já arrecadou mais de US$ 17 milhões e pretende lançar uma rodada de financiamento Série A ainda este ano para construir uma planta de demonstração com capacidade de 9 mil toneladas anuais.

Embora o volume atual de produção ainda seja simbólico — apenas uma tonelada por dia —, trata-se de um marco importante na jornada para uma produção siderúrgica mais limpa.

O plano da Hertha é ambicioso: chegar à produção comercial até 2031 e tornar o aço verde mais barato que o aço convencional, algo nunca antes alcançado com credibilidade no setor.

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Aço verde financiado por Bill Gates pode eliminar o uso do carvão nas usinas

O uso do carvão mineral é hoje a espinha dorsal da indústria siderúrgica global — e também sua maior fonte de emissões. A produção de aço convencional libera mais CO₂ do que o transporte marítimo e aéreo somados, segundo dados da BloombergNEF.

Isso torna a descarbonização da siderurgia uma prioridade urgente para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

A Hertha propõe uma alternativa ao uso do carvão e, ao contrário de outras startups que dependem exclusivamente do hidrogênio verde (caro e escasso), ela aposta em um processo híbrido que pode utilizar gás natural ou energia elétrica renovável. Quando alimentado por fontes limpas, esse processo é capaz de reduzir quase totalmente as emissões. Mesmo com gás natural, a redução chega a 50%, o que já representaria uma revolução.

Soluções existentes para o aço verde enfrentam entraves de custo e escala

Até agora, empresas como a sueca H2 Green Steel e a americana Electra investem em rotas alternativas, como o uso direto de hidrogênio verde ou eletricidade para produzir ferro verde em múltiplas etapas. No entanto, esses processos ainda são caros e difíceis de escalar. Um exemplo emblemático é a Thyssenkrupp, que recentemente alertou para o risco de inviabilidade econômica de sua siderúrgica movida a hidrogênio.

Outro caso é o da Cleveland-Cliffs, que cancelou um projeto de US$ 500 milhões nos EUA por conta dos custos elevados.

Segundo o RMI e a BloombergNEF, métodos que eliminam o carbono na produção de aço devem continuar mais caros que o processo tradicional mesmo até 2050 — a menos que surjam inovações disruptivas. É aí que entra a proposta da Hertha: romper esse paradigma com uma solução limpa, eficiente e financeiramente viável.

Apostando na tecno-economia: o segredo está no custo e na simplicidade

A CEO da Hertha Metals, Laureen Meroueh, é direta: “Criar algo baseado apenas no fato de ser benéfico para o clima não é suficiente nestas indústrias de commodities”. Para transformar o setor, é preciso entregar performance, escala e preço competitivo.

Essa visão é compartilhada por Rajesh Swaminathan, sócio da Khosla Ventures, que reforça: “A tecno-economia é o aspecto mais crítico”.

A planta de demonstração da Hertha será construída no Texas e usará 30% de sua capacidade para produzir aço verde. Os 70% restantes serão dedicados ao fornecimento de ferro de alta pureza — essencial para a produção de ímãs de terras raras usados em eletrônicos, carros elétricos e equipamentos médicos. Isso oferece à empresa uma diversificação estratégica que pode acelerar sua sustentabilidade financeira.

O desafio da escalabilidade e a promessa de impacto global

Como toda tecnologia emergente, a inovação da Hertha ainda precisa vencer a prova de escala. Allen Tom Abraham, especialista em materiais sustentáveis da BloombergNEF, alerta que o sucesso em planta piloto não garante viabilidade em larga escala. Contudo, ele reconhece a proposta da Hertha como uma das mais promissoras já vistas no setor.

Se a startup conseguir atingir produção em massa mantendo sua proposta de preço e eficiência, poderá redefinir a matriz energética da siderurgia global. Em um cenário onde o investimento em aço verde caiu mais da metade em 2024 — chegando a US$ 17 bilhões —, a aposta em soluções como a da Hertha ganha ainda mais importância.

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José Hosanes Ferreira Costa Filho
José Hosanes Ferreira Costa Filho
25/07/2025 13:42

Parece muito Boa Notícia para Economia e
para a Ecologia .

Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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