Após investigar acidente em produtora de etanol, a ANP divulgou relatório técnico com causas, falhas de segurança e medidas preventivas para aprimorar a gestão operacional em usinas brasileiras
O acidente em produtora de etanol ocorrido em 4 de outubro de 2020, em Lins (SP), levou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a publicar um relatório detalhado de investigação, segundo uma matéria publicada.
O caso aconteceu nas instalações da Lins Agroindustrial S/A, onde uma explosão durante serviço de soldagem resultou na morte de um trabalhador e em ferimentos leves em outro.
A empresa comunicou o incidente à ANP no dia seguinte, 5 de outubro, cumprindo o prazo regulamentar.
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A Comissão de Investigação da ANP foi designada imediatamente para apurar o ocorrido e propor medidas de segurança industrial que evitem novos acidentes no setor de biocombustíveis.
O relatório foi aprovado pela Diretoria da ANP no último dia 3 de outubro de 2025, e marca uma ação importante de transparência institucional.
O documento detalha as causas do acidente, as falhas identificadas e as recomendações técnicas para fortalecer a gestão de risco em usinas de etanol no país.
Gestão de risco em usinas de etanol: falhas técnicas e operacionais reveladas pela ANP
A investigação conduzida pela ANP concluiu que a explosão ocorreu durante a tentativa de soldagem de uma tubulação de água sobre o equipamento conhecido como dorna volante 1, utilizado para armazenar o produto após a fermentação.
Durante a execução do segundo passe de solda, houve uma explosão interna que causou o colapso estrutural da dorna e a morte do funcionário que realizava o reparo.
Apesar da gravidade do evento, a ANP confirmou que não houve vazamento de substâncias nem impactos ambientais.
A produção ficou paralisada por dois dias, tempo necessário para a perícia técnica levantar os dados do local. As operações foram retomadas de forma gradual, sem afetar o abastecimento de etanol no mercado.
O relatório identificou quatro fatores causais principais: a dorna estava eletricamente carregada; o serviço foi executado em área não classificada como de risco; o documento de liberação de trabalho não apresentava orientações claras sobre aterramento; e o projeto do equipamento não evitava a geração de eletricidade estática.
Segurança operacional na indústria de biocombustíveis: causas raiz e lições do relatório da ANP
Segundo a ANP, as causas raiz do acidente estão ligadas a falhas estruturais de gestão.
O relatório aponta quatro pontos críticos: documentação de projeto insuficiente, falha na análise de risco do processo, ausência de classificação de área e problemas no controle de liberação de trabalho.
Esses fatores demonstram a necessidade de uma segurança operacional mais robusta nas usinas brasileiras.
O relatório também evidencia a importância de processos preventivos e de manutenção com controle técnico rigoroso.
A indústria de biocombustíveis, em crescimento constante, precisa adotar padrões de gestão integrada de segurança industrial, garantindo que trabalhadores, equipamentos e instalações estejam protegidos contra riscos elétricos e mecânicos.
Prevenção de acidentes em plantas industriais: recomendações e próximos passos da ANP
A ANP elaborou onze recomendações gerais para o setor de etanol e duas específicas para a Lins Agroindustrial S/A, com foco em prevenir incidentes semelhantes em outras plantas de produção.
Essas medidas são de implementação obrigatória, conforme determina a Lei nº 9.847, de 26 de outubro de 1999, que regula as sanções aplicáveis a empresas do setor energético.
Com a aprovação do relatório, inicia-se o processo administrativo que definirá as sanções cabíveis à empresa.
Mais do que uma punição, o relatório serve como alerta para toda a cadeia produtiva: falhas de análise de risco, documentação técnica e liberação de trabalho podem resultar em perdas humanas e econômicas significativas.
Ao tornar público o relatório, a ANP reforça o compromisso com a transparência, a fiscalização técnica e a construção de uma cultura de segurança sólida no setor de biocombustíveis.
O objetivo é evitar que tragédias semelhantes ocorram novamente e assegurar que o crescimento da produção de etanol no Brasil seja acompanhado de responsabilidade e rigor técnico.