1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Achado raro de 180 mi de anos mostra “dragão do mar” gigante com nadadeira furtiva e cartilagem única que abafava o som na água
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Achado raro de 180 mi de anos mostra “dragão do mar” gigante com nadadeira furtiva e cartilagem única que abafava o som na água

Publicado em 18/07/2025 às 09:15
Réptil, Fóssil, Dragão marinho
(Ilustração:Joschua Knüppe/Drs. Lomax, Lindgren, Sven Sachs/Universidade de Lund, Suécia/ Katrin Sachs/Universidade de Manchester/Reprodução)
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Fóssil raro de ictiossauro achado na Alemanha revela nadadeira com cartilagens únicas que abafavam o som da natação

Um fóssil raro encontrado por acaso no sul da Alemanha está mudando a forma como paleontólogos enxergam os antigos répteis marinhos. A peça, parte da nadadeira de um ictiossauro gigante, mostrou uma estrutura corporal nunca antes vista: cartilagens adaptadas para reduzir o som do movimento na água. A descoberta foi publicada nesta terça-feira (16) na revista Nature.

Nadadeira única com tecidos moles preservados

O fóssil pertence a um Temnodontosaurus, réptil que viveu entre 183 e 181 milhões de anos atrás. Tinha mais de 10 metros de comprimento e olhos do tamanho de bolas de futebol.

A peça analisada é uma nadadeira dianteira com cerca de um metro de comprimento. Foi achada durante uma obra rodoviária na cidade de Dotternhausen.

O colecionador Georg Göltz encontrou a peça e levou o material ao paleontólogo Sven Sachs, do Museu de História Natural de Bielefeld.

A surpresa veio logo na análise inicial: além dos ossos, a nadadeira preservava tecidos moles fossilizados, algo extremamente raro, especialmente em animais grandes como esse.

Forma aerodinâmica e estrutura diferente

A equipe liderada por Johan Lindgren, da Universidade de Lund (Suécia), identificou um padrão anatômico inédito.

A nadadeira tinha bordas serrilhadas e terminava sem ossos, como uma asa. A estrutura lembra penas de corujas, conhecidas por permitir voos silenciosos.

Essa semelhança levou os cientistas a proporem uma função semelhante: reduzir o som durante a movimentação.

O tecido analisado apresentou ondulações formadas por cartilagens finas e alongadas. Essas estruturas, chamadas de “condrodermos”, nunca haviam sido documentadas em nenhum outro animal.

São parecidas com os osteodermos, que são depósitos ósseos em répteis e anfíbios, mas feitas de cartilagem mineralizada.

Nadadeira impressionante: movimento silencioso na água

Para entender a função dessas estruturas, os cientistas criaram simulações com base na anatomia da nadadeira e em velocidades típicas de nado desses animais.

Como o fóssil estava achatado, os pesquisadores usaram como referência a nadadeira de uma baleia-anã, que também apresenta formato alongado.

Os testes mostraram que as ondulações ajudavam a modificar o fluxo da água e abafavam o som dos movimentos.

A conclusão foi que o ictiossauro podia nadar em silêncio para se aproximar de suas presas sem ser notado.

O método lembra a forma como tubarões modernos caçam, se movendo lentamente até o ataque.

Equipe internacional destaca o impacto

O paleontólogo Dean Lomax, da Universidade de Manchester, está envolvido com o fóssil há seis anos. Para ele, a peça representa um marco nos estudos sobre répteis marinhos.

Nunca vi nada parecido. Essa descoberta pode mudar a forma como interpretamos fósseis semelhantes”, afirmou.

A paleontóloga Lene Liebe Delsett, do Centro Norueguês de Paleontologia, também comentou a descoberta.

Embora não tenha participado do estudo, ela reforçou a importância do achado. “Mostra como tecidos moles preservados podem ampliar nosso entendimento sobre adaptações sensoriais em animais extintos”, disse ao Science News.

Relevância prática no presente

Os cientistas acreditam que a descoberta não ajuda apenas a compreender o passado. Pode também inspirar soluções para o presente.

O ruído causado por atividades humanas no oceano – como transporte marítimo, sonares militares e parques eólicos offshore – tem impacto negativo sobre animais marinhos.

A estrutura da nadadeira do ictiossauro pode servir como base para desenvolver tecnologias que reduzam esse tipo de poluição sonora.

Ligação com a história da paleontologia

Curiosamente, o fóssil encontrado na Alemanha pertence ao mesmo tipo de ictiossauro descrito há mais de dois séculos pela paleontóloga britânica Mary Anning.

Ela foi a primeira a encontrar fósseis de Temnodontosaurus. Para Dean Lomax, o novo achado fecha um ciclo iniciado por Anning.

Ainda estamos encontrando fósseis que se conectam ao trabalho dela. Essa pode ser uma das maiores descobertas fósseis já feitas”, disse.

Mesmo após milhões de anos enterrado, um fóssil quase perdido revela detalhes incríveis sobre a vida nos mares antigos — e talvez, também, ajude a proteger os oceanos de hoje.

Com informações de Super Interessante.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Romário Pereira de Carvalho

Já publiquei milhares de matérias em portais reconhecidos, sempre com foco em conteúdo informativo, direto e com valor para o leitor. Fique à vontade para enviar sugestões ou perguntas

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x