Nos primeiros 60 segundos após ligar o carro, o motor está mais vulnerável. Entenda por que acelerar ou sair rápido demais pode causar desgaste interno e reduzir sua vida útil em até 40%.
Poucos motoristas sabem, mas o primeiro minuto após ligar o carro é o momento mais crítico para o motor. É nesse curto intervalo que a maioria dos danos silenciosos ocorre, comprometendo a durabilidade de peças essenciais como pistões, anéis, bronzinas e válvulas.
Segundo engenheiros automotivos e manuais de montadoras como Toyota, Honda e Volkswagen, acelerar demais ou sair rápido logo após a partida é um dos erros mais comuns e caros cometidos por motoristas, capaz de reduzir significativamente a vida útil do motor a médio e longo prazo.
A razão é simples: quando o carro está frio, o óleo ainda não circulou completamente pelo sistema. E enquanto essa lubrificação não atinge todas as partes internas, cada segundo de rotação alta significa atrito, desgaste e microdanos acumulativos.
Por que o primeiro minuto é tão importante
Após a ignição, o motor depende de uma fina camada de óleo para reduzir o atrito entre as peças metálicas que se movem em alta velocidade. No entanto, nos primeiros 5 a 30 segundos, o óleo ainda está frio e espesso, levando tempo para alcançar o cabeçote, os cilindros e o comando de válvulas.
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Enquanto isso, pistões e anéis se movem a milhares de rotações por minuto praticamente a seco. É nesse breve período que ocorre a maior parte do desgaste interno de um motor ao longo de sua vida útil — algo entre 60% e 80% segundo estudos da SAE (Society of Automotive Engineers).
Se o motorista acelera ou sai rapidamente nesse momento, o atrito entre as peças aumenta de forma exponencial, comprometendo a integridade do conjunto mecânico e, com o tempo, provocando perda de compressão, aumento do consumo de óleo e ruídos metálicos.
O que acontece dentro do motor nesse período
Nos primeiros segundos de funcionamento, o óleo precisa ser bombeado do cárter até as partes superiores do motor. Em motores modernos com sistemas de lubrificação otimizados, isso leva apenas alguns instantes — mas ainda é tempo suficiente para causar danos se o condutor acelerar forte ou exigir desempenho imediato.
Enquanto o óleo não atinge a temperatura ideal (entre 90 e 100 °C), ele não tem fluidez suficiente para circular corretamente. Assim, forçar o motor frio aumenta o desgaste nas paredes dos cilindros, nos mancais e no comando de válvulas.
Além disso, o combustível injetado durante a partida a frio tende a lavar o filme protetor de óleo, reduzindo ainda mais a proteção contra atrito. Por isso, motores que operam frequentemente em trajetos curtos — como o uso urbano diário — sofrem desgaste acelerado.
Acelerar o motor frio: um erro mais grave do que parece
Muitos motoristas acreditam que acelerar o carro nos primeiros segundos “ajuda o motor a esquentar mais rápido”. Mas o efeito é o oposto: o aumento de rotação gera calor pontual em regiões mal lubrificadas, favorecendo microtrincas, dilatações desiguais e falhas prematuras em retentores e juntas.
Com o tempo, isso resulta em sintomas como consumo de óleo elevado, perda de potência, falhas na marcha lenta e ruídos metálicos — sinais típicos de desgaste precoce.
Além disso, o motor frio injeta mais combustível para compensar a temperatura baixa, e as acelerações intensas apenas aumentam o consumo e a emissão de poluentes, sem qualquer ganho real de desempenho.
O que os fabricantes recomendam
As montadoras são categóricas: não é necessário aquecer o carro parado, mas também não se deve sair acelerando imediatamente. O ideal é encontrar o equilíbrio.
Segundo o manual técnico da Toyota, o motorista deve:
- Ligar o carro e aguardar entre 10 e 20 segundos para que o óleo comece a circular;
- Iniciar a condução de forma suave e progressiva, evitando giros acima de 2.500 rpm até que o motor atinja a temperatura de operação;
- Evitar trajetos curtos repetitivos, pois eles não permitem que o óleo e o catalisador cheguem à temperatura ideal.
A Honda reforça que o melhor aquecimento é dirigir suavemente. O movimento do veículo aquece o óleo, o líquido de arrefecimento e o sistema de escape de forma equilibrada — algo que o carro parado em marcha lenta não faz.
O que realmente destrói o motor nos primeiros segundos
De acordo com especialistas em manutenção automotiva, os erros mais prejudiciais cometidos pelos motoristas nos primeiros 60 segundos incluem:
- Acelerar logo após dar partida, antes do óleo atingir pressão ideal;
- Sair rapidamente em subidas ou alta rotação com o motor frio;
- Deixar o carro longos minutos em marcha lenta, achando que isso o aquece de forma segura;
- Usar óleo fora da especificação recomendada, o que atrasa a lubrificação nas partidas a frio;
- Ignorar o tempo de troca de óleo, que reduz a viscosidade e compromete o filme protetor.
Esses hábitos, repetidos diariamente, podem reduzir a vida útil do motor em até 40%, segundo dados da SAE e de estudos realizados pela Lubrizol Corporation, uma das maiores fabricantes de aditivos automotivos do mundo.
O primeiro minuto após dar partida no carro é um dos momentos mais delicados da mecânica automotiva moderna. A tentação de “acelerar para aquecer” ou “sair logo” pode parecer inofensiva, mas a longo prazo causa prejuízos caros e silenciosos.
Em vez disso, o segredo está na paciência: ligar o motor, esperar alguns segundos, e dirigir suavemente até que o sistema alcance a temperatura ideal. É um gesto simples, mas que pode significar anos de vida útil a mais para o seu motor — e milhares de reais economizados em reparos.


Ótimo conteúdo.