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Aberturas de gás e refino demandam mudanças regulatórias e ambiente competitivo

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 03/12/2020 às 20:06
Onshore Petrobras Petróleo gás

No dowstream, reforma tributária e segurança jurídica são essenciais, segundo debatedores do segundo dia da Rio Oil & Gas; integração de gás e eletricidade passa por térmicas flexíveis. 

Rio de Janeiro, 03 de dezembro – O Brasil vive um momento de abertura nos segmentos downstream e gás natural e vê o renascimento das atividades de exploração e produção onshore. Em todos os casos, esses movimentos têm como um importante lastro a venda de ativos da Petrobras e demandam ajustes regulatórios e segurança jurídica para avançarem. Estas conclusões foram extraídas dos debates desta quarta-feira (2) durante a Rio Oil & Gas.

No refino, os desinvestimentos da Petrobras são uma mudança transformacional no downstream brasileiro, alinhada com a transição energética para uma economia de baixo carbono e a adoção de novas tecnologias. Para a criação de um ambiente mais competitivo, porém, é necessário superar desafios regulatórios, tributários e logísticos, além dos impactos da pandemia da Covid-19. 

Marcelo Araújo, CEO da Ipiranga, disse que “o desinvestimento e outros movimentos vão mudar profundamente o cenário e o mercado de downstream”, o que demanda um marco regulatório que traga segurança jurídica e a simplificação tributária.

Anelise Lara, diretora-executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, destacou que, em dois anos, a empresa passará de 98% do controle do refino para cerca de 50%. Mas a Petrobras, disse, se manterá relevante: “Nossa estratégia é reduzir custos, aumentar a eficiência energética, avançar na descarbonização, compliance, governança e capacitar nosso time interno para a abertura. Seremos competidores fortes e ágeis nesse novo cenário.” 

“O timing dos desinvestimentos da Petrobras é excelente. O Brasil precisa se plugar com o que acontece no refino mundial e remover as barreiras para evoluir”, disse José de Sá, Senior Partner da Bain&Company, no painel “O novo mercado de downstream”. 

Para Rafael Grisolia, CEO da BR Distribuidora, “a pandemia trouxe mudanças na mobilidade urbana, nos hábitos de transporte, no turismo, na aviação, mas aprendemos bastante na crise. A transição energética também influencia mais as decisões dos clientes”. Ele participou do CEO Talks.

Biocombustíveis

Valeria Amoroso Lima, Diretora Executiva de Downstream do IBP, afirmou que a transição energética tem sido desafiadora em diversos setores, e que os biocombustíveis são uma das principais alternativas para a descarbonização do setor. “Hoje o Brasil é o segundo maior produtor de etanol e de biodiesel, indústrias maduras e robustas.  Isso não garante o sucesso  futuro. Temos de avançar na adoção de políticas públicas que permitam uma sinergia cada vez maior entre os biocombustíveis e os outros mercados”.  

Para Claudio Rogerio Linassi Mastella, Gerente Executivo de Comercialização da Petrobras, é preciso apostar nas novas tecnologias dos biocombustíveis avançados. 

Ricardo Mussa, CEO da Raízen, ressalta a importância dos biocombustíveis, mas alerta para a necessidade de regulação governamental. “Não há dúvidas de que o Renovabio vai induzir a participação de biocombustíveis na matriz energética nacional dos próximos 10 anos. Os pontos que demandam atenção dizem respeito à reforma tributária e à segurança jurídica – norte para atrair infraestrutura para produção, transporte e distribuição dos combustíveis e garantir isonomia concorrencial”, disse no painel Biocombustíveis: o caminho para o livre mercado.

Integração entre gás e eletricidade

Na sessão “Integração gás-eletricidade”, o enfoque foi discutir como harmonizar demandas dos dois setores. Com as energias renováveis cada vez mais competitivas, a geração térmica, segundo os debatedores, foi apontada com uma demanda importante, com atributos como segurança energética, segurança elétrica, geração de ponta e redução de perdas em transmissão. 

Para Edson Silva, membro do Comitê Executivo da ENGIE, a geração térmica tem de ser competitiva. “Para colocar mais megawatts para gerar, tem que haver mais demanda para consumir.” 

Luiz Carlos Ciocchi, Diretor Presidente da ONS ressaltou a importância da flexibilidade. “Na medida que em determinada região requer uma flexibilidade ou potência, preciso de energia em determinado horário ou de contingência. Esse serviço com sinalização econômica bem determinado pode atrair o investidor a colocar seu capital naquele serviço. Atualmente, o que ocorre é buscar essa flexibilidade em serviços que não são remunerados pelo consumidor.”

Renascimento do onshore

A definição de políticas claras, alinhadas com um arcabouço estável, é fundamental para que o onshore nacional conquiste maior atratividade e competitividade. Em paralelo, será necessário que o potencial para produção de petróleo e gás em campos maduros possa avançar diante de contínuo investimento em pesquisas e regras bem definidas para o licenciamento ambiental aos novos operadores. 

“Existe um programa de desinvestimento da Petrobras em andamento e estamos vivenciando a passagem dos campos para produtores independentes. Em paralelo, temos metas ambiciosas para a próxima década: aumentar o fator de recuperação, avançar em novas fronteiras e ampliar a declaração de comercialidade”, ressaltou Carlos Agenor, diretor do Departamento de Política de Exploração e Produção de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, na sessão “O renascimento do onshore brasileiro”.

Transição energética e disciplina financeira, por sua vez, estão no alvo das majors para um crescimento em convergência com demandas sociais por energia limpa e acessível, além de gestão eficaz de custos diante de uma crise da Covid-19. No painel “Desafios e perspectivas da indústria de O&G no Brasil”, a presidente da ExxonMobil Brasil, Carla Lacerda, definiu que o país precisa priorizar seu capital intelectual, sua robusta cadeia de bens e serviços e valorizar seus recursos do pré-sal.

A pandemia e a crise trouxeram novos temas para o setor de O&G, que estão integrados com a demanda da sociedade global, de acordo com André Araújo, presidente da Shell Brasil. 

A Rio Oil & Gas 2020 é patrocinada pela Petrobras, Equinor, Shell, BR Distribuidora, Ipiranga, bp, Chevron, ExxonMobil, Raízen, Total, Petrogal, Repsol Sinopec Brasil, Siemens Energy, Braskem, Enauta, PetroRio, Salesforce, Dow, Oracle, Solvay, TBG, Techint, United Airlines, Vallourec e Wintershall DEA. 

Fonte: IBP

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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