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A virada do etanol: milho ganha espaço, toma 20% do mercado e chama atenção da Petrobras 

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 16/09/2025 às 12:47
Etanol; Milho; Petrobras; Cana.
Fonte: IA
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O Brasil é conhecido como o país da cana desde o século 16, mas uma virada silenciosa vem acontecendo: o etanol de milho já responde o mercado nacional e cresce em ritmo impressionante 

Enquanto a produção de etanol de cana permanece praticamente no mesmo patamar há uma década, o milho avança em uma taxa média de 33% ao ano desde 2020. E a Petrobras está de olho nesse movimento. 

A empresa que mais produz etanol no Brasil usa qual matéria-prima? A resposta correta não é a cana-de-açúcar, mas sim o milho. Em 2024, a Inpasa produziu 3,7 bilhões de litros de etanol, superando a Raízen, que ficou em 3,1 bilhões. 

A Inpasa começou sua trajetória no Paraguai, em 2007, mas inaugurou sua primeira usina brasileira em 2019, em Sinop (MT). O resultado financeiro acompanha o avanço: em 2024, registrou receita líquida de R$ 13,6 bilhões, crescimento de 23% em relação ao ano anterior. Segundo a Moody’s, sua margem líquida gira em torno de 18%, o que sugere um lucro de R$ 2,4 bilhões. 

Além disso, o dono, José Odvar Lopes, o “Seu Zé”, diversifica: adquiriu participação de 3% na Vibra, dona dos postos BR, investimento avaliado em R$ 800 milhões. 

A empresa que começou no Paraguai hoje lidera a produção de etanol no Brasil. 

FS: a força que disputa espaço com a cana 

A primeira companhia 100% dedicada ao etanol de milho no Brasil foi a FS, criada em 2017 e controlada pela americana Summit. A empresa começou com uma usina em Lucas do Rio Verde (MT), produzindo 280 milhões de litros. Em 2020, já havia ultrapassado 1 bilhão, chegando a 2,4 bilhões em 2024. 

No mesmo ano, o faturamento da FS saltou 32%, alcançando R$ 10,7 bilhões, com lucro líquido de R$ 937 milhões. Hoje, ela é a terceira maior produtora de etanol do país, atrás apenas da Inpasa e da Raízen. 

Inpasa e FS concentram juntas 80% do etanol de milho no Brasil, dominando um mercado que não para de crescer. 

Petrobras: de saída a possível volta 

A Petrobras deixou o setor de etanol em 2018, mas agora pretende voltar. A presidente Magda Chambriard declarou que não faz sentido deixar de lado um combustível que concorre com a gasolina. 

A estatal busca parcerias minoritárias, como joint ventures, e segundo a Bloomberg, negocia com Inpasa e FS. 

 O milho, que até pouco tempo parecia secundário, pode ser a chave para o retorno estratégico da Petrobras ao setor. 

Por que o milho atrai? 

O etanol de milho é até 40% mais barato de produzir que o de cana. Em 2024/2025, o custo médio foi de R$ 1,88 por litro, contra R$ 2,36 da cana. 

Isso acontece porque a área plantada de milho cresceu 15% desde o fim da década passada, e a produção subiu 25%. Além disso, os preços internacionais caíram 35% nos últimos três anos. 

Outro diferencial está nos subprodutos. O processo gera DDG, grãos secos ricos em proteína usados na alimentação animal, e óleo de milho, destinado ao biodiesel. 

A simbiose com a soja e o milho-safrinha 

O avanço do etanol de milho se conecta à soja. No Centro-Oeste, após a colheita da soja no verão, entra o milho-safrinha no outono. Esse ciclo garante aproveitamento de terras e abastecimento constante às usinas. 

Hoje, já existem 24 usinas dedicadas ao milho, consumindo 15% da produção nacional. Um terço volta ao setor alimentício, em forma de DDG. 

Cana segue relevante, mas perde espaço no crescimento 

Mesmo com o avanço do milho, o etanol de cana continua vital. Em 2023, o governo elevou a mistura obrigatória na gasolina de 27% para 30%, com possibilidade de chegar a 35%. E 80% da produção de etanol ainda vem da cana. 

Porém, a concorrência com o açúcar tem limitado a expansão do etanol canavieiro. Entre 2011 e 2019, a proporção nas usinas era de 44,4% açúcar e 55,6% etanol. Já entre 2020 e 2025, passou para 48,8% e 51,2%. 

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Roberta Souza

Autora no portal Click Petróleo e Gás desde 2019, responsável pela publicação de mais de 8.000 matérias que somam milhões de acessos, unindo técnica, clareza e engajamento para informar e conectar leitores. Engenheira de Petróleo e pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, também trago experiência prática e vivência no setor do agronegócio, o que amplia minha visão e versatilidade na produção de conteúdo especializado. Desenvolvo pautas, divulgo oportunidades de emprego e crio materiais publicitários direcionados para o público do setor. Para sugestões de pauta, divulgação de vagas ou propostas de publicidade, entre em contato pelo e-mail: santizatagpc@gmail.com. Não recebemos currículos

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