A ideia de que os VIPs de Round 6 foram inspirados em uma história real é um mito; a verdadeira origem, segundo o criador da série, é uma poderosa alegoria sobre o capitalismo e a desigualdade.
Os VIPs, os magnatas mascarados que assistem aos jogos mortais de Round 6 por diversão, se tornaram alguns dos vilões mais icônicos da cultura pop. A imagem de uma elite que aposta na vida e na morte de pessoas endividadas é tão chocante que muitos fãs acreditam que ela foi inspirada em uma história real.
No entanto, de acordo com entrevistas do próprio criador da série, Hwang Dong-hyuk, para publicações como a revista Variety, a inspiração não veio de um caso específico, mas de uma profunda e ácida crítica à sociedade capitalista moderna. Os VIPs de Round 6 são um símbolo, não o retrato de um clube secreto real.
O mito da “história real” que viralizou
A teoria de que os VIPs de Round 6 foram baseados em um grupo real que promovia jogos mortais para a elite se espalhou rapidamente na internet. Matérias em portais como o “Aventuras na História” exploraram essa tese, alimentando a imaginação do público.
-
Usuários do Google Maps ficam perplexos após avistarem um rosto misterioso no topo de uma montanha – a ciência explica
-
Milagre da engenharia: cidade flutuante com edifícios sobre estacas de madeira, 150 canais e 400 pontes parece coisa de filme, mas existe
-
O segredo das ‘estradas submersas’ do Ceará não é a maré
-
Lucro de 17.000.000%: investidores que seguraram bitcoins desde 2011 realizam maior ganho da história
Contudo, essa interpretação, embora atraente, é sensacionalista. Uma análise das declarações do criador da série mostra que a origem da ideia é muito mais simbólica e pessoal.
A verdadeira origem: o que o criador de Round 6 realmente disse
Hwang Dong-hyuk começou a escrever o roteiro de Round 6 em 2008, um período em que ele e sua família enfrentavam dificuldades financeiras. A série, segundo ele, nasceu de suas próprias reflexões sobre o endividamento e a competição extrema na sociedade moderna.
Ele descreve a obra como uma fábula sobre o capitalismo. Os jogos infantis, transformados em uma arena mortal, são uma metáfora para a luta brutal por emprego e sobrevivência, onde a derrota pode significar a ruína completa.
Os VIPs como um símbolo da elite global desumanizada
Dentro dessa grande alegoria, os VIPs representam o ápice do poder e da indiferença. Hwang os descreveu como figuras que se assemelham a “deuses” que manipulam e se divertem com o sofrimento dos mais fracos, tratando a vida humana como um esporte, como se os participantes fossem cavalos em uma corrida.
O uso de máscaras de animais douradas simboliza a perda da identidade e da humanidade em troca de status e poder. O fato de eles falarem majoritariamente em inglês os posiciona como uma elite globalizada, reforçando a crítica a um sistema capitalista internacional.
O contexto sul-coreano: dívidas, crises e os “Chaebols”
A crítica de Round 6 ressoa de forma tão forte porque ela está enraizada na realidade social da Coreia do Sul. O país, embora seja uma potência econômica, viveu o trauma de graves crises financeiras, como a de 1997 e a de 2008, que aprofundaram a desigualdade e o endividamento das famílias.
Além disso, a sociedade sul-coreana é marcada pela forte influência dos “chaebols”, grandes conglomerados industriais familiares como a Samsung e a Hyundai. O imenso poder desses grupos é frequentemente associado a escândalos, alimentando a percepção de uma elite que opera acima da lei, um sentimento que é perfeitamente capturado pelos VIPs da série.
O veredito: uma poderosa crítica social, não um fato literal
A análise dos fatos e das declarações do criador de Round 6 deixa claro: os VIPs não são baseados em uma história real. Eles são uma criação simbólica, uma ferramenta narrativa para criticar a desumanização, o voyeurismo e a indiferença de uma elite global que, desconectada da realidade, observa de camarote a luta pela sobrevivência dos menos afortunados.