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A verdade ‘nua e crua’ sobre o Plano Safra anunciado pelo governo! O que está atrás do ‘recorde anunciado’

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 04/07/2025 às 17:19
Plano Safra 2025/2026 promete crédito recorde, mas juros altos e execução limitada levantam dúvidas sobre impactos reais no agronegócio.
Plano Safra 2025/2026 promete crédito recorde, mas juros altos e execução limitada levantam dúvidas sobre impactos reais no agronegócio.
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O Plano Safra 2025/2026 promete o maior crédito da história ao agro, mas embates sobre juros, execução orçamentária e transparência levantam dúvidas sobre a real efetividade da iniciativa para produtores de todos os portes.

O governo federal divulgou o Plano Safra 2025/2026 prometendo o maior volume de crédito já ofertado ao agronegócio brasileiro: R$ 516,2 bilhões.

Esse anúncio, realizado no Palácio do Planalto, foi apresentado como um marco histórico para a agricultura nacional, especialmente em meio a um cenário de desafios econômicos e pressões inflacionárias.

No entanto, ao analisar os detalhes do plano, representantes do setor produtivo e especialistas contestam a real dimensão do suposto recorde, levantando dúvidas sobre o alcance e a efetividade das medidas.

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Juros elevados e recursos limitados

Conforme reportagem do portal Compre Rural, o principal controvérsia relacionada ao Plano Safra 2025/2026 está nos juros elevados, na execução orçamentária inferior à esperada e em críticas à transparência dos números apresentados.

De acordo com a senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o percentual de recursos efetivamente novos representa apenas 1,5% do total anunciado.

Ela destacou publicamente, nas redes sociais, que os juros para o crédito rural empresarial chegam a 14% ao ano, comprometendo a capacidade de investimento e renovação tecnológica no campo.

Outro ponto de destaque é a baixa execução dos recursos prometidos no ciclo anterior.

Dados oficiais indicam que, até maio de 2025, aproximadamente 30% dos valores previstos para o Plano Safra 2024/2025 não foram liberados para os produtores.

Lula em discurso de lançamento do Plano Safra 2025/26. (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Lula em discurso de lançamento do Plano Safra 2025/26. (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A senadora Tereza Cristina afirma que o governo utiliza o Plano Safra como instrumento de divulgação positiva, sem assegurar a entrega dos valores anunciados.

Segundo ela, “os juros do Plano Safra bateram lá em cima” e a execução orçamentária revela um quadro distante do que se vê nos anúncios oficiais.

O discurso do governo e o crédito rural

O governo, por sua vez, sustenta que o Plano Safra 2025/2026 é o maior já lançado, com incremento significativo de recursos para a agricultura familiar.

O Ministério da Agricultura e Pecuária informa que R$ 89,2 bilhões estão destinados a pequenas propriedades, com taxas de juros variando entre 0,5% e 3% ao ano.

O Ministério também ressalta que parte das linhas de crédito apresenta condições inferiores ao mercado, mesmo com a Selic fixada em 15% ao ano pelo Banco Central, em razão do combate à inflação no país.

Inflação e impacto real do Plano Safra

No entanto, a análise dos números ajustados pela inflação mostra um cenário diferente.

O crescimento nominal do volume de crédito ofertado, de 1,5% em relação ao ciclo anterior, fica abaixo da inflação oficial acumulada de 4,8% nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em termos reais, isso significa que houve retração no montante disponível, prejudicando a capacidade de investimento e modernização dos produtores rurais.

Outro aspecto que vem sendo alvo de questionamentos é o ritmo de liberação dos recursos.

Historicamente, uma parcela significativa dos valores anunciados no Plano Safra só é efetivamente desembolsada muitos meses após o início do ciclo agrícola.

Essa lentidão acaba prejudicando, principalmente, pequenos e médios produtores, que dependem do crédito rural para custeio da produção, aquisição de insumos e investimentos em infraestrutura.

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Custo do crédito rural e entraves para pequenos produtores

O custo do crédito rural permanece elevado, apesar dos subsídios pontuais oferecidos em algumas linhas do Plano Safra.

As taxas médias para o agronegócio empresarial variam de 10% a 14% ao ano, o que afasta parte dos produtores das linhas de investimento, especialmente em um contexto de margens pressionadas e aumento do custo dos insumos.

A política monetária adotada pelo Banco Central, ao manter a taxa Selic em patamar alto para conter a inflação, reflete diretamente no encarecimento do financiamento agrícola.

A destinação de recursos para a agricultura familiar foi ampliada, mas produtores e entidades representativas afirmam que o acesso ao crédito segue restrito por conta da burocracia e das exigências de garantias.

Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), parte dos agricultores familiares ainda enfrenta dificuldades para acessar linhas de financiamento com juros menores, o que limita a efetividade das ações voltadas para esse segmento.

Execução orçamentária e monitoramento dos recursos

Além disso, especialistas em economia agrícola alertam para a necessidade de acompanhar a execução dos recursos anunciados ao longo do ciclo.

O histórico dos últimos anos indica que, apesar de anúncios bilionários, o desembolso real costuma ficar aquém do previsto, afetando o planejamento de safras e o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário.

O governo federal enfatiza a importância do Plano Safra 2025/2026 para garantir a produção de alimentos e fomentar a geração de emprego e renda no campo.

A estratégia apresentada também inclui incentivos à sustentabilidade, como o apoio a práticas agroecológicas e a ampliação do crédito para projetos de inovação e tecnologia verde.

Contudo, entidades do setor ressaltam que, sem liberação ágil dos recursos e com juros elevados, parte desses objetivos pode não ser atingida.

O desafio do acesso ao crédito rural e a busca por transparência

A disparidade entre os valores anunciados e os resultados percebidos no campo permanece como um dos principais desafios para o sucesso do Plano Safra.

Representantes do agronegócio, consultores financeiros e economistas reforçam a necessidade de maior transparência nos critérios de liberação e acompanhamento dos recursos, bem como de medidas para reduzir o custo efetivo do crédito rural.

Diante desse cenário, produtores rurais seguem atentos à evolução da execução orçamentária e ao comportamento das taxas de juros, fatores determinantes para o sucesso das próximas safras.

Afinal, o acesso ao crédito em condições adequadas é fundamental para a continuidade do crescimento do agronegócio brasileiro.

Como garantir que o Plano Safra 2025/2026 realmente atenda às necessidades do campo, superando as barreiras do crédito caro e da baixa execução?

A resposta pode estar na transparência e no acompanhamento próximo dos resultados.

E para você, qual seria a principal prioridade para transformar o Plano Safra em uma política pública realmente efetiva?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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