Usina nuclear abandonada nos EUA se transforma em laboratório de som ultrassilencioso. Estrutura é usada para pesquisas acústicas de altíssima precisão
No coração do estado de Washington, duas torres de resfriamento com quase 500 pés (aprox. 152 m) de altura chamam atenção no horizonte. Elas pertenciam à antiga usina nuclear de Satsop, um projeto grandioso que nunca foi concluído. Hoje, o que seria um símbolo do passado virou algo inesperado: um laboratório acústico de referência mundial.
Usina nuclear virou centro de testes sonoros
A construção da usina nuclear começou em 1957. O objetivo era fornecer energia para atender à crescente demanda do estado. No entanto, o projeto foi cancelado em 1982 devido aos custos financeiros altos.
O local, que era parte do maior plano de construção de usinas nucleares dos Estados Unidos, foi abandonado antes mesmo de funcionar.
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Apesar da paralisação, o espaço não ficou completamente inutilizado. Ele foi convertido em um parque empresarial. Mas os prédios do reator e da turbina seguiram sem uso até 2010. Foi então que surgiu o NWAA Labs, um laboratório independente criado para realizar testes acústicos avançados.
Estrutura única atrai especialistas e criadores
O NWAA Labs foi fundado por Ron Sauro, um ex-cientista da NASA com formação em engenharia elétrica e mecânica pela Universidade de Stanford. Ele transformou os espaços reforçados da antiga usina em um ambiente de testes sonoros de altíssima precisão.
Segundo Sauro, o local é ideal para medir ruídos em materiais de construção, equipamentos domésticos e até estruturas de aviões. Entre os exemplos citados estão cabines de tripulação e máquinas de lavar barulhentas.
A estrutura do prédio também impressiona: foi construída para resistir a uma explosão nuclear de 10 megatons e a terremotos de magnitude 10.
Maior câmara de reverberação do mundo
Um dos destaques do laboratório são suas câmaras de reverberação, consideradas as maiores do mundo. Elas são ambientes onde o som pode ser analisado em condições específicas, com mínimo ruído externo. O prédio da Usina nuclear possui uma sala flutuante dentro de outra sala flutuante, separadas do mundo exterior por 7,5 metros de concreto.
“Em frequências muito baixas, o NWAA Labs consegue medir com precisão até 25 Hz porque está localizado em uma sala flutuante dentro de uma sala flutuante, separada do mundo exterior por cerca de 7,5 metros de concreto”, explicou Sauro. Ele afirma que, na frequência de 1000 Hz, o ruído de fundo chega a -43 dB, o que é extremamente silencioso.
Além disso, o NWAA Labs possui câmaras anecóicas — salas que simulam um ambiente sem eco, muito usadas para testar alto-falantes e outros dispositivos de áudio. A antiga sala de turbinas também foi reaproveitada para testes de campo livre.
Música, jogos e cinema se interessam pelo espaço
O laboratório é hoje alugado por hora. Entre os clientes estão músicos, designers de som para videogames e até cineastas. O visual apocalíptico e as características acústicas raras chamam a atenção de profissionais criativos.
A usina nuclear, livre de radiação por nunca ter sido ativado, já apareceu em filmes da franquia Transformers. E segue funcionando como centro de testes, oferecendo até 160 dB de variação entre salas para medições detalhadas. Um pedaço do passado nuclear dos EUA agora ajuda a moldar o futuro do som.
Com informações de Interesting Engineering.