Soluções de IA aplicadas à agricultura de precisão já permitem prever chuvas, otimizar o uso de defensivos e elevar a produção em até 20%, mesmo em propriedades familiares com baixo investimento em tecnologia
No Brasil, uma revolução silenciosa está em curso nas lavouras de soja, onde a inteligência artificial (IA) tem sido cada vez mais adotada por pequenos produtores para aumentar a produtividade, reduzir custos e melhorar a gestão de recursos.
Em pleno 2025, tecnologias antes restritas a grandes fazendas agora estão impulsionando lucros em pequenas propriedades rurais por meio de sistemas inteligentes que analisam dados climáticos, de solo e mercado.
A revolução digital no campo brasileiro
O uso da IA na agricultura brasileira tem crescido de forma acelerada, especialmente em culturas como a soja, responsável por cerca de 40% das exportações do agronegócio. Com algoritmos capazes de prever o clima, identificar pragas e orientar o uso eficiente de insumos agrícolas, produtores têm observado ganhos de produtividade superiores a 15%, segundo dados da Embrapa.
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Essa transformação digital ocorre não apenas nas grandes plantações do Centro-Oeste, mas também em áreas menores do Sul e Sudeste. Fazendas familiares em estados como Goiás, Paraná e Mato Grosso estão utilizando plataformas de IA simplificadas, muitas vezes integradas a drones, sensores e softwares de análise visual, que monitoram em tempo real o estado das plantações.
A democratização do acesso à tecnologia tem sido impulsionada por startups brasileiras como a Aegro, Solinftec e Strider, que oferecem soluções adaptadas à realidade de produtores com infraestrutura limitada. Essas plataformas permitem, por exemplo, mapear a produtividade por hectare, aplicar insumos em taxa variável e prever a janela ideal de colheita, resultando em maior eficiência e menores perdas.
Inteligência artificial preditiva melhora decisões e reduz riscos
Uma das maiores apostas do setor é a IA preditiva, que processa dados históricos e em tempo real para antecipar eventos climáticos extremos, como secas ou chuvas fora de época, e orientar o planejamento das safras. Isso é essencial em um cenário marcado por mudanças climáticas e crescente volatilidade do mercado agrícola.
Um exemplo prático vem da Fazenda Santa Brígida, em Goiás, que implementou um sistema baseado em IA para otimizar o plantio de soja. Com análises combinando clima, solo e histórico produtivo, a fazenda registrou 15% de aumento na produtividade e 20% de redução no uso de defensivos na safra 2023/2024, segundo a TOTVS.
A conectividade rural, no entanto, ainda é um desafio. Apenas 43,8% dos imóveis rurais têm acesso à internet móvel de qualidade, conforme o Indicador de Conectividade Rural. Iniciativas como a expansão do 5G e soluções via satélite, como a Starlink, buscam superar essa limitação, viabilizando a expansão da agricultura digital no interior do país.
IA acessível promove inclusão e gera impacto econômico
Para além das grandes operações, a agricultura familiar brasileira tem sido beneficiada por versões simplificadas das soluções de IA, com interfaces intuitivas e preços escalonados. Plataformas como Aegro disponibilizam pacotes de monitoramento remoto por satélite, orientações de manejo e previsão climática por menos de R$ 100 mensais, tornando o uso da IA viável até para propriedades com menos de 10 hectares.
As cooperativas agrícolas também desempenham papel fundamental. Organizações como Cooxupé e Cocamar oferecem centros tecnológicos compartilhados, onde os pequenos produtores acessam ferramentas digitais, recebem treinamentos e acompanham a performance de suas lavouras com apoio técnico especializado.
Segundo a consultoria 360 Research & Reports, o mercado global de agricultura digital deve crescer 183% até 2026, e o Brasil se destaca por adaptar essas tecnologias a diferentes realidades produtivas. Enquanto outros países focam na agricultura intensiva, o Brasil aposta em soluções híbridas, promovendo inclusão digital no campo.
Tecnologia e sustentabilidade como vantagem competitiva
Outro ponto forte da inteligência artificial no agronegócio brasileiro é a sua contribuição para práticas sustentáveis. Com sensores e algoritmos, é possível otimizar o uso da água, reduzir emissões de carbono e limitar o uso de agroquímicos, atendendo à crescente demanda internacional por alimentos de baixo impacto ambiental.
A integração entre IA e agricultura de baixo carbono permite que produtores adotem sistemas como plantio direto, rotação de culturas e monitoramento de sequestro de carbono no solo, práticas que podem ser certificadas por blockchain para gerar créditos de carbono e abrir portas para novos mercados.
A informação foi divulgada por Agrológica, com base em levantamentos da TOTVS, Embrapa, relatórios da Sebrae e dados da Ministério da Agricultura, que reforçam o papel da inteligência artificial como motor da transformação rural brasileira.
Que maravilha! Nem vai precisar mais do Plano Safra de quase R$ 500 bilhões do governo federal. Esses recursos agora poderão ir para a agricultura familiar e produção de alimentos para garantir a segurança alimentar dos brasileiros.