A sobrevivência da sua empresa no Simples pode depender de uma escolha estratégica que deverá ser feita a cada semestre e que afetará diretamente seus preços e a relação com seus compradores.
Com a reforma tributária, uma decisão errada pode colocar sua empresa em desvantagem competitiva e até mesmo afastar clientes. A pergunta não é se o Simples Nacional vai acabar, mas como sua empresa irá se posicionar diante de uma escolha crucial: gerar mais crédito para seus clientes ou manter um preço final mais baixo? Entenda o dilema que todo empresário do Simples terá que enfrentar.
O Simples Nacional vai acabar? A resposta é não, mas ele vai mudar
Pode respirar aliviado: o Simples Nacional vai continuar existindo. A reforma atual foca nos impostos sobre o consumo (PIS, COFINS, ICMS e ISS), que serão unificados no IBS e na CBS. O regime do Simples, que também abrange outros tributos como IRPJ e CSLL, será mantido. A mudança não está na sua existência, mas na forma como ele vai interagir com o novo sistema tributário.
A grande decisão: continuar puro ou se tornar híbrido?
A principal e mais impactante mudança é que as empresas do Simples terão que fazer uma escolha estratégica, que poderá ser revista a cada semestre. As duas opções na mesa são:
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Simples Nacional puro: Neste modelo, a empresa continua apurando todos os tributos na guia única tradicional (PGDAS-D). O problema? A parcela referente ao IBS e CBS dentro dessa guia será mínima, gerando um crédito fiscal quase insignificante para o comprador.
Regime híbrido: Aqui, a empresa permanece no Simples para a maioria dos impostos, mas passa a apurar o IBS e a CBS por fora, no mesmo sistema de débitos e créditos das outras empresas.
O impacto no seu negócio: gerar crédito ou ter um preço final menor
A escolha entre os dois modelos afeta diretamente sua competitividade. Segundo o contador Caio Melo, no modelo puro, o crédito de IBS/CBS gerado será “uma merreca”. Isso significa que, na prática, seu cliente não terá um valor relevante para abater de seus próprios impostos.
Já no regime híbrido, sua empresa passará a conceder um crédito cheio ao comprador. Se a alíquota for de 28%, por exemplo, seu cliente empresarial poderá usar esse percentual como crédito. Isso torna sua empresa muito mais atrativa para outros negócios.
Análise estratégica: para quem sua empresa vende?
A decisão correta depende diretamente do seu perfil de cliente. É aqui que a análise estratégica se torna vital:
- Seus clientes são majoritariamente pessoas físicas? Para o consumidor final, que não aproveita créditos, o Simples puro pode ser mais vantajoso, pois permite um preço final potencialmente menor e mais competitivo.
- Seus clientes são outras empresas (B2B)? Se você vende para empresas do Lucro Real, Presumido ou mesmo do Simples híbrido, não oferecer o crédito cheio pode ser um tiro no pé. Seu concorrente que optar pelo regime híbrido será o preferido, pois, na prática, o custo para o comprador será menor.
O papel do consultor para a sobrevivência do seu negócio
Essa não é uma decisão simples sobre impostos; é uma decisão sobre o futuro do seu negócio. Como destaca Caio Melo, o planejamento tributário agora envolve uma revisão completa da operação: preço, margem, fornecedores e, principalmente, clientes.
Nesse cenário complexo, o consultor tributário deixa de ser um mero apurador de guias e se torna um “braço direito do empresário”. É esse profissional que irá analisar os cenários, treinar as equipes de compras e vendas e fornecer os dados para que sua empresa não apenas sobreviva à reforma tributária, mas a utilize como uma alavanca para crescer.