Empresa que já dominou 70% do mercado agora enfrenta críticas, perda de relevância entre jovens e pressão por reinvenção
A queda silenciosa da Ambev não é sobre colapsos visíveis, e sim sobre uma perda gradual de protagonismo num mercado que mudou de código. A gigante criada da fusão entre Brahma e Antarctica já foi sinônimo de cerveja no Brasil, mas hoje enfrenta críticas ao seu modelo de gestão, concorrência acirrada e uma mudança radical no comportamento do consumidor.
Mesmo mantendo uma fatia expressiva do mercado e um portfólio que inclui marcas como Skol, Brahma, Antarctica, Budweiser, Stella Artois e Corona, a Ambev precisa mostrar que sabe fazer mais do que cortar custos e empilhar latinhas. O modelo agressivo de eficiência antes aplaudido passou a ser questionado. E quem se adaptou primeiro às novas exigências do público, como a Heineken e as artesanais, começou a avançar.
De fusão histórica à liderança global
A Ambev nasceu em 1999, resultado da fusão entre duas rivais centenárias: Brahma (1888) e Antarctica (1885). Em poucos anos, passou a dominar mais de 60% do mercado de cervejas no Brasil. Comandada por nomes como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, a empresa adotou uma gestão focada em meritocracia, corte de desperdício e metas agressivas a chamada filosofia 3G.
-
Como limpar o nome sujo no Nubank e aproveitar até 99% de desconto em agosto? Veja quem tem direito e as formas de pagamento disponíveis
-
EUA confirmam o início de tarifas adicionais de 25% à Índia e elevam tensão global: Nova Délhi promete reagir contra medida vinculada ao petróleo russo
-
Principal parceiro comercial, a China, admite comprar mais soja dos EUA e ameaça liderança brasileira no mercado em meio à chamada “guerra da soja”
-
O cemitério silencioso dos carros modernos no Brasil: elétricos de 2022 e 2023 com só 192 km de alcance, SUVs de 500 cv com freios Brembo e até R$ 100 mil de desconto seguem encalhados em 2025
Esse modelo impulsionou a expansão internacional. Em 2004, a Ambev se uniu à belga Interbrew e, em 2008, protagonizou uma das maiores aquisições do setor ao comprar a americana Anheuser-Busch por US$ 52 bilhões, formando a AB InBev, maior grupo cervejeiro do mundo.
Apesar da globalização, a Ambev seguiu com operação independente na América Latina, com domínio absoluto no Brasil. Mas a partir de meados da década de 2010, os sinais de desgaste começaram a aparecer.
Um império pressionado por todos os lados
O primeiro golpe veio com o crescimento da Heineken, que não só investiu pesado em marketing como também soube conquistar o público jovem com campanhas voltadas a propósito, autenticidade e estilo de vida. Além disso, o avanço das cervejarias artesanais criou um novo padrão de exigência: menos volume, mais qualidade e identidade local.
Enquanto isso, o consumidor mudou. Passou a exigir marcas sustentáveis, inclusivas e alinhadas a causas sociais. A Ambev reagiu: criou novos produtos (como kombuchas, drinks prontos, cervejas sem álcool), investiu em logística reversa, energias renováveis e reposicionou marcas com campanhas mais modernas.
No digital, apostou no Zé Delivery, que cresceu durante a pandemia, e no BEES, plataforma B2B para atender bares e mercados. Mas o desgaste da imagem corporativa segue como ponto crítico, com relatos de pressão interna, baixa inovação e perda de conexão com as novas gerações.
O modelo 3G está esgotado?
Por anos, o mercado reverenciou a cultura de eficiência da Ambev. Porém, hoje, a filosofia do “corte de custos a qualquer custo” virou alvo de questionamentos. A pressão constante por metas e a baixa tolerância a falhas seriam incompatíveis com um ambiente que exige criatividade, agilidade e empatia com o cliente final.
Além disso, a liderança da Ambev vem sendo lentamente corroída. Dados da Euromonitor mostram que a empresa já teve mais de 70% de participação em cervejas no Brasil, mas atualmente esse número está abaixo de 60%, enquanto a Heineken avança ano após ano.
O maior desafio não é financeiro: a empresa tem capital, infraestrutura e escala. O problema é cultural e estratégico: como manter a liderança sem perder relevância num mercado que exige autenticidade, propósito e inovação constante?
A queda é o fim ou um novo começo?
A Ambev ainda é uma potência no setor de bebidas, com marcas reconhecidas, ampla distribuição e presença em dezenas de países. Mas está diante de um momento-chave. Ou se reinventa de forma profunda, ou pode ser ultrapassada por empresas mais leves, conectadas e adaptáveis.
Você acha que o modelo da Ambev ainda tem espaço no mercado atual? A Heineken e as artesanais estão vencendo pela inovação ou pelo marketing? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem realmente acompanha esse jogo de perto.
O problema maior é setorial. Consumo se cerveja está caindo rapidamente o mundo todo. Heineken tbm sente.
A Ambev pra mim ainda é a melhor
Quem poderia salvar a Ambev, seria a Stella Artois, concorrente direto da Heineken , porém a cerveja que era Lager a mais de 700 anos teve sua fórmula alterada para puro malte. Aí foi ladeira abaixo.