Esqueça os bilionários da tecnologia. A pessoa mais rica da história, com fortuna ajustada, foi Mansa Musa, um imperador africano do século XIV cuja riqueza em ouro era tão vasta que é considerada incalculável.
Quando pensamos na pessoa mais rica da história, nomes como Elon Musk ou Bill Gates surgem imediatamente. No entanto, um imperador africano do século XIV, Mansa Musa I do Império do Mali, detém esse título para muitos historiadores, com uma fortuna em ouro tão colossal que desafia as métricas modernas e é frequentemente descrita como “incalculável”.
A crença comum aponta para os gigantes da tecnologia como os indivíduos mais ricos que já existiram. Contudo, Mansa Musa I, o nono imperador do Mali (reinado c. 1312-1337), é amplamente considerado a pessoa mais rica de todos os tempos. Sua riqueza, principalmente em ouro, era tão imensa que fontes contemporâneas e historiadores modernos a descrevem como “incalculável”, superando as fortunas dos bilionários atuais. Sua história oferece um contraponto poderoso às narrativas eurocêntricas da história econômica global, destacando a sofisticação dos impérios africanos medievais.
As vastas fontes da riqueza de Mansa Musa no Mali medieval
A fortuna de Mansa Musa originava-se do controle estratégico de vastos recursos naturais e rotas comerciais. O ouro era a principal fonte de riqueza, com o Império do Mali estimadamente responsável por quase metade do ouro disponível no Velho Mundo durante seu reinado. As ricas jazidas de Bambuk e Bure estavam sob seu domínio, e todas as pepitas de ouro pertenciam por direito ao Mansa.
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Paralelamente, o sal, o “ouro branco” do Saara, era outra fonte crucial de receita, com o Mali controlando as rotas de comércio das minas de Taghaza. O império também dominava as rotas comerciais transaarianas, com cidades como Timbuktu e Gao florescendo como entrepostos, e aumentava sua riqueza através da tributação desse comércio. Outros recursos incluíam marfim, cobre e a expansão territorial que trazia novos recursos. A riqueza do Mansa era intrinsecamente ligada à soberania e ao controle estatal sobre esses ativos.
O Hajj de Mansa Musa a Meca (1324-1325) e seu impacto global
A peregrinação (Hajj) de Mansa Musa a Meca entre 1324 e 1325 é um dos testemunhos mais vívidos de sua opulência. A caravana era colossal, composta por cerca de 60.000 homens, incluindo 12.000 escravos, cada um carregando barras de ouro. Centenas de camelos transportavam toneladas de pó de ouro. A passagem pelo Cairo foi marcante: Mansa Musa distribuiu tanto ouro que o valor do metal na cidade despencou, e a economia local levou cerca de 10 a 12 anos para se recuperar, um impacto estimado em $1,5 bilhão em valores atuais para o Médio Oriente.
Essa jornada não apenas demonstrou sua riqueza, mas também projetou o Império do Mali no cenário internacional. O Mali começou a figurar em mapas importantes, como o Atlas Catalão de 1375, onde Mansa Musa é retratado em um trono de ouro.
“Mais rico do que se pode descrever”: por que a fortuna de Mansa Musa é considerada incalculável?
Cronistas árabes da época, como Al-Umari, registraram o espanto causado pela prodigalidade de Mansa Musa. Estimativas modernas, como a cifra de $400 bilhões de dólares, são consideradas altamente especulativas por historiadores. A riqueza de Mansa Musa é tida como “incalculável” porque sua fortuna era baseada no controle soberano de recursos (ouro, terra, sal) e poder, não em ativos financeiros modernos.
Faltam registros financeiros precisos da época, e a distinção entre riqueza pessoal do imperador e os recursos do império era tênue. Além disso, converter o valor de bens e poder de comando do século XIV para unidades monetárias do século XXI é metodologicamente problemático.
O legado de Mansa Musa
O impacto de Mansa Musa transcendeu sua fortuna. Ele transformou cidades como Timbuktu e Gao em vibrantes centros de estudo islâmico, construindo mesquitas, como a famosa Djinguereber em Timbuktu, madrassas e bibliotecas. A Universidade de Sankore em Timbuktu tornou-se uma instituição de grande prestígio.
Como muçulmano devoto, Mansa Musa promoveu o Islã, e sua peregrinação estreitou laços com o mundo muçulmano. Seu reinado é considerado o auge do poder e da influência cultural do Mali, e sua história continua a desafiar narrativas históricas eurocêntricas, sublinhando a importância dos impérios africanos.
Conceito de “a pessoa mais rica da história” à luz do legado de Mansa Musa
Mansa Musa I do Mali comandou uma riqueza extraordinária, demonstrada por seu impacto econômico e pela projeção de seu império. Embora comparações monetárias diretas com bilionários modernos sejam falhas, a fortuna de Mansa Musa, em termos de controle de recursos e poder de comando em sua época, o coloca como um candidato fortíssimo, possivelmente incomparável, ao título de “pessoa mais rica da história”.
Sua história não é apenas sobre opulência, mas um testemunho da sofisticação econômica, poder político e vitalidade cultural dos impérios africanos medievais, essencial para uma compreensão equilibrada da história global.