Investimentos da China no país já ultrapassam US$ 28 bilhões e avançam sobre setores vitais como energia, logística e mineração, mesmo sem adesão formal ao projeto global
A Nova Rota da Seda está passando pelo Brasil, mesmo sem assinatura oficial. Empresas chinesas já operam linhas de transmissão de energia, portos, ferrovias e mineradoras. O movimento é silencioso, mas avança sobre áreas estratégicas da economia nacional, com bilhões de dólares em investimentos estruturantes.
O projeto global da China, conhecido como Belt and Road Initiative (BRI), mira a criação de uma rede de influência econômica por meio de infraestrutura, crédito e presença empresarial direta. No Brasil, os efeitos desse plano já são concretos — e profundos.
China opera infraestrutura no Brasil, mesmo sem adesão formal à Nova Rota da Seda
Embora o Brasil não tenha assinado oficialmente sua entrada na Nova Rota da Seda, a realidade no chão já mostra uma adesão prática. Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, entre 2005 e 2017, US$ 28,9 bilhões em financiamentos foram liberados por instituições como o Banco de Desenvolvimento da China e o Exim Bank para projetos em território brasileiro.
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Entre os principais alvos desses investimentos estão:
- Linhas de transmissão de energia operadas pela State Grid, que já atende mais de 22 milhões de brasileiros no Sudeste
- Ferrovias e corredores logísticos estratégicos para o escoamento do agronegócio
- Mineração e energia elétrica, com presença crescente em usinas e terminais de exportação
- Portos e terminais marítimos em regiões-chave como o Norte e o Nordeste
Esses investimentos não apenas impulsionam a infraestrutura, como também colocam ativos críticos sob controle de empresas estatais ou privadas chinesas, o que levanta questões sobre soberania e autonomia estratégica.
Nova Rota da Seda está passando pelo Brasil: presença econômica crescente e discreta
O avanço da Nova Rota da Seda no Brasil se dá por meio da aquisição de ativos e da entrada direta de empresas chinesas em setores de base da economia. Isso inclui:
- Compra de ações e controle acionário em empresas de energia e transporte
- Construção de infraestrutura financiada por bancos chineses, com contrapartidas em contratos de operação
- Parcerias com estados e municípios para operações locais de longo prazo
O embaixador chinês no Brasil já declarou que a adesão formal à BRI “traria mais empresas chinesas e fortaleceria ainda mais a parceria estratégica”. Em outras palavras, o que falta é apenas uma formalidade política — o movimento econômico já está em curso.