Reunião do Brics convocada por Lula prepara reação ao tarifaço de Trump com uso de moedas locais e plano para reduzir dependência do dólar
A nova reunião do Brics, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acontece em meio à escalada da guerra comercial imposta pelos Estados Unidos. O encontro virtual, marcado para a próxima semana, tem como foco oficial o fortalecimento do multilateralismo, mas carrega um objetivo estratégico: criar mecanismos de comércio em moedas locais para reduzir a influência do dólar.
Desde agosto, o governo de Donald Trump aplicou tarifas de até 50% sobre carnes, café, calçados, frutas e bens de capital brasileiros, ampliando a tensão entre Washington e Brasília. Para Lula, a resposta deve ser articulada dentro do bloco, ampliado em 2024 e que hoje reúne 11 países com peso crescente na economia mundial.
O tarifaço de Trump e a resposta brasileira
As tarifas impostas pelos EUA atingem setores estratégicos da economia brasileira e foram vistas pelo governo como retaliação política. Segundo a Folha PE, a Casa Branca relacionou a medida não apenas a disputas comerciais, mas também ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Em reação, o Brasil acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e estuda usar a Lei de Reciprocidade (2025), que autoriza medidas de retaliação contra países que dificultem as exportações brasileiras. Entre as possibilidades estão sobretaxas a produtos culturais, cassação de patentes e aumento de tarifas sobre importações estratégicas.
Comércio em moedas locais como arma geopolítica
O ponto central da nova reunião do Brics será a discussão sobre o uso de moedas nacionais nas trocas comerciais. A medida reduziria a dependência do dólar, dificultando que os EUA utilizem tarifas e sanções como instrumentos de pressão econômica.
A proposta, apoiada por China, Rússia e Índia, preocupa Trump, que já ameaçou impor novas barreiras a países que aderirem ao sistema. Para os membros do bloco, no entanto, a estratégia fortalece a integração econômica e amplia a autonomia em negociações internacionais.
Quem participa e o que está em jogo
Estão confirmados líderes de África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia. Além da pauta comercial, a reunião abordará a guerra na Ucrânia, a crise humanitária em Gaza e os preparativos para a COP30, que será realizada em Belém em novembro.
Segundo analistas, a movimentação mostra que o Brics busca se consolidar como alternativa ao sistema financeiro dominado pelos EUA, transformando tarifas e sanções em catalisadores para maior integração do bloco.
Um bloco em busca de autonomia global
Para Lula, a chance é de reforçar o protagonismo do Brasil no debate internacional. O país tenta equilibrar as relações com Washington enquanto aproxima-se de China e Rússia, ampliando a cooperação no comércio, energia e tecnologia.
O desafio será traduzir as decisões políticas em mecanismos práticos, como a criação de sistemas de compensação em moedas locais e linhas de crédito regionais. Caso avance, a medida pode inaugurar uma nova etapa na disputa econômica global, com impactos diretos sobre exportadores e importadores brasileiros.
Você acredita que o uso de moedas locais pode realmente reduzir a dependência do dólar ou o risco de novos tarifaços dos EUA ainda pesará mais? Deixe sua opinião nos comentários — sua visão é essencial nesse debate.