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A ‘Nova Grande Muralha’ da China avança sobre o Nepal: Nepaleses alertam sobre invasões que podem destruir suas terras e apagar seu modo de vida tradicional

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 17/10/2024 às 10:36
'Nova Grande Muralha' da China avança sobre o Nepal
Foto: DALL-E

Sob o comando de Xi Jinping, China intensifica suas ações na fronteira e constrói uma ‘Nova Grande Muralha’ , com moradores denunciando a tomada gradual de terras nepalesas na região do Tibete.

A China, sob o comando de Xi Jinping, tem intensificado suas ações na fronteira, levando a disputas territoriais e, em alguns casos, avançando sobre terras de países vizinhos. Um dos exemplos mais claros dessa movimentação é a construção de uma cerca imponente no Himalaia, dividindo o Tibete do Nepal, algo que muitos já estão chamando de a “Nova Grande Muralha da China”. Moradores que residem próximos a fronteira denunciam que a China está pegando terras do Nepal de forma lenta e discreta.

A Nova Grande Muralha e o avanço da China sobre o Nepal

Em uma das regiões mais remotas e isoladas do planeta, a fronteira entre a China e o Nepal tem se tornado palco de controvérsias. As fortificações chinesas, que incluem arame farpado, torres de vigilância e câmeras de segurança, avançam sobre o território nepalês. Enquanto isso, moradores da região de Humla, denunciam que a China está pegando terras do Nepal de forma lenta e discreta.

A cerca que corta o distrito de Humla é apenas parte de uma rede muito maior, uma estratégia do governo chinês para reforçar áreas remotas e, segundo críticos, expandir suas fronteiras para além dos limites acordados. Moradores locais afirmam que o avanço da China em suas terras está dividindo comunidades e ameaçando os modos de vida tradicionais, como o pastoreio.

O Nepal entre a China e a Índia

O Nepal é um país pequeno, sem saída para o mar, que fica entre dois gigantes: China e Índia. E, apesar de seu tamanho, a posição geopolítica do Nepal o coloca em um lugar de destaque na região. No entanto, seu governo tem se mostrado relutante em confrontar diretamente a China sobre as disputas de fronteira.

Apesar das reclamações vindas de residentes locais, o governo nepalês, profundamente ligado à China tanto ideologicamente quanto economicamente, tem evitado reconhecer publicamente as ações do país vizinho. Em 2021, uma investigação detalhada realizada pelo governo do Nepal documentou diversas infrações da China na região de Humla. Porém, o relatório foi misteriosamente arquivado e nunca tornou-se público.

A “Nova Grande Muralha da China” e o controle de populações

A cerca chinesa e suas fortificações, que tem sido constantemente chamadas de “Nova Grande Muralha da China”, são mais do que uma simples barreira física; elas representam o esforço de Pequim para controlar populações e regiões consideradas problemáticas. O Tibete, por exemplo, tem uma longa história de resistência à ocupação chinesa, e muitos tibetanos étnicos fugiram para o Nepal nas últimas décadas em busca de refúgio.

Com a intensificação da vigilância e das barreiras físicas, essa rota de fuga praticamente desapareceu. Além disso, as forças chinesas têm pressionado os tibetanos que vivem no Nepal a não exibirem imagens do Dalai Lama, líder espiritual tibetano exilado. Para muitos, a China não está apenas pegando terras do Nepal, mas também tentando controlar e suprimir a cultura tibetana fora de suas próprias fronteiras.

As intenções geopolíticas da China

A expansão da China ao longo de suas fronteiras terrestres e marítimas tem sido um dos principais focos da política de Xi Jinping. De acordo com especialistas, como Brian Hart, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, a China tem redobrado seus esforços para afirmar suas reivindicações territoriais em áreas disputadas. E o caso do Nepal é apenas mais um exemplo desse padrão.

Essa Nova Grande Muralha da China não se limita às regiões montanhosas do Himalaia. A leste, no Mar da China Meridional, Pequim transformou recifes de coral em bases militares, provocando tensão com países como as Filipinas. A oeste, o Exército Popular de Libertação avançou em territórios disputados com a Índia, resultando em confrontos violentos entre soldados dos dois países.

Essas ações incrementais podem parecer isoladas, mas o impacto acumulado delas está mudando a geopolítica da região. Pequenos países, como o Nepal, ficam em uma posição vulnerável, tentando equilibrar sua relação com a China enquanto buscam não perder sua soberania territorial.

O silêncio do Nepal e a pressão da China

Para muitos analistas, o silêncio do governo nepalês sobre as infrações fronteiriças da China é um reflexo da dependência econômica do Nepal em relação ao seu poderoso vizinho. A ministra das Relações Exteriores do Nepal, Arzu Rana Deuba, em uma entrevista, afirmou que não recebeu queixas formais sobre problemas na fronteira com o Tibete. Seu foco, segundo ela, está mais voltado para a fronteira com a Índia, onde vive a maior parte da população nepalesa.

Essa declaração surpreendeu muitos, principalmente os moradores de Humla, que veem sua terra sendo ocupada. A recusa do governo em discutir abertamente o relatório de 2021, que detalha as infrações chinesas, levanta suspeitas sobre a capacidade do Nepal de se opor a Pequim. A pressão da China sobre seus vizinhos menores é evidente, e o Nepal parece não querer arriscar seu relacionamento econômico com o país.

A Nova Grande Muralha da China no Himalaia representa mais do que um avanço físico sobre as terras do Nepal. Ela simboliza a expansão de poder e influência da China sobre seus vizinhos mais fracos. Enquanto o Nepal tenta equilibrar suas relações com a China e a Índia, o medo de perder o apoio econômico de Pequim está impedindo o país de confrontar diretamente essas questões territoriais.

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Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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