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China constrói mega fonte de luz ultravioleta para fabricar seus próprios chips — e entra de vez na corrida global dos semicondutores avançados

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 23/05/2025 às 11:18
China constrói mega fonte de luz ultravioleta para fabricar seus próprios chips — e entra de vez na corrida global dos semicondutores avançados
Foto: IA + CANVA
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China utilizará acelerador de partículas para produzir mega fonte de luz ultravioleta. Entenda como essa estratégia pode mudar o setor global de semicondutores .

Há vários anos, a China está trabalhando em seu próprio projeto Manhattan. Diferente do plano executado pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, este projeto não está voltado à produção de armas nucleares, que a China já é dona desde meados de 1960. Trata-se da produção de um dispositivo que vem ganhando competitividade no mercado global de semicondutores. Neste artigo, vamos detalhar a corrida dos semicondutores e como a mega fonte de luz ultravioleta viabilizará a produção desses componentes.

Entenda o objetivo da China com o projeto para os semicondutores

O foco do país asiático é colocar nas mãos das empresas a capacidade de produzir circuitos integrados de ponta, comparáveis aos mais avançados produzidos atualmente em Taiwan, EUA, Japão e Coreia do Sul. As sanções impostas pelos governos dos EUA e dos Países Baixos estão impedindo que a ASML, da Holanda, entregue aos seus clientes chineses os seus equipamentos de fotolitografia mais avançados, como as máquinas de ultravioleta extremo (UVE).

Sem equipamentos, as empresas chinesas de semicondutores, como a Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), Hua Hong Semiconductor, China Resources Microelectronics e Guangzhou ZenSemi não conseguem fabricar circuitos integrados equivalentes aos já produzidos pela Intel, Samsung ou TSMC. Desta forma, o país asiático deve possuir sua própria mega fonte de luz ultravioleta quanto antes. Sua economia, e, principalmente, seu desenvolvimento técnico e científico estão em jogo.

Contudo, o problema é que criar uma máquina para produzir os componentes é muito complexo. De fato, a ASML levou mais de duas décadas para aperfeiçoá-la e ainda contou com o apoio econômico de seus clientes como a Intel, TSMC e Samsung, além da parceria entre várias empresas detentoras de tecnologias de ponta, como a alemã Zeiss, que produz os elementos ópticos das máquinas de litografia, e a empresa de origem americana, que fabrica a fonte de luz ultravioleta.

China está finalizando o projeto e pode passar a liderar o setor

Em meados de março, diversos portais de imprensa do país revelaram uma fotografia tirada do centro de pesquisa da Huawei em Dongguan, na província de Cantão, na qual aparecia um protótipo de uma máquina de litografia UVE desenvolvida e fabricada inteiramente na China.

Pode-se presumir que essa máquina é similar às fabricadas pela ASML, o que leva a prever que, durante o próximo ano, o país liderado por Xi Jinping terá capacidade para produzir, em grande escala, chips semicondutores avançados. Contudo, os planos da China não param por aí.

A Academia Chinesa de Ciências está finalizando, sem dúvida, o projeto mais ambicioso dentre todos os que a indústria de semicondutores está desenvolvendo. Segundo a especialista na fabricação de circuitos integrados que atuou na Samsung e que atualmente pesquisa para a TSMC nos EUA, doutora Kim, a China está prestes a atingir um momento DeepSeek no âmbito da indústria de circuitos integrados. Isso significa, basicamente, que o país está se preparando para uma disrupção que pode colocá-lo no mesmo nível dos EUA, Coreia do Sul e Taiwan.

Pesquisadores da China utilizarão um grande acelerador de partículas em seu projeto

Apesar de tudo, a estratégia asiática para produzir semicondutores é muito diferente da que seus rivais usaram até então. Como vimos, cada mega fonte de luz ultravioleta da ASML incorpora sua própria fonte de luz, contudo a academia busca gerar essa radiação tão importante para a produção de chips avançados utilizando um sincrotron, que nada mais é do que um acelerador de partículas circular usado para analisar, a nível atômico, as propriedades da matéria, como diversos tipos de materiais ou até mesmo proteínas. 

Esse síncrotron se chama High Energy Photon Source (HEPS), ou Fonte de Fótons de Alta Energia, estando localizado em Pequim.

A princípio, pode-se pensar que um acelerador de partículas não tem relação com a produção de circuitos integrados, mas vale mencionar que o sincrotron HEPS tem a capacidade de produzir luz UVE de alta potência. De fato, é uma fonte desenvolvida para gerar uma grande quantidade de radiação.

O plano do país é instalar, ao redor do acelerador de partículas, diversas fábricas de semicondutores às quais o sincrotron fornecerá a luz UVE da mesma forma que uma usina elétrica entrega energia aos seus clientes. Ainda não foi divulgada uma data em que a China planeja colocar em operação essa fábrica gigante de semicondutores de ponta, mas já está bastante avançada, então pode-se assumir que entrará em produção em breve.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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