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A nova ‘Arca de Noé’: missão global para salvar microrganismos vitais à saúde e ao equilíbrio do planeta

Publicado em 09/08/2025 às 11:11
microrganismos
Amostras microbianas coletadas são armazenadas temporariamente em condições criogênicas no Instituto de Microbiologia Médica da Universidade de Zurique Imagem: Iniciativa Microbiota Vault
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Iniciativa global Microbiota Vault reúne cientistas para coletar, armazenar e conservar microrganismos essenciais, protegendo biodiversidade microbiana e garantindo equilíbrio ambiental e humano

Pesquisadores de diferentes países estão trabalhando em um projeto inédito para preservar microrganismos essenciais à saúde humana e ao equilíbrio do planeta. Chamado Microbiota Vault, o objetivo é evitar que essas espécies desapareçam devido aos impactos das atividades humanas.

O conceito surgiu em 2018, inspirado no The Seed Vault, o Banco Global de Sementes localizado em Svalbard, na Noruega, que protege espécies vegetais ameaçadas.

No caso do Microbiota Vault, a proposta é armazenar microrganismos em locais frios, como Suíça ou Canadá, para garantir sua conservação por longo prazo.

Até agora, cientistas já coletaram mais de 2.000 amostras de fezes humanas e alimentos fermentados de diferentes países. Todas estão armazenadas em condições congeladas na Universidade de Zurique.

Segundo Maria Gloria Dominguez-Bello, presidente da iniciativa e professora da Rutgers University, trata-se de “um esforço proativo para proteger e preservar a vida microbiana essencial à saúde do nosso planeta e de seus habitantes”.

Princípios éticos

Além da pesquisa, a iniciativa estabeleceu regras claras para garantir governança ética e colaboração justa.

Um dos princípios é respeitar a soberania dos países que doam as amostras. Isso significa que o material continua pertencendo ao país de origem.

Também está previsto o compartilhamento justo dos benefícios e o reconhecimento dos saberes tradicionais e direitos de comunidades indígenas.

A Universidade Rutgers ressalta que “essas comunidades microbianas estão ameaçadas pelas atividades humanas”.

Em humanos, por exemplo, o uso excessivo de antibióticos, o aumento de cesarianas e a alimentação com fórmulas infantis podem reduzir a diversidade microbiana intestinal. Isso eleva riscos de alergias, doenças autoimunes e distúrbios metabólicos.

Ameaças e consequências

Nos alimentos, a adição exagerada de conservantes e aditivos prejudica microrganismos benéficos. O equilíbrio dos microbiomas — comunidades de micróbios que vivem no corpo humano, no solo, na água e nos alimentos — é essencial para prevenir doenças, garantir colheitas e até regular o clima.

Martin Blaser, diretor do Centro de Biotecnologia Avançada e Medicina da Rutgers, compara a situação à mudança climática. Para ele, “as atividades humanas estão esgotando nosso microbioma, e há muitas evidências disso”.

Na agricultura, o uso excessivo de pesticidas ameaça microbiomas do solo, prejudicando a saúde das plantações.

Já na natureza, poluição, mudanças climáticas e destruição de habitats eliminam microrganismos que ajudam a manter ecossistemas e a regular o clima.

O projeto busca identificar micróbios saudáveis, armazená-los e congelá-los antes que desapareçam. É uma iniciativa de longo prazo, que pode levar décadas para mostrar resultados. Blaser destaca que, talvez em 100 anos, preservar essas espécies possa evitar desastres de grande escala.

Próximos passos do projeto

A meta agora é ampliar a coleção para 10 mil amostras até 2029. Essa “Fase de Crescimento 1” prevê buscar financiamento governamental, além de apoio filantrópico e universitário.

Segundo Dominguez-Bello, “estamos totalmente comprometidos em desenvolver o Microbiota Vault de forma a maximizar a equidade em todo o mundo”.

O projeto ganhou destaque internacional com a publicação de um artigo na Nature Communications no dia 27 de junho, data que marca o Dia Mundial do Microbioma.

Com informações de Tilt.uol.

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Romário Pereira de Carvalho

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