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A mineração de turmalina no Afeganistão é uma história que poucos conhecem: essas preciosidades valem milhões, mas a jornada para extraí-las é árdua e perigosa

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 02/08/2024 às 16:01
A mineração de turmalina no Afeganistão é uma história que poucos conhecem: essas preciosidades valem milhões, mas a jornada para extraí-las é árdua e perigosa
Imagem: MJ/Divulgação

A história não contada: Mineração de turmalina no Afeganistão

A mineração de turmalina no Afeganistão é uma saga cheia de contrastes, onde a beleza das pedras preciosas encontra-se com a dura realidade de um país devastado por décadas de conflitos. Mas, o que realmente sabemos sobre esse processo? E como isso afeta a vida daqueles que se arriscam diariamente nas minas em busca dessas gemas valiosas?

Imagine túneis empoeirados, dinamitados por homens que herdaram explosivos das guerras passadas. Esses corredores subterrâneos, esculpidos ao longo dos anos, guardam segredos e riquezas inimagináveis. Habibah, um experiente minerador de 55 anos, conhece cada centímetro dessas montanhas traiçoeiras e é líder de um grupo que busca a cobiçada turmalina.

Afeganistão abriga cerca de 3 trilhões de dólares em minerais preciosos

As montanhas do Afeganistão abrigam cerca de 3 trilhões de dólares em minerais preciosos, sem regulamentação ou posse definida. Há décadas, insurgentes e o Talibã extraem e contrabandeiam essas pedras, usando os lucros para financiar conflitos. Esse ciclo vicioso mantém o país preso à pobreza, apesar de suas vastas riquezas naturais.

Habibah e seus primos, armados com décadas de experiência, enfrentam jornadas árduas para alcançar os locais de mineração, situados a mais de 3.000 metros acima do nível do mar. Utilizando burros para transportar equipamentos, eles vivem em condições extremas por meses a fio. A primeira vez que Habibah avistou uma turmalina nessas montanhas foi há 25 anos. Desde então, a paixão e a necessidade de sustento o mantêm firme nessa busca perigosa.

Mineração de turmalina não é apenas uma questão de perseverança e técnica

Dentro das minas, os desafios são inúmeros. A falta de oxigênio é combatida com tubos estreitos que bombeiam ar fresco de ventiladores na superfície. A inalação constante de poeira pode causar danos irreversíveis aos pulmões dos trabalhadores. Mas isso não os impede. Determinados, eles perfuram a rocha, inserem explosivos e torcem para que a dinamite revele as preciosas gemas.

Infelizmente, a mineração de turmalina não é apenas uma questão de perseverança e técnica. Em 2019, 30 mineradores foram soterrados vivos em uma mina de ouro em outra província, demonstrando os perigos constantes dessa atividade. E a ameaça do Talibã é uma presença constante. Recentemente, Habibah e sua equipe tiveram que abandonar a mina às pressas ao ouvirem rumores da aproximação do grupo insurgente.

Contrabando de pedras preciosas

Durante a guerra de 20 anos, o Talibã e outros grupos insurgentes controlaram a maioria das minas, lucrando até 20 milhões de dólares por ano com o contrabando de pedras preciosas. Com a retomada do controle do Afeganistão pelo Talibã, esses recursos continuam a financiar o regime, enquanto mineradores como Habibah lutam para encontrar compradores em um mercado internacional relutante em negociar com o país.

A mineração de turmalina no Afeganistão é um reflexo do paradoxo do país: uma terra rica em recursos, mas marcada pela pobreza e conflitos. Para Habibah e muitos outros, a esperança reside nas profundezas das montanhas, onde cada explosão de dinamite pode trazer não apenas gemas brilhantes, mas também uma centelha de mudança e oportunidade.

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Rafaela Fabris

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