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A mina que abriu um buraco de 1,2 km de largura e 525 metros de profundidade no meio da cidade e forçou a proibição de voos, sob risco de serem sugados pela turbulência criada pela cratera — o abismo de Mirny

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 03/07/2025 às 08:07
A mina de Mirny, na Sibéria, tem 1,2 km de largura e gerou vórtices tão intensos que voos foram proibidos. Hoje desativada, ainda intriga engenheiros e assusta pilotos.
Foto: A mina de Mirny, na Sibéria, tem 1,2 km de largura e gerou vórtices tão intensos que voos foram proibidos. Hoje desativada, ainda intriga engenheiros e assusta pilotos.
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A mina de Mirny, na Sibéria, tem 1,2 km de largura e gerou vórtices tão intensos que voos foram proibidos. Hoje desativada, ainda intriga engenheiros e assusta pilotos.

No extremo leste da Rússia, na vastidão gelada da Sibéria, existe um abismo que parece ter sido cavado por gigantes ou escavado para o próprio centro da Terra. À primeira vista, parece uma cratera de impacto de meteoro, mas trata-se de uma obra da ambição humana: a mina Mir, ou Mirny, como também é conhecida. Um buraco com 1.200 metros de diâmetro e mais de 500 metros de profundidade, tão profundo que chegou a gerar turbulências atmosféricas perigosas — ao ponto de voos serem proibidos na região por medo de serem sugados.

Esse colosso industrial, hoje desativado, continua assombrando engenheiros, pilotos e geólogos por seu tamanho brutal e pelas consequências inesperadas que causou à pequena cidade que cresceu ao seu redor.

A cidade construída ao redor do abismo

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Mirny, na República de Sakha (ou Yakútia), nasceu nos anos 1950 graças à corrida soviética por diamantes. Em plena Guerra Fria, a União Soviética buscava reduzir sua dependência de pedras preciosas importadas e acelerar seu domínio econômico.

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A descoberta de jazidas de diamante em território russo foi um marco — e o local escolhido para a exploração intensiva foi o remoto e inóspito leste siberiano, onde as temperaturas podem chegar a -60 °C.

Para viabilizar a exploração, os soviéticos fundaram uma cidade inteira: Mirny. O que começou como um pequeno assentamento técnico se transformou em uma cidade funcional com mais de 30 mil habitantes, erguida ao lado da gigantesca mina de extração a céu aberto.

Um dos maiores buracos escavados pelo homem

A mina Mir foi escavada entre 1957 e 2001, funcionando como uma das maiores minas de diamante do mundo em operação contínua. Os números impressionam:

  • 1.200 metros de diâmetro;
  • Mais de 525 metros de profundidade;
  • Produção de cerca de 10 milhões de quilates de diamantes por ano nos anos de pico;
  • Extração total estimada em mais de US$ 17 bilhões em diamantes.

A cratera era tão grande que os trabalhadores a apelidaram de “Boca do Diabo” — um poço gigantesco no meio da cidade que parecia engolir tudo à sua volta.

Quando o buraco afetou até o céu: turbulência mortal

Mas o que realmente tornou a mina Mir lendária — e perigosa — foi um fenômeno raríssimo e alarmante: as correntes de ar que se formavam sobre a cratera. Relatos oficiais e não oficiais indicam que a combinação de:

  • Colunas de ar aquecido vindas da base do poço;
  • Ventos cortantes da Sibéria;
  • E a ausência de obstáculos ao redor,

criavam fortes redemoinhos verticais e vórtices atmosféricos sobre a cratera, que afetavam aeronaves que sobrevoavam a área.

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A força da turbulência era tão inesperada que, segundo algumas fontes locais e relatos históricos, pelo menos dois helicópteros pequenos foram “sugados” para dentro da cratera entre os anos 1970 e 1980 — resultando em acidentes fatais.

Embora o número exato de incidentes seja incerto e envolto em sigilo soviético, a consequência foi real: voos foram oficialmente proibidos no raio da mina, incluindo helicópteros e aviões de pequeno porte. Até hoje, o espaço aéreo sobre a mina de Mirny é restrito, como precaução contra possíveis instabilidades do ar.

O fim da extração e a ameaça invisível

A extração a céu aberto cessou no início dos anos 2000, após a mina atingir profundidade máxima e os riscos geotécnicos aumentarem. A partir daí, a empresa estatal ALROSA iniciou a exploração subterrânea — até que, em 2017, um alagamento súbito causou a morte de oito trabalhadores, levando à suspensão definitiva da operação subterrânea.

Hoje, a cratera continua ali: aberta, profunda, inquietante, como um lembrete do custo da ambição mineral.

Especialistas divergem entre admirar a mina Mir como um feito da engenharia soviética ou classificá-la como um exemplo extremo de exploração sem limites.

Por um lado, a obra exigiu:

  • Escavação em clima ártico;
  • Transporte de toneladas de cascalho congelado por dia;
  • Estrutura logística para manter uma cidade funcionando em um dos ambientes mais hostis do planeta.

Por outro lado, o impacto ambiental e humano é inegável. A mina alterou completamente o ecossistema local, impôs risco constante à população de Mirny e deixou uma cicatriz permanente no solo siberiano.

Curiosamente, apesar de todos os riscos, a mina se tornou atração turística da Sibéria. Visitantes podem ver a cratera de mirantes, fazer passeios guiados e visitar o museu do diamante local. Do alto, o buraco parece algo alienígena: uma espiral colossal encravada no chão, visível até de satélites.

Mas o buraco de Mirny é mais do que uma curiosidade geográfica. Ele é um alerta brutal do que acontece quando a mineração ultrapassa todos os limites físicos, ambientais e humanos. E continua assombrando não só a cidade, mas também pilotos, engenheiros e ambientalistas até hoje.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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