Entenda como brasileiros estão usando estratégias de pontos de cartão de crédito e transferência para transformar gastos do dia a dia em experiências de luxo, superando o modelo passivo dos bancos.
A promessa de viajar de primeira classe e se hospedar em hotéis de luxo pagando quase nada parece um sonho distante, mas para um número crescente de brasileiros, essa é uma realidade construída com estratégia e conhecimento. O segredo está em decifrar o universo dos pontos de cartão de crédito e das milhas aéreas.
Contrário ao que muitos pensam, essa “mina de ouro” não é acessível apenas para quem gasta fortunas no cartão. O segredo não está no gasto, mas em uma mudança de mentalidade: parar de ser um acumulador passivo e se tornar um “fabricante” ativo de pontos, transformando o complexo sistema de fidelidade em uma ferramenta para realizar viagens extraordinárias.
O erro de 99% das pessoas: A diferença entre “juntar” e “fabricar” pontos
A frustração é um sentimento comum para quem começa no mundo das milhas. A pessoa concentra os gastos em um bom cartão, como o BRB DUX, que chega a dar 5 pontos por dólar, mas no fim do ano, o saldo é insuficiente para uma viagem significativa. Isso acontece porque a abordagem passiva, de apenas juntar os pontos dos gastos, é ineficaz.
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A verdadeira “mina de ouro” é acessada por quem entende que pontos de cartão de crédito não são um brinde, mas um ativo financeiro. O objetivo é “fabricar” esses pontos pelo menor custo possível, para depois trocá-los por produtos ou serviços de valor muito mais alto, como uma passagem de primeira classe.
Entendendo os programas de bancos, aéreos e de hotéis
O mercado brasileiro de fidelidade funciona com base em três pilares que conversam entre si.
Programas de bancos (Livelo e Esfera): são as grandes “fábricas” de pontos. Qualquer um pode se cadastrar gratuitamente e juntar pontos através de compras em lojas parceiras. A vantagem é a flexibilidade, pois esses pontos podem ser enviados para diversas companhias aéreas.
Programas de companhias aéreas (Smiles, LATAM Pass, Azul Fidelidade): são as “lojas” onde os pontos, após serem transferidos, viram milhas e são trocados por passagens aéreas. Cada programa tem suas próprias companhias parceiras e vantagens.
Programas de hotéis (Marriott, Hilton, Accor): são a peça final para a experiência de luxo completa, permitindo usar pontos para se hospedar em hotéis de alto padrão no mundo todo.
Como “fabricar” pontos de cartão de crédito: As 4 estratégias principais
Para gerar um grande volume de pontos a baixo custo, os especialistas combinam quatro estratégias principais.
O cartão de crédito certo: o melhor cartão não é o que mais pontua, mas o que oferece os melhores benefícios. O cartão Azul Itaú Visa Infinite, por exemplo, concede o “Companion Pass”, uma passagem cortesia para um acompanhante ao atingir metas, o que por si só pode valer mais que qualquer pontuação.
Compras bonificadas: essa é a forma mais poderosa de acumular. Em vez de comprar diretamente em um site, você acessa a loja através do portal do programa de fidelidade (Livelo, Smiles, etc.). Em promoções, é possível ganhar 10, 15 ou mais pontos por cada real gasto, gerando dezenas de milhares de pontos em uma única compra.
Clubes de assinatura: assinar os clubes dos programas (Clube Smiles, Clube Livelo, etc.) é uma forma de comprar milhas por um preço fixo e vantajoso, além de ter acesso a melhores promoções de transferência.
Transferências com bônus: este é o pulo do gato. A estratégia consiste em acumular pontos nos programas dos bancos e esperar uma promoção para transferi-los para os programas aéreos com bônus. Uma transferência com 100% de bônus dobra seus pontos, cortando pela metade o custo de geração do seu milheiro.
Transformando pontos em passagens de primeira classe
O auge da estratégia é usar os pontos “fabricados” para emitir passagens em cabines de luxo. O maior desafio é encontrar a disponibilidade de assentos award, que são os liberados para resgate com milhas.
Para isso, os especialistas usam ferramentas online e os sites de companhias parceiras para encontrar os voos. Com a estratégia certa, é possível, por exemplo, emitir uma passagem na primeira classe da Qatar Airways ou da Japan Airlines, experiências que custariam mais de R$ 26.000 ou R$ 60.000 em dinheiro, usando uma quantidade de milhas que, se “fabricada” corretamente, teve um custo muito baixo.
Os riscos de desvalorização e os custos escondidos
O mundo dos pontos de cartão de crédito não é livre de riscos. O principal deles é a desvalorização. As milhas não são dinheiro em uma conta poupança; as companhias podem mudar as regras e aumentar a quantidade de pontos necessários para um resgate a qualquer momento, diminuindo o valor do seu saldo.
Além disso, uma viagem com milhas nunca é 100% gratuita. As taxas de embarque e outros impostos são sempre pagos em dinheiro. Outro grande perigo é o mercado paralelo de venda de milhas. A prática é proibida pela maioria dos programas e pode levar ao cancelamento da sua conta e à perda de todos os seus pontos, como ficou claro no escândalo da 123 Milhas. A regra de ouro é: acumule com um objetivo e use seus pontos para viajar.