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A mega obra que pode salvar a Região Norte do Brasil dos gargalos com apagões já está 95% concluída; projeto de 1800 km atravessa selvas, corta rios e supera barreiras logísticas

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 15/06/2025 às 01:03
A mega obra que pode salvar a Região Norte do Brasil dos gargalos com apagões já está 95% concluída
Foto: Reprodução/URBANA
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Com 95% das obras concluídas, o Linhão de Tucuruí avança para integrar a Região Norte do Brasil ao sistema nacional de energia, enfrentando desafios extremos e prometendo o fim dos apagões com uma mega obra histórica de 1.800 km

Uma mega obra que pode transformar para sempre o setor energético da Região Norte do Brasil está prestes a se tornar realidade. Com 95% das obras concluídas, o Linhão de Tucuruí — uma linha de transmissão de 1.800 km — corta selvas, rios e desafios logísticos extremos para finalmente integrar os estados do Norte ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Quando finalizada, a estrutura eliminará apagões recorrentes, reduzirá custos com energia térmica e permitirá uma nova era de crescimento sustentável para a região.

A iniciativa é considerada a mais importante do setor elétrico na última década e tem sido acompanhada de perto pelo governo federal, especialistas em energia e comunidades locais. O projeto não apenas garante segurança energética, mas também simboliza a integração nacional em sua forma mais concreta: levando luz a quem, historicamente, foi deixado à margem do desenvolvimento.

Mega obra do Linhão de Tucuruí: o que é e por que é essencial

O Linhão de Tucuruí é uma linha de transmissão de energia elétrica que se estende por cerca de 1.800 km, conectando a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (PA) aos estados do Amapá, Amazonas, Roraima e Pará. O objetivo central é ligar esses estados ao SIN, garantindo fornecimento de energia mais estável, limpa e barata.

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Atualmente, estados como Roraima dependem quase exclusivamente de usinas termoelétricas abastecidas com óleo diesel — um modelo altamente poluente, ineficiente e sujeito a falhas.

Em 2019, por exemplo, Roraima enfrentou uma crise energética severa após a interrupção do fornecimento de energia pela Venezuela, agravando os problemas com apagões. Com o linhão, espera-se eliminar de vez esse tipo de vulnerabilidade e garantir mais autonomia energética.

Região Norte do Brasil: isolamento energético e apagões recorrentes

Historicamente, a Região Norte do Brasil foi excluída do sistema energético nacional. Essa desconexão resultou em tarifas mais altas, menor confiabilidade e constante instabilidade elétrica. Segundo dados, o custo da energia em Roraima chega a ser três vezes superior ao de estados como São Paulo ou Minas Gerais.

Além disso, os constantes apagões comprometem serviços essenciais como hospitais, escolas e centros de comércio. A vulnerabilidade do sistema energético impacta negativamente o ambiente de negócios e afasta potenciais investidores. Com a integração ao SIN, o cenário deve mudar radicalmente, promovendo não apenas maior segurança energética, mas também novos vetores de desenvolvimento econômico e social.

Estrutura técnica da mega obra do Linhão de Tucuruí

A execução dessa mega obra envolveu desafios monumentais de engenharia. São aproximadamente 3.600 torres de transmissão, algumas com até 295 metros de altura. A travessia do rio Amazonas exige vãos superiores a 2 km, o que demanda tecnologia avançada e mão de obra altamente especializada.

As linhas operam em tensões de 500 kV (entre Manaus e Belém) e 230 kV (em direção a Macapá), com capacidade de transporte de cerca de 2.400 MW.

O projeto ainda incorpora infraestrutura de fibra óptica, o que proporcionará conectividade digital para comunidades isoladas, impactando positivamente setores como educação, saúde e segurança pública.

Logística desafiadora na Região Norte do Brasil

Realizar uma obra desse porte na Região Norte do Brasil significou enfrentar obstáculos únicos. O transporte de equipamentos e materiais foi feito por helicópteros de carga pesada, balsas que cruzam rios com forte correnteza e estradas abertas especialmente para a obra, muitas vezes em meio à mata fechada.

Durante os anos de execução, mais de 4.000 trabalhadores foram mobilizados em diferentes frentes da construção. Equipes atuaram em áreas alagadas, sob calor extremo e riscos naturais diversos. Apesar das dificuldades, a obra se manteve dentro dos padrões de segurança e qualidade exigidos pela Aneel e pelo Ministério de Minas e Energia.

Licenciamento ambiental e consulta a povos indígenas na mega obra

Por se tratar de uma mega obra em área de sensível biodiversidade, o Linhão de Tucuruí passou por um rigoroso processo de licenciamento ambiental. O Ibama conduziu extensas avaliações de impacto, principalmente em regiões como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uatumã e a Terra Indígena Waimiri-Atroari.

Após anos de negociações e disputas judiciais, o governo federal e a concessionária Transnorte Energia chegaram a um acordo com os povos indígenas locais.

As comunidades passaram a atuar como parceiras no monitoramento ambiental, ajudando a preservar a floresta e assegurar que a obra respeitasse suas tradições e direitos.

Benefícios do Linhão de Tucuruí para a Região Norte do Brasil

A entrada em operação do Linhão de Tucuruí trará benefícios diretos e indiretos para milhões de brasileiros. A Região Norte do Brasil poderá finalmente superar décadas de isolamento energético e abrir caminho para um novo ciclo de crescimento.

Entre os principais ganhos estão:

  • Redução drástica dos apagões e interrupções no fornecimento;
  • Economia de bilhões de reais por ano com a substituição de energia térmica por energia hidrelétrica;
  • Estímulo à instalação de novas indústrias e expansão do comércio;
  • Melhoria nos indicadores sociais e de qualidade de vida.

Somente em Roraima, os subsídios pagos pelo governo federal para manter usinas a diesel chegam a R$ 7 bilhões anuais. A economia gerada pela conexão ao SIN permitirá redirecionar esses recursos para áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura urbana.

Impactos ambientais controlados no Linhão de Tucuruí

Apesar de atravessar áreas de rica biodiversidade, o projeto tem adotado medidas compensatórias e preventivas para mitigar seus impactos. Entre as ações destacam-se o reflorestamento de áreas degradadas, o monitoramento de fauna e flora, e o investimento em unidades de conservação.

Um exemplo concreto é o repasse de R$ 450 mil à RDS Uatumã, valor destinado à preservação ambiental e fortalecimento da gestão da reserva. Além disso, o envolvimento das comunidades locais tem sido essencial para garantir um desenvolvimento mais equilibrado, respeitando tanto o meio ambiente quanto os modos de vida tradicionais.

Mega obra entra na reta final com previsão de conclusão em 2025

Com 95% da execução concluída em abril de 2025, a mega obra entra agora na fase final. A previsão é que o Linhão de Tucuruí entre em operação até o final do ano, após a liberação da licença de operação pelo Ibama e a realização dos últimos testes técnicos.

Após mais de uma década de entraves, o Brasil está prestes a concluir um dos projetos mais estratégicos de sua infraestrutura energética. Trata-se de um avanço que não apenas elimina gargalos históricos, mas também sinaliza uma política pública mais comprometida com a equidade regional e o desenvolvimento sustentável.

O futuro energético da Região Norte

A conclusão do Linhão de Tucuruí representa um marco transformador para a Região Norte do Brasil. A obra resolve desafios históricos como os frequentes apagões e promove acesso à energia de qualidade, sustentável e de menor custo.

Mais do que uma linha de transmissão, o projeto simboliza a valorização de uma região estratégica para o país, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. Com energia estável, o Norte poderá expandir sua produção agrícola, fomentar indústrias regionais, atrair novas tecnologias e garantir melhor qualidade de vida para suas populações.

O futuro da região, finalmente, poderá ser tão iluminado quanto o potencial que ela sempre teve — agora com a infraestrutura necessária para fazer esse futuro acontecer.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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