Com um investimento superior a R$ 1,5 bilhão, a obra na BR-470 promete revolucionar o transporte, reduzir custos logísticos e impulsionar a competitividade do Sul do Brasil.
Em meio ao cenário rodoviário brasileiro, um projeto de transformação avança com força total em Santa Catarina. Trata-se da duplicação da BR-470, uma das maiores intervenções em infraestrutura viária do país. Com mais de R$ 1,5 bilhão em recursos públicos, a obra é estratégica para a competitividade nacional, ligando o interior produtivo ao litoral e resolvendo gargalos históricos de uma rodovia que há décadas operava acima de sua capacidade.
BR-470: A espinha dorsal da economia catarinense
A região cortada pela BR-470 abriga um dos principais motores econômicos do Brasil. Santa Catarina, com seus 7,6 milhões de habitantes, é referência em produção industrial, agropecuária e logística. Em 2024, o estado exportou US$ 11,6 bilhões.
No entanto, o ritmo acelerou, e só nos primeiros cinco meses de 2025, as exportações já somaram US$ 4,88 bilhões, uma alta de 6,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Grande parte dessa riqueza circula pela BR-470. Estima-se que 90% das exportações catarinenses dependam da malha rodoviária.
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O trecho em duplicação, entre Indaial e Navegantes, é vital. Ele conecta o interior produtivo aos portos de Itajaí e Navegantes, o segundo maior complexo portuário do país em movimentação de contêineres. Diariamente, cerca de 30.000 veículos transportam produtos como carnes, grãos, móveis e máquinas pela rodovia.
Antes da obra, a pista simples impunha uma velocidade média de apenas 29 km/h, encarecendo o frete. Com a duplicação dos 73 km, a expectativa é de uma redução de 20% a 30% nos custos logísticos. A médio prazo, isso pode gerar um salto de até 15% nas exportações, o que representa um acréscimo de R$ 8 bilhões anuais para a economia.
O que está sendo feito na BR-470?
O projeto de duplicação da BR-470 é complexo e ambicioso. A intervenção vai muito além do alargamento de pistas. Ela inclui a reconstrução completa de trechos, com novas interseções, passagens urbanas, viadutos e um moderno sistema de drenagem.
A obra visa garantir segurança, eficiência e durabilidade. No total, estão previstos 27 viadutos ao longo do trajeto. Até o início de 2025, 18 deles já estavam concluídos. Essas estruturas eliminam cruzamentos em nível e garantem a fluidez do tráfego.
Um dos destaques é o viaduto do trevo de Badenfurt, em Blumenau. Além disso, o projeto contempla quatro rotatórias, 11 passarelas para pedestres e melhorias na mobilidade ativa, com ciclovias e calçadas em trechos urbanizados.
A estratégia por trás da duplicação
Financiada pelo Novo PAC e executada pelo DNIT, a obra foi dividida em quatro lotes para otimizar o cronograma.
- Lote 1 (Navegantes a Ilhota): Essencial para o acesso ao porto e à BR-101, já possui mais de 12 km duplicados.
- Lote 2 (Ilhota a Gaspar): Concentra viadutos importantes, como os do km 4 e km 35, ambos com previsão de entrega para 2025.
- Lote 3 (Gaspar a Blumenau): É o trecho mais complexo, com obras urbanas sensíveis como o viaduto de Badenfurt e pontes sobre o rio do Testo.
- Lote 4 (Blumenau a Indaial): Atravessa áreas residenciais e comerciais, com pavimentação em ritmo avançado.
O cronograma prevê a entrega completa até 2026. No entanto, até março de 2025, 62 km (82% do total) já haviam sido liberados para o tráfego, melhorando a fluidez à medida que as frentes de trabalho avançam.
Os desafios de engenharia da duplicação da BR-470
Por trás da obra, há desafios de engenharia sofisticados. A primeira etapa exigiu a movimentação de mais de 1 milhão de metros cúbicos de solo e rocha. Em áreas de solo instável, foram usadas técnicas de reforço com geossintéticos para garantir a estabilidade da fundação.
A pavimentação utilizou aproximadamente 700.000 toneladas de asfalto. A camada de rolamento é composta por asfalto-borracha, que melhora a aderência e reduz o ruído. As obras de arte, como os 27 viadutos, somam 25.000 metros lineares de estruturas.
Vigas de concreto de até 35 toneladas foram transportadas e içadas por guindastes de grande porte, exigindo uma logística precisa. Em alguns trechos, foi necessário cravar estacas a até 20 metros de profundidade para garantir a sustentação das estruturas.
Impacto na mobilidade e segurança urbana
O projeto também foca em melhorias urbanísticas e ambientais. Foram implantadas calçadas com piso tátil, ciclovias segregadas e iluminação em LED. As 11 passarelas metálicas contam com rampas e guarda-corpos reforçados, seguindo as normas de acessibilidade.
O novo sistema de drenagem, com mais de 50 km de valas e bueiros de alta capacidade, foi projetado para suportar o volume de chuvas da região e prevenir alagamentos.
A duplicação da BR-470 não é apenas uma obra rodoviária. É um projeto estruturante que está redefinindo o eixo logístico de Santa Catarina e impulsionando o desenvolvimento de todo o Sul do Brasil.
E você, o que pensa sobre este mega projeto que está mudando o futuro de Santa Catarina? Deixe seu comentário.