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A lente de um scanner de satélite espião, que consegue ler a placa de um carro a 300 km de altitude

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/06/2025 às 11:50
A lente de um scanner de satélite espião pode ler placas? A verdade sobre a tecnologia KH-11
A lente de um scanner de satélite espião pode ler placas? A verdade sobre a tecnologia KH-11
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Descubra a capacidade real da lente de um scanner de satélite espião da série KH-11 e por que, apesar da tecnologia avançada, ler uma placa de carro a 300 km de altitude ainda é um mito

A capacidade da lente de um scanner de satélite espião de ler detalhes finos na Terra, como uma placa de carro, é um tema que fascina e gera muita especulação. Essa ideia, popularizada pela ficção, muitas vezes leva a uma superestimação do que a tecnologia atual consegue fazer. O debate é alimentado por informações classificadas sobre satélites como os da série KH-11, dos Estados Unidos.

Apesar de sua tecnologia de ponta, esses satélites operam sob as leis da física e as limitações da atmosfera. A verdade sobre sua resolução é impressionante, mas não mágica. Entenda, com base em dados públicos e análises de especialistas, qual é a capacidade real desses olhos no céu e por que ler uma placa de carro do espaço continua sendo um desafio.

O que são os satélites KH-11, a lente de um scanner de satélite espião, lançados desde 1976

A série de satélites KH-11 KENNEN representa um marco na espionagem espacial. O primeiro foi lançado em dezembro de 1976 pelo National Reconnaissance Office (NRO) dos EUA. Sua grande inovação foi o uso de imagem digital eletro-óptica, permitindo a transmissão de fotos em tempo real para a Terra. Antes disso, era preciso esperar dias ou semanas pela recuperação física de cápsulas de filme.

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Esses satélites têm uma semelhança física notável com o Telescópio Espacial Hubble. De fato, a tecnologia desenvolvida para os satélites espiões, como a técnica de polimento de espelhos, foi usada na fabricação do Hubble. Isso mostra a profunda conexão entre os programas militares secretos e os projetos científicos públicos.

Por que a atmosfera limita o poder da lente

A lente de um scanner de satélite espião, que consegue ler a placa de um carro a 300 km de altitude

A resolução máxima teórica da lente de um scanner de satélite espião como o KH-11, com seu espelho de 2,4 metros, é de aproximadamente 6 centímetros. Isso significa que, em condições perfeitas, o menor objeto que ele poderia distinguir teria 6 cm.

No entanto, na prática, a resolução alcançada fica entre 5 e 10 centímetros. A principal culpada por essa perda de nitidez é a atmosfera da Terra. A turbulência e as variações de temperatura causam distorções ópticas, o famoso efeito de “cintilação” que vemos nas estrelas. Isso torna extremamente difícil obter uma resolução abaixo de 10 cm, independentemente da qualidade da lente.

A diferença crucial entre identificar e ler

Aqui chegamos ao ponto central do mito. Para ler de forma clara as letras e os números de uma placa de carro, seria necessária uma resolução de aproximadamente 1 milímetro (ou 0,10 cm). A capacidade prática do KH-11, de 10 cm, está muito longe disso.

Portanto, a distinção é crucial: um satélite KH-11 pode, sim, identificar a presença de uma placa em um carro, reconhecendo-a como um objeto retangular. No entanto, ele não consegue ler os caracteres individuais escritos nela. A diferença de resolução entre o que ele pode fazer (10 cm) e o que seria necessário (1 mm) é de 100 vezes.

O que a famosa foto do Irã em 2019 realmente mostrou sobre o satélite USA-224

Em 2019, uma imagem de um local de lançamento de foguetes no Irã, divulgada publicamente, ofereceu um raro vislumbre da capacidade do KH-11. A foto foi tirada pelo satélite USA-224, um membro da série. Análises de especialistas estimaram que a resolução daquela imagem era de cerca de 10 cm.

A imagem era detalhada o suficiente para mostrar postes de luz e cercas, confirmando o envelope de desempenho do satélite. Contudo, ela também serviu como prova concreta de que, embora a resolução seja excepcional, ela não chega nem perto do necessário para ler textos pequenos, como os de uma placa de carro.

A estratégia por trás do sigilo, por que o nome “Key Hole” foi descontinuado

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As capacidades exatas dos satélites KH-11 são altamente classificadas. O nome “Key Hole” (KH), que seguia uma sequência (KH-8, KH-9, etc.), foi publicamente descontinuado. Agora, os satélites recebem nomes em um esquema de numeração aleatória, como USA-224.

Essa mudança é uma tática deliberada de contra-inteligência. Ao quebrar a sequência lógica, torna-se mais difícil para analistas externos rastrearem a evolução do programa e estimarem suas capacidades futuras. Isso adiciona uma camada de sigilo que protege os segredos operacionais mais profundos, mesmo que a existência geral dos satélites seja conhecida.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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