A chegada da inteligência artificial ao mercado de trabalho cria um dilema: novas oportunidades ou demissões em massa?
A popularização das ferramentas de inteligência artificial generativa gerou uma onda de ansiedade entre profissionais de todo o mundo. De acordo com uma pesquisa da Gallup em junho, 42% dos trabalhadores norte-americanos utilizam IA algumas vezes ao ano, enquanto 19% a utilizam várias vezes por semana. Entre os funcionários de escritório, o número é ainda maior: 27% usam IA regularmente, contra apenas 9% na indústria e em serviços de linha de frente. Ainda assim, mais da metade dos entrevistados em uma pesquisa do Pew teme perder o emprego por causa da IA.
Para lidar com essa transformação, grandes empresas de tecnologia têm realizado demissões em massa. A Microsoft cortou mais de 6 mil vagas entre maio e junho, e planeja eliminar outras 9 mil neste mês, buscando reduzir cargos intermediários e focar em IA. Andy Jassy, CEO da Amazon, já comunicou que a empresa vai expandir o uso de IA generativa e agentes inteligentes, o que resultará em mais cortes nos próximos anos. Dario Amodei, CEO da Anthropic, chegou a prever que metade dos empregos iniciais de escritório podem desaparecer, criando o chamado “banho de sangue do colarinho branco”.
IA: complemento ou ameaça?
Apesar do medo de substituição, especialistas apontam que a IA, por enquanto, complementa o trabalho humano. Ferramentas como ChatGPT e Claude ajudam a acelerar tarefas repetitivas e melhorar a qualidade das entregas. Ethan Mollick, professor da Wharton, sugere aplicar a “regra das 10 horas”: dedicar esse tempo para experimentar IA no trabalho e explorar seus limites. Ele recomenda investir em versões pagas e testar funções avançadas, como o uso de câmeras para compartilhar informações visuais.
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Segundo Mark Muro, pesquisador do Brookings Metro, adquirir habilidades flexíveis é essencial. Um relatório do Brookings destaca que a IA se destaca em tarefas cognitivas e não rotineiras, comuns em áreas bem remuneradas, como engenharia de software, arquitetura, direito e jornalismo. A IA facilita a pesquisa, inspira ideias e agiliza fluxos de trabalho, mas ainda falha em tarefas que exigem empatia e precisão total, como entrevistas e redações finais.
Os empregos mais ameaçados
A situação é mais crítica em funções administrativas e de apoio. Um estudo do Brookings revelou que 100% das tarefas de contadores e assistentes administrativos podem ser automatizadas. Profissões como agentes de viagem, preparadores de impostos e secretários enfrentam altíssimo risco de extinção. Mollick alerta: “Quanto mais repetitiva e específica a tarefa, maior a vulnerabilidade”.
Ainda não se sabe se as empresas usarão a IA para melhorar as condições de trabalho ou apenas como justificativa para cortes de custos. Por isso, dominar a IA não garante emprego, mas pode ser um diferencial. A transição lembra a chegada dos computadores pessoais nos anos 80, mas agora com impacto direto em tarefas intelectuais. Historicamente, novas tecnologias geraram mais empregos a longo prazo, mas a adaptação foi dolorosa. A IA pode ser o motor de uma nova Revolução Industrial e aprender a usá-la pode ser a melhor estratégia para quem quer continuar no mercado.