Pesquisadores detectaram que a Groenlândia está encolhendo, se expandindo e até se movendo 2 centímetros por ano devido ao derretimento acelerado do gelo — um fenômeno complexo e inquietante provocado pelas mudanças climáticas
A Groenlândia, território dinamarquês coberto por espessas camadas de gelo, está passando por transformações profundas e preocupantes. Uma nova pesquisa da DTU Space revelou que a ilha não apenas está derretendo em ritmo acelerado por causa das mudanças climáticas, como também está literalmente se movendo.
Segundo um estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, a Groenlândia está se deslocando para noroeste a uma velocidade de 2 centímetros por ano, além de se torcer, comprimir e esticar devido ao derretimento contínuo.
Derretimento acelera deslocamento da ilha
As camadas de gelo, que há milhares de anos cobrem a Groenlândia, vêm diminuindo de forma cada vez mais rápida. Essa perda de massa tem provocado deslocamentos nas placas tectônicas, colocando a ilha literalmente à deriva.
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Os pesquisadores explicam que a Groenlândia está se expandindo e se contraindo ao mesmo tempo — de forma semelhante à expansão do universo, embora horizontalmente. Enquanto algumas áreas são esticadas, outras estão sendo comprimidas e unidas.
Embora o derretimento do gelo ocorra desde a última Era Glacial, o problema agora é a velocidade inédita com que isso acontece.
A pesquisa aponta que a Groenlândia perde mais gelo do que consegue repor há 28 anos consecutivos. Essa tendência está diretamente ligada ao aquecimento global, que tem acelerado o desaparecimento da camada gelada e alterado a geodinâmica da ilha.
Os cientistas alertam que o fenômeno fornece evidências claras de como as mudanças climáticas impactam o Ártico quando atingem um ritmo acelerado.
Movimentos complexos e resultados inesperados
O pesquisador de pós-doutorado da DTU Space, Danjal Longfors Berg, afirmou que o gelo “derreteu notavelmente nas últimas décadas”, o que fez com que a Groenlândia fosse empurrada para fora e aumentasse sua área. Ao mesmo tempo, ele destacou que há movimentos no sentido oposto, com a ilha subindo e se contraindo em função de mudanças antigas nas massas de gelo, relacionadas ao fim da última Era Glacial.
A equipe de Berg desenvolveu um modelo que rastreou esses movimentos ao longo de 26.000 anos, combinando-o com dados de 58 estações GNSS distribuídas ao redor da ilha.
Com isso, foi possível calcular com precisão inédita os deslocamentos ocorridos nas últimas duas décadas, incluindo alterações na posição geral da Groenlândia, mudanças na elevação do leito rochoso e a dinâmica de expansão e contração da massa terrestre.
O estudo trouxe uma descoberta inesperada. A suposição inicial era de que a Groenlândia estivesse apenas se expandindo devido ao derretimento. No entanto, os pesquisadores encontraram “grandes áreas onde a Groenlândia está sendo ‘reunida’ ou ‘encolhida’”.
Essa reação surpreendente da massa terrestre revelou a complexidade dos processos em curso e o quanto ainda há para entender sobre os efeitos do aquecimento global.
Implicações globais e preocupações futuras
A camada de gelo da Groenlândia é uma das maiores reservas de água doce do planeta. A Euro News destacou que, em 2024, a ilha registrou a menor perda de gelo desde 2013, o que pode ser considerado um alívio momentâneo.
No entanto, a tendência geral continua alarmante: há quase três décadas, a Groenlândia perde mais gelo do que consegue produzir.
Ainda não está claro quais serão as consequências globais desse fenômeno. Apesar disso, os cientistas estão focados em compreender o que essa mudança acelerada da massa terrestre pode ensinar sobre a dinâmica do planeta.
Os resultados têm relevância que vai além da geociência. “Eles também são cruciais para levantamentos e navegação, já que até mesmo os pontos de referência fixos na Groenlândia estão mudando lentamente”, explicou Berg.
O que vem pela frente?
A transformação da Groenlândia é um lembrete poderoso dos efeitos das mudanças climáticas. A perda acelerada de gelo, a movimentação das placas tectônicas e as alterações físicas da ilha apontam para um cenário em que o equilíbrio geográfico e ambiental pode se tornar cada vez mais instável.
O estudo, publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, oferece não apenas dados detalhados, mas também um alerta: o planeta está respondendo rapidamente ao aquecimento, e entender essas respostas é essencial para antecipar seus impactos no futuro.