Em regiões desérticas como o Oriente Médio e o norte da África, agricultores escalam palmeiras com até 20 metros de altura sob temperaturas superiores a 50 °C para colher tâmaras, um dos frutos mais antigos e valiosos do mundo, cultivado há mais de 6.000 anos e símbolo da resiliência humana.
Apesar do ambiente inóspito, a tamareira (Phoenix dactylifera) prospera em climas áridos com mais de 100 dias de sol por ano. Suas raízes profundas alcançam lençóis freáticos, mas a irrigação ainda é essencial. Atualmente, sistemas modernos de gotejamento são usados para otimizar o uso da água e garantir o desenvolvimento adequado dos frutos.
A propagação da palmeira ocorre preferencialmente por brotos laterais (chamados de offshoots), que preservam a genética da planta mãe. Esses brotos são replantados com espaçamento estratégico de até 30 pés para permitir o crescimento da copa e das raízes em solos bem drenados.
Do plantio à polinização manual
Nos primeiros anos, os cuidados incluem irrigação intensiva, adubação mineral, poda e controle de pragas. Ao atingir a maturidade, entre 3 e 5 anos, as árvores exigem polinização manual. Como as tamareiras não se autopolinam, o pólen das flores do macho precisa ser coletado e aplicado nas flores da fêmea, geralmente por trabalhadores treinados.
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Em média, um único macho pode fornecer pólen suficiente para fertilizar até 50 fêmeas. Após três semanas, surgem os primeiros frutos. Em fazendas como as da Califórnia, os agricultores realizam o desbaste manual das tâmaras jovens para aumentar a qualidade final e utilizam sacos de malha para proteger os cachos contra pragas e pássaros.
A fase de maturação acontece durante os meses mais quentes. Os trabalhadores escalam as árvores com cordas ou são erguidos por guindastes para remover espinhos e folhas antigas, além de facilitar o acesso aos frutos, que são cortados manualmente com facões e descem por sistemas de polias.
Da colheita ao processamento com tecnologia de ponta
Em grandes plantações, plataformas hidráulicas substituem o trabalho manual. Os operários utilizam equipamentos de segurança para acessar os cachos maduros com mais rapidez e menor risco. A adoção dessa tecnologia aumentou em até 10 vezes a produtividade da colheita, além de melhorar significativamente a segurança dos trabalhadores.
As tâmaras são, então, enviadas para instalações industriais onde passam por inspeções rigorosas. Frutas fora do padrão são descartadas. As aprovadas seguem para tanques com jatos de alta pressão e oxigenação, removendo poeira, areia e resíduos orgânicos antes de passarem por câmeras multiespectrais que classificam automaticamente até 50.000 unidades por hora.
Após esse processo, as tâmaras são separadas, pesadas e embaladas com precisão. O sistema de selagem térmica garante o frescor e impede o contato com o ar externo. As variedades premium, como a medjool, chegam a valer três vezes mais que outras no mercado internacional devido à qualidade e ao custo elevado de produção.
Um mercado global em expansão
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), mais de 100 países cultivam tâmaras, com produção global superior a 9 milhões de toneladas por ano. O Egito lidera, seguido de Irã, Arábia Saudita e Argélia. Nos Estados Unidos, a produção é menor, porém altamente especializada.
A informação foi detalhada pelo canal Radiant Farming, especializado em conteúdos agrícolas, e complementada com dados da FAO e da UC Agriculture and Natural Resources, da Universidade da Califórnia, que também acompanha o cultivo de tâmaras no vale de Coachella.