No Oceano Índico, a Ilha de Socotra, no Iêmen, ostenta uma flora e fauna tão únicas que realmente fazem dela uma “ilha que parece de outro planeta”. Conheça este tesouro da biodiversidade global isolado por milhões de anos.
A Ilha que parece de outro planeta, parte de um arquipélago no Iêmen, frequentemente evoca a sensação de um “mundo que parece de outro planeta”. Este local remoto é um santuário de biodiversidade única, resultado de milhões de anos de isolamento geológico, abrigando plantas e animais que não existem em nenhum outro lugar da Terra.
Este artigo desvenda as maravilhas de Socotra, desde suas icônicas árvores “sangue de dragão” até sua cultura ancestral e os desafios que enfrenta para preservar seu patrimônio natural inestimável.
As árvores “sangue de dragão” e outras plantas únicas de Socotra
A flora de Socotra é talvez sua característica mais emblemática. A icônica árvore sangue-de-dragão (Dracaena cinnabari), com sua copa em forma de guarda-chuva e seiva vermelho-carmesim, é uma adaptação para captar umidade do nevoeiro e fornecer sombra. Sua resina, o cinábrio, é usada há séculos na medicina tradicional e como corante.
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Outras plantas bizarras incluem a árvore-de-garrafa ou rosa-do-deserto (Adenium obesum socotranum), com seu tronco inchado para armazenar água, e a árvore-pepino (Dendrosicyos socotranus), a única espécie arbórea da família das abóboras. A ilha também é um centro de diversidade para o olíbano (Boswellia spp.). Aproximadamente 37% das 825 espécies de plantas vasculares de Socotra são endêmicas, ou seja, só existem lá.
Fauna singular: um laboratório vivo da evolução com répteis e caracóis endêmicos
Socotra é frequentemente chamada de “Galápagos do Oceano Índico” devido ao seu excepcional endemismo animal. Cerca de 90% de suas 34 espécies de répteis são endêmicas. Entre os caracóis terrestres, o endemismo é ainda mais espantoso: 95% das 96 espécies são exclusivas do arquipélago. A ilha também possui aproximadamente 600 espécies de insetos e 190 de borboletas, com cerca de 90% de endemismo em ambos os grupos.
Seis espécies de aves terrestres são endêmicas, e a ilha é vital para aves migratórias, abrigando a maior densidade conhecida de abutres-do-egito. A fauna de mamíferos terrestres nativos é limitada a morcegos e ao musaranho-pigmeu. As águas de Socotra também são ricas, com mais de 730 espécies de peixes costeiros e 253 espécies de corais construtores de recifes, incluindo cinco endêmicas.
A cultura ancestral e a língua Soqotri em um ambiente isolado
A população de Socotra, estimada entre 44.000 e 50.000 habitantes, tem uma cultura ancestral moldada pelo isolamento. A língua Soqotri é uma joia semítica antiga, não escrita e gravemente ameaçada, distinta do árabe, com um vocabulário rico que reflete o modo de vida pastoral e o conhecimento ecológico tradicional. A tradição poética Soqotri é uma forma vital de preservar a língua.
Mitos e lendas são abundantes, muitos ligados à flora única, como as que contam a origem da árvore sangue-de-dragão a partir do sangue de um dragão ou de um conflito bíblico. Historicamente, os Soqotris viviam da pastorícia seminômade, pesca e coleta de produtos naturais, desenvolvendo práticas sustentáveis que agora enfrentam a pressão da modernização.
Ameaças à biodiversidade única da ilha que parece de outro planeta
Em 2008, o Arquipélago de Socotra foi inscrito como Patrimônio Mundial Natural da UNESCO. Apesar disso, esta “ilha que parece de outro planeta” enfrenta sérias ameaças. As mudanças climáticas intensificaram ciclones e secas, devastando a vegetação e infraestruturas. Espécies exóticas invasoras, como cabras não nativas (causando sobrepastoreio severo que impede a regeneração da flora) e o gorgulho-vermelho-das-palmeiras (que ataca tamareiras cruciais), são um perigo crescente.
A degradação de habitats pelo uso insustentável de recursos (desflorestação para lenha, sobrepesca), o desenvolvimento não controlado de infraestruturas e o impacto da instabilidade regional devido ao conflito no Iêmen (isolamento econômico, enfraquecimento da governança para conservação) completam o quadro de vulnerabilidade. Esforços de conservação estão em curso, envolvendo reflorestação, gestão de espécies invasoras e promoção de meios de subsistência sustentáveis, com apoio de entidades como o PNUA-GEF e a UNESCO.