Tristão da Cunha, com apenas 238 habitantes, é a ilha habitada mais remota do mundo, acessível apenas por navio e com regras únicas de convivência
No meio do Oceano Atlântico, a milhares de quilômetros de qualquer continente, existe um pequeno território britânico que desafia a lógica da localização geográfica. Com apenas 238 moradores, Tristão da Cunha é a ilha habitada mais remota do planeta, um título oficial reconhecido pelo Guinness World Records.
Distância de tudo
Tristão da Cunha está a 2.787 km da Cidade do Cabo, na África do Sul, e a 3.949 km de Mar del Plata, na Argentina. Sua vizinha mais próxima é a ilha de Santa Helena, localizada a 2.435 km de distância.
Mesmo assim, ela é a única ilha habitada do arquipélago que leva seu nome. As outras, como Gough, Inaccessible, ilha do Meio, Stoltenhoff e Nightingale, são desabitadas.
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Com uma área de somente 98 km², Tristão da Cunha é também um dos menores destinos do mundo. Apesar de descoberta em 1506 pelo navegador português Tristão da Cunha, a ilha só começou a ser ocupada de fato no século 19.
Chegada dos primeiros moradores
A posse da ilha foi disputada por diferentes potências ao longo do tempo. Os portugueses a descobriram, mas franceses e holandeses também passaram por lá. No entanto, foram os britânicos que decidiram ocupá-la oficialmente, ainda no século 18.
Em 1810, o marinheiro americano Jonathan Lambert se mudou para a ilha, acompanhado de dois companheiros. Ele batizou o arquipélago de “Islands of Refreshment”.
Depois, um quarto homem se juntou ao grupo. Durante a Guerra de 1812, Tristão da Cunha teria servido como base de saque para navios britânicos. Em 1813, somente um dos moradores originais ainda estava vivo. Lambert e outros dois morreram em um “acidente de pesca”.
Ocupação britânica definitiva
O caso chamou atenção do governo britânico, que enviou tropas em 1816. Segundo documentos publicados em 1837 pelo diplomata Edmund Roberts, os britânicos temiam que Napoleão escapasse de Santa Helena usando a ilha como rota. A partir daí, a Colônia do Cabo passou a administrar Tristão da Cunha.
Em 1817, as tropas deixaram a ilha. Mas William Glass, cabo escocês que vivia com sua esposa sul-africana e filhos, conseguiu autorização para permanecer ali.
Ele, junto com Samuel Burnell e John Nankivel, assinou um acordo chamado “a firma”, que regulamentava a vida na ilha, com regras sobre gado, lucros, custos e convivência.
O assentamento cresceu e, em 1867, recebeu o nome de Edinburgh of the Seven Seas, em homenagem à visita do príncipe Alfred, filho da rainha Vitória.
Histórias curiosas
A ilha já serviu de refúgio a 50 sobreviventes do naufrágio do navio Blenden Hall. Em outra ocasião, teria acontecido o primeiro encontro às cegas registrado com sucesso. Em 1826, Thomas Swain chegou à ilha e se tornou o quinto homem solteiro dali.
Um capitão visitante foi enviado até Santa Helena com a missão de trazer cinco mulheres para conhecerem os moradores. Ele ganhou cinco sacos de batatas como recompensa. Um ano depois, voltou com as voluntárias. Swain se casou com Sarah Jacobs, a primeira a desembarcar.
Em 1832, a população do assentamento já era de 34 pessoas, com seis casais e 22 crianças.
Em 1961, o vulcão da ilha entrou em atividade, forçando a evacuação de todos os moradores. Eles só retornaram em novembro de 1963. No total, 198 pessoas voltaram à ilha.
Como é viver em Tristão da Cunha?
A entrada e saída da ilha só é possível por navio. São seis dias de viagem até a África do Sul. Não há aeroporto. A recomendação é que qualquer viagem seja planejada com um ano de antecedência.
É preciso enviar um e-mail para a Secretaria de Administração explicando os motivos da visita e aguardar aprovação.
Em 2024, ainda existem somente 10 sobrenomes na ilha. A comunidade é autossuficiente. As famílias produzem o que consomem e não dependem de importações para sobreviver.
O governo britânico permite somente uma vaca por casa, para evitar danos à vegetação, já que 40% do território é reserva natural. Em compensação, a pesca de lagosta é uma atividade econômica importante. A produção é exportada para outros países.
A ilha possui mercado, escola, museu, bar, café e até um ônibus que circula localmente. Os turistas geralmente se hospedam nas casas dos moradores. Os visitantes pagam 88% do valor da diária aos anfitriões e 12% como imposto.
Sem cartão, só na libra
Todos os pagamentos devem ser feitos em libras esterlinas. Não é possível usar cartões de crédito ou débito. Também não há vida noturna ou atrações urbanas. O que não falta, porém, são paisagens naturais. Uma das principais atrações é a trilha até o topo do vulcão Queen Mary’s Peak.
Mesmo isolada, Tristão da Cunha mantém sua história viva e segue como um dos lugares mais únicos do planeta.
Com informações de UOL.
Poderíamos substituir o povo da ilhas por políticos brasileiros e cortar o acesso do navio q abastece a ilha!
Por anos Portugal entregava tudo que tinha para a Inglaterra. A ilha deve ter sido entregue também.
Sem nem um cabaré. Ha vao viver isolados na ****