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A história da primeira cidade do Brasil — fundada como vila em 1532, quando o termo ‘cidade’ ainda nem existia; nela ocorreu a primeira eleição das Américas

Publicado em 12/05/2025 às 16:25
Atualizado em 13/05/2025 às 12:48
São Vicente, São Paulo, Portugueses, Américas
Imagem ilustrativa: IA
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São Vicente foi palco da primeira eleição das Américas e se tornou símbolo da fundação política e administrativa do Brasil colonial

O Brasil começou a ser desenhado como nação muito antes da palavra “cidade” existir no vocabulário da colônia. Em 1532, surgia a vila de São Vicente, no Litoral de São Paulo. Mais do que um ponto no mapa, a vila representava a implantação da estrutura administrativa portuguesa nas Américas. Foi ali, segundo historiadores, que ocorreu a primeira eleição do continente.

O responsável pela fundação da vila foi Martim Afonso de Sousa, administrador enviado pela Coroa portuguesa. A missão era estruturar a presença lusitana na nova terra, com governo próprio e organização política. São Vicente se tornou, então, a primeira vila oficialmente reconhecida no território que um dia seria o Brasil.

São Vicente sediou a primeira eleição das Américas

Paulo Eduardo Costa, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, explica que naquela época não se falava em cidades.

O termo usado era “vila”, e era nessas estruturas que se organizava a vida política e jurídica. “São Vicente foi a primeira vila até porque, naquela oportunidade, não existia o termo cidade. Todas eram vilas”, afirma.

Em 1532, foi realizada a primeira eleição nas Américas. “Em 1532, houve a primeira eleição das Américas, quando se instalou de maneira definitiva a democracia no território, não só na América do Sul”, destaca Costa. Essa estrutura influenciaria até modelos democráticos de outros continentes, segundo o Instituto.

Durante o período colonial, as vilas concentravam as decisões locais. Comandadas por autoridades nomeadas ou eleitas, funcionavam como centros administrativos.

A vida dos habitantes era organizada com base nas regras da Coroa portuguesa. O modelo aplicado em São Vicente serviria como referência para outros núcleos que surgiriam nos anos seguintes.

Geografia estratégica

A escolha do local não foi aleatória. A região de São Vicente tinha características ideais para a navegação e abastecimento. O território possuía rios, nascentes e águas calmas, essenciais para as embarcações portuguesas.

Nos idos de 1500, a água era um bem preciosíssimo”, lembra Costa. “Com ela, você conseguia fazer não só o abastecimento das naus [espécie de embarcação portuguesa] que eram usadas nas explorações da América do Sul, mas também possibilitava a produção de alimentos”.

O local também abrigava o Porto das Naus, o primeiro trapiche alfandegário do Brasil. Hoje, esse ponto histórico fica próximo à Ponte Pênsil, uma das estruturas mais conhecidas da cidade.

Povos originários

Antes da chegada dos portugueses, o território era habitado por diversos povos indígenas, como tupis, tupinambás e guaianás. Essas etnias viviam da pesca, caça e da relação equilibrada com o meio ambiente.

Segundo Costa, a população indígena no período da chegada europeia era estimada em cerca de 6 milhões de pessoas. “Quase todos foram dizimados. Hoje, mais de 500 anos depois, restam cerca de 1,6 milhão. Se não houvesse essa violência, eles seriam entre 60 e 80 milhões”, lamenta.

Ele também destaca a destruição cultural e a apropriação de terras como marcas desse processo de colonização. Apesar disso, uma comunidade indígena ainda permanece em São Vicente.

Trata-se da Aldeia Paranapuã, habitada por indígenas guarani mbya, localizada na praia de Paranapuã, dentro da reserva ecológica do Parque Estadual Xixová-Japuí.

Eles mantêm tradições, moram em taperas [tipo de construção tradicionalmente indígena], dormem em redes e não têm nenhum contato estrito com a modernidade”, relata Costa.

São Vicente foi capital por três dias

Em janeiro de 2000, São Vicente assumiu, por três dias, o posto de capital do Estado de São Paulo. Entre os dias 21 e 23 daquele mês, os três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — se instalaram na cidade como parte das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil.

Durante esse período, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) realizou uma Sessão Ordinária na Câmara Municipal de São Vicente. O Espaço Cultural da Alesp foi nomeado como “V Centenário” e, até hoje, sedia exposições culturais.

Instituto Histórico e Geográfico

O Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente foi fundado em 1838 por Dom Pedro II. Em 1959, conquistou sua autonomia graças à atuação dos historiadores Francisco Martins dos Santos e Odete Veiga Martins dos Santos.

Atualmente, é uma confraria sem fins lucrativos, dedicada à preservação da memória histórica e à promoção da cultura na região.

Costa, que dirige o Instituto há oito anos, ressalta a importância da instituição. “Temos a maior biblioteca do Litoral de São Paulo, com 57 mil volumes, e um museu histórico da cidade e Capitania de São Vicente, com 26 mil itens.

O espaço também promove eventos culturais, como lançamentos de livros e recitais musicais, reunindo diferentes públicos em torno da história da cidade.

Um monumento à reflexão

Na Praça 22 de Janeiro, em São Vicente, está o Monumento do IV Centenário. Construído em 1900, ele celebra os 400 anos da colonização do Brasil. A escultura traz uma inscrição em latim que remete à união das armas e dos povos sob a cruz, símbolo da missão portuguesa na América.

Projetada por Benedito Calixto e Florimond Colpaert, e construída por Augusto Kauschus, a obra convida à reflexão sobre a história da formação do Brasil.

História com senso crítico

Para Costa, a trajetória de São Vicente deve ser valorizada, mas com olhar atento e crítico. Ele destaca a importância de reconhecer o papel da cidade como berço da administração no país, mas também de respeitar os povos originários que já viviam aqui muito antes da chegada dos colonizadores.

Com informações de Alesp.Gov.

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Mario Giamarino
Mario Giamarino
27/05/2025 23:31

E importante cultuar é demarcar historicamente para as novas gerações o significado devtodo esse contexto político é cultural e a relevância disso para toda uma nacao

Edna zer
Edna zer
26/05/2025 21:16

A loja de São Bernardo vive as moscas. Os produtos são caros demais para a população da região. Esses milhões devem vir de outras lojas e outras fontes. Da loja de São Bernardo não é mesmo. E não precisa ser nenhum analista econômico para perceber isso . Basta visitar a loja de vez em quando. As lojinhas da av. Piraporinha onde a Havan se encontra vendem muito mais do que ela. Aliás , não é preciso entrar na loja ,o pátio de estacionamento está sempre VAZIO.

Sergio Fanelli
Sergio Fanelli
21/05/2025 19:06

É mais curto e grosso. O Mosqueira destruiu São Vicente e Cananéia por conta própria com um navio roubado de uns piratas franceses. Ia tomar pra Espanha e revindicar uma sesmaria. A coroa portuguesa pra reagir com tropa oficial tinha que ter registro cartório e aí nasce a vila. Só não precisou enviar tropas porque Raposo conhecia João Ramalho que era compadre do Tibiriçá e aí com dois mil homens começamos a fabricar esse Brasil atual. Vicentino bandeirante.

Romário Pereira de Carvalho

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