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A história da DKW Vemag no Brasil: origem, modelos marcantes e o fim da produção

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 14/04/2025 às 16:20
A história da DKW Vemag no Brasil: origem, modelos marcantes e o fim da produção
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Com motores ruidosos, portas suicidas e ideias inovadoras, a DKW Vemag marcou uma era. A história da DKW Vemag no Brasil envolve pioneirismo, ousadia e um fim que surpreendeu até os fãs mais fiéis.

A história da DKW Vemag no Brasil começa em um tempo onde o Brasil ainda engatinhava no setor automotivo. Foi no bairro do Ipiranga, em São Paulo, que em 1945 surgiu a Studebaker do Brasil, responsável por montar veículos importados desmontados. Mas foi só em 1952, após a fusão com a empresa Elite, que nasceu oficialmente a Vemag – Veículos e Máquinas Agrícolas S.A.. Inicialmente, a nova companhia se dedicava à montagem de caminhões e tratores.

Foi apenas em 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek e os incentivos do GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística), que a Vemag decidiu apostar na produção de carros de passeio. E fez isso de forma ousada: firmando uma parceria com a alemã DKW para produzir seus veículos sob licença. A partir daí, nascia oficialmente a DKW Vemag, um nome que se tornaria icônico entre os entusiastas brasileiros.

A linha de modelos que conquistou (e intrigou) os brasileiros

O primeiro carro nacional de verdade foi da DKW Vemag. Em 19 de novembro de 1956, era lançada a Universal, a primeira perua fabricada no Brasil. Com linhas arredondadas, faróis circulares, portas que se abriam ao contrário (as famosas “portas suicidas”) e um acabamento simples, mas funcional, ela era prática e exibia um charme singular.

Na sequência veio o jeep Candango, lançado em 1958. Com tração nas quatro rodas, ângulos de ataque robustos e um comportamento valente no fora-de-estrada, ele era o queridinho dos aventureiros embora tenha tido vida curta, sendo descontinuado em 1963.

Depois chegou o sedã Belcar, também em 1958, com visual mais urbano e capacidade para seis ocupantes. Era confortável, espaçoso e mantinha a assinatura da marca: motor de três cilindros, dois tempos, e câmbio na coluna. Em 1964, veio o refinamento com a série 1000: melhorias no acabamento, portas com abertura convencional e painel estofado.

Não dá pra falar da história da DKW Vemag no Brasil sem mencionar o elegante Fissore (1964), o esportivo GT Malzoni (1965) e o ousado Carcará, desenvolvido exclusivamente para quebrar o recorde de velocidade nacional. No dia 29 de junho de 1966, ele atingiu 212,9 km/h em uma reta da Barra da Tijuca, feito inédito para um veículo nacional da época.

O auge da inovação com o motor dois tempos e suas peculiaridades

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O coração pulsante da DKW Vemag estava sob o capô. Seus veículos usavam um motor de três cilindros e dois tempos, com soluções bem à frente de seu tempo e outras que causavam dor de cabeça. Um exemplo disso era a necessidade de misturar manualmente óleo dois tempos à gasolina a cada abastecimento, o que gerava muita fumaça e, muitas vezes, mistura desbalanceada.

O sistema de roda livre, acionado por alavanca no painel, permitia que o carro continuasse em movimento como se estivesse em ponto morto, mesmo com uma marcha engatada o que comprometia o freio-motor, mas prometia economia e suavidade. Era curioso, diferente e muito “à la DKW”.

O ápice da engenharia veio com o sistema Lubrimat, introduzido em 1964 no Fissore, que automatizava a mistura de óleo e gasolina, facilitando a vida do motorista e reduzindo a emissão de fumaça. E, mesmo com todos os desafios, esses motores eram duráveis e entregavam desempenho honesto para a época.

O fim da DKW Vemag no Brasil: o golpe silencioso da Volkswagen

Tudo ia relativamente bem até que, em 1965, uma notícia vinda da Alemanha mudaria os rumos da história da DKW Vemag no Brasil. A Volkswagen adquiriu o controle da Auto Union empresa-mãe da DKW e, com isso, passou a determinar os rumos da produção no Brasil. Em 1967, a Volkswagen do Brasil comprou a Vemag.

E foi aí que começou o fim. Os modelos DKW já vinham sofrendo com a queda nas vendas e a concorrência acirrada de novos carros com motores mais modernos e econômicos. A VW, interessada em expandir sua linha com o Fusca e suas variações, não deu espaço para os modelos DKW evoluírem. Aos poucos, a produção foi sendo interrompida, até que, no final de 1967, a marca DKW desapareceu das linhas de montagem brasileiras.

Foi uma despedida sem cerimônia, mas não sem importância. A DKW Vemag foi pioneira em muitos aspectos e deixou um legado técnico e histórico difícil de ignorar. Seus veículos ainda circulam em encontros de antigomobilismo e despertam a curiosidade de quem vê um motor barulhento, soltando fumaça azulada, com um charme que atravessou décadas.

Um legado barulhento, fumacento, mas inesquecível

Mesmo que o fim tenha sido discreto, a história da DKW Vemag no Brasil permanece viva na memória dos apaixonados por carros antigos. Seus modelos inovaram em design, em tecnologia e foram os primeiros a pavimentar a estrada da indústria automobilística nacional.

Com seus motores simples, mas engenhosos, e designs peculiares, a DKW Vemag mostrou que o Brasil podia sim fabricar carros. E mais do que isso: que esses carros podiam ser únicos, diferentes e marcantes. A marca se foi, mas o som inconfundível do seu motor dois tempos ainda ecoa nas ruas de quem preserva essa parte especial da história do automobilismo brasileiro.

Fonte: Relíquia automotiva

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Rafaela Fabris

Fala sobre inovação, energia renováveis, petróleo e gás. Com mais de 1.200 artigos publicados no CPG, atualiza diariamente sobre oportunidades no mercado de trabalho brasileiro. Sugestão de pauta: rafafabris11@gmail.com

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