Relação entre jovens da Geração Z e mercado de trabalho passa por mudanças com maior valorização da saúde mental, menos apego à estabilidade e alta rotatividade nas empresas, com muitos pedidos de demissão
A relação entre trabalho, estabilidade e saúde mental está passando por transformações visíveis. A Geração Z, formada por jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, tem se destacado por uma postura diferente em relação a demissão.
Um dos principais pontos é a falta de medo da demissão, o que impacta diretamente as dinâmicas tradicionais entre empregadores e empregados.
Comportamentos que se destacam antes de pedir demissão
Entre os relatos mais frequentes, aparece a recusa dos jovens em aceitar humilhações ou ambientes tóxicos no trabalho.
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Situações que antes poderiam ser toleradas, hoje resultam em pedidos de demissão imediatos ou em denúncias.
O entendimento sobre direitos trabalhistas cresceu, e muitos recorrem a advogados em casos de assédio ou desrespeito.
Há também uma disposição maior em priorizar a saúde mental, ainda que isso implique na perda do emprego.
Essa postura, considerada por alguns como sinal de independência, é vista por outros como reflexo de mudanças sociais e econômicas.
Fatores que explicam o cenário atual
Um dos aspectos que ajuda a explicar essa situação.
Muitos jovens da Geração Z ainda vivem com os pais ou têm apoio financeiro da família.
Isso reduz a pressão por manter um emprego a qualquer custo, diferentemente de gerações anteriores que, ao serem demitidas, enfrentavam obrigações financeiras imediatas, como filhos, hipotecas e contas essenciais.
Além disso, o padrão de vida mudou. Casamentos e filhos passaram a acontecer mais tarde.
O número de dependentes diretos costuma ser menor, o que amplia a margem de manobra em momentos de transição profissional.
A informalidade como alternativa viável
Outro ponto de destaque é a presença crescente de alternativas de trabalho fora do regime formal.
Aplicativos de transporte, delivery e serviços autônomos passaram a ser vistos como opções reais de renda.
Para alguns jovens, esses formatos oferecem mais liberdade e rendimentos semelhantes aos de empregos tradicionais, mas sem a pressão de um chefe direto.
Diante disso, muitos avaliam que, se não há grande diferença salarial, preferem exercer atividades em que se sintam mais livres, mesmo sem os mesmos benefícios garantidos por um contrato formal.
Reconfiguração da estabilidade
As empresas também passaram por mudanças importantes.
Houve um aumento da contratação por modelo PJ (pessoa jurídica), em vez de CLT.
Além disso, práticas como demissões em massa, recontratações rápidas e mudanças nos contratos tornaram-se mais comuns em diversos setores, especialmente nos campos da comunicação e tecnologia.
Com isso, o vínculo entre empresa e funcionário ficou mais instável. O chamado “turnover” – rotatividade de pessoal – aumentou.
Profissionais saem e entram com frequência, e a cultura de permanecer muitos anos no mesmo lugar perdeu força.
Carreiras construídas entre empresas
Diante dessa realidade, a construção de uma carreira deixou de ser associada a permanecer numa única empresa.
Hoje, é comum que um profissional cresça trocando de organização, buscando melhores condições ou novos desafios.
A promoção, em muitos casos, acontece mais rapidamente quando se muda de lugar do que ao permanecer na mesma função por longos períodos.
Esse comportamento é interpretado de maneeiras distintas. Alguns o consideram uma forma de adaptação ao novo mercado; outros veem como sinal de falta de comprometimento.
Empresas e seus desafios
Muitas organizações relatam dificuldades em manter talentos..
A crítica mais recorrente é de que os jovens não se envolvem com a cultura da empresa e demonstram pouco interesse em permanecer por longo prazo.
Por outro lado, especialistas apontam que nem sempre há planos de carreira claros, valorização ou condições que estimulem a permanência.
A desconexão entre expectativa e realidade afeta ambos os lados. Enquanto os jovens buscam crescimento e reconhecimento, empresas alegam dificuldades em manter profissionais engajados por mais tempo.
O papel do ambiente e da gestão
Além da remuneração, fatores como ambiente de trabalho, estilo de gestão e respeito à jornada são determinantes para a permanência ou saída de um funcionário.
Pressões excessivas, promessas não cumpridas e ausência de comunicação aberta contribuem para decisões de desligamento.
Casos de empresas que flexibilizam direitos, cortam benefícios e ainda esperam lealdade total são frequentemente citados em fóruns e redes sociais.
Ao mesmo tempo, há relatos de empresas que buscam contornar esse cenário oferecendo condições mais favoráveis, programas de bem-estar e oportunidades reais de avanço.
Riscos da má saída
Apesar da naturalidade com que muitos da Geração Z lidam com demissões, especialistas alertam para um ponto importante: a reputação profissional.
Em setores menores, é comum que antigos empregadores sejam consultados sobre candidatos. Por isso, manter uma saída respeitosa, mesmo diante de dificuldades, pode evitar consequências futuras.
Conflitos mal resolvidos, comentários negativos em redes sociais e exposição de situações internas podem prejudicar o profissional.
A recomendação é clara: evitar brigas no momento da saída e, sempre que possível, manter as portas abertas.
Mercado interligado
Em muitos casos, profissionais retornam a empresas que haviam deixado, seja por convite ou por novas oportunidades. Isso é facilitado quando a relação termina de forma amigável.
O contrário também é verdadeiro: desentendimentos podem gerar bloqueios inesperados em futuras contratações.
A construção de uma carreira, mesmo que feita por meio de diversas empresas, ainda depende de boa reputação, relacionamentos profissionais sólidos e postura ética.
Equilíbrio como chave
A mudança de comportamento não é exclusiva da Geração Z. É reflexo de um mercado em constante transformação.
Por um lado, há jovens mais conscientes de seus limites e direitos. Por outro, há empresas tentando se adaptar a essa nova dinâmica.
O equilíbrio talvez esteja em reconhecer que ambos os lados precisam ajustar suas expectativas. Nem tudo se resume à estabilidade de décadas atrás, nem toda flexibilidade deve significar ruptura constante.
O mercado de trabalho vive um momento de transição. A Geração Z representa uma nova forma de encarar o emprego e a demissão, mas também revela as fragilidades das estruturas empresariais atuais.
A antiga lógica da permanência por obrigação perdeu espaço para decisões baseadas em propósito, condições e respeito.
Essa mudança não significa necessariamente um retrocesso ou avanço, mas sim uma adaptação. Cabe tanto aos empregadores quanto aos profissionais entenderem os novos códigos dessa relação.
E, principalmente, encontrarem caminhos em que o trabalho seja uma construção mútua — com responsabilidade, respeito e espaço para crescimento.