Mesmo com novas regras e multas milionárias, os golpes por telefone seguem crescendo no Brasil com o uso de spoofing e chips pré-pagos
Os golpes por telefone continuam a assustar os brasileiros. Mesmo com tentativas de controle, os criminosos seguem usando chips pré-pagos e sites de ligação online para enganar vítimas. Em 2023, foram mais de 4.500 tentativas por hora.
A Anatel admite que as operadoras não conseguem conter esse avanço e que o crime já opera em outro “estágio de evolução tecnológica”.
Golpes por ligação e spoofing
Os golpistas usam dois caminhos para fazer as ligações: chips pré-pagos ativados com dados de terceiros ou sites que permitem chamadas pela internet.
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Com essas ferramentas, o criminoso se esconde e dificulta a identificação. Em muitos casos, ele usa técnicas de engenharia social para induzir a vítima a fazer um Pix ou instalar programas de acesso remoto.
Uma das armas mais poderosas é o “spoofing”. Essa técnica permite simular qualquer número de telefone. Assim, o nome de um banco, loja famosa ou até um número parecido com o da própria vítima pode aparecer na tela, dando credibilidade ao golpe. Isso aumenta a chance da pessoa acreditar e cair na armadilha.
Dificuldades da Anatel
A Anatel reconhece que é difícil combater o uso malicioso do spoofing. Embora legal em alguns contextos, a prática tem sido usada de forma indevida.
O órgão afirma que a diversidade das redes e o grande número de prestadoras dificultam o controle. Ainda assim, promete uma nova tecnologia que permitirá identificar mais claramente quem está fazendo a ligação.
Para tentar barrar o uso de chips por golpistas, a Anatel impôs novas regras desde 2021. Agora, é preciso enviar selfie, documento com foto, nome e endereço completo para ativar uma linha pré-paga.
A ideia é evitar que criminosos ativem vários chips de uma vez. Mesmo assim, há falhas. Ainda existem CPFs com mais de 300 linhas ativas, o que não seria possível com um sistema eficaz.
Centrais de golpes e dificuldades das teles
Os golpistas montam centrais de golpe com dezenas de chips. Eles usam as linhas até serem bloqueadas, e depois as descartam. Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, afirma que os chips são usados de forma alternada justamente para evitar rastreamento.
As operadoras — Vivo, Claro e Tim — dizem que seguem as determinações da Anatel. Por meio da Conexis, sindicato que representa o setor, afirmaram que já barraram 210 bilhões de chamadas indesejadas, entre elas, spam e ligações maliciosas.
A regra mais recente da Anatel, de 2024, exige que as operadoras rastreiem as chamadas e suspendam serviços de quem permitir a alteração de número.
Essas chamadas devem ser relatadas, com dados como razão social, CNPJ, horário e volume de ligações feitas. Segundo a Conexis, a medida começou a dar resultado.
Verificação facial falha
Apesar da exigência de selfie, especialistas apontam que a verificação facial ainda é fraca. Hiago Kin, presidente da Abraseci, diz que os sistemas são programados para aprovar os cadastros com facilidade e sem exigência técnica forte.
Ele aponta ainda que a Anatel não define um padrão mínimo de segurança, o que permite que cada operadora escolha como quer aplicar a verificação.
Além disso, quando o cliente não envia os dados, ainda é possível ativar uma linha por outros caminhos, como indo a uma loja ou enviando outro tipo de documento. Isso mostra que, mesmo com as regras, ainda há formas de burlar o sistema.
Pré-pagos seguem como ponto fraco
A facilidade para habilitar chips pré-pagos continua sendo um dos principais problemas. A proposta original do modelo é ser acessível para todos, mas isso também abriu brechas.
Segundo Tude, nem sempre há uso de “laranjas”. Em muitos casos, a compra é feita no nome de uma pessoa inocente, sem que ela saiba.
Para ele, só com sistemas robustos, que validem os dados em tempo real e bloqueiem cadastros suspeitos de forma imediata, o problema poderá ser combatido com mais eficácia.
Controle ainda é limitado
Mesmo com R$ 58 milhões em multas aplicadas às operadoras por falhas nos cadastros, a Anatel admite que as medidas não acompanham o avanço dos golpes.
Os mecanismos atuais não são suficientes para impedir fraudes mais sofisticadas. Sem melhorias técnicas e padronizações mais rígidas, os criminosos seguem com vantagem no jogo.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda convive com o uso ilegal de chips e chamadas online para golpes. O desafio continua sendo tornar o sistema mais seguro sem perder a acessibilidade. A Anatel promete novas soluções, mas reconhece que a luta contra o spoofing e os golpes está longe do fim.
Com informações de UOL.