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A ferrovia mais cara da Europa: como o Reino Unido está gastando £100 bilhões na linha de alta velocidade HS2

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 14/06/2025 às 14:42
A Ferrovia Mais Cara da Europa
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Concebida para ser a espinha dorsal de alta velocidade da Inglaterra, a HS2 teve trechos para o norte cancelados em 2023, mas a construção da primeira fase da ferrovia mais cara da Europa continua com custos que disparam e um grande impacto ambiental.

O High Speed 2 (HS2) nasceu como a ferrovia mais cara da Europa. A promessa era construir uma linha de trem de alta velocidade para conectar Londres às grandes cidades do norte da Inglaterra, como Birmingham, Manchester e Leeds. O objetivo era aumentar a capacidade da rede ferroviária, diminuir o tempo de viagem e impulsionar a economia do país.

Desde o início, no entanto, o projeto se tornou sinônimo de polêmica. Com custos que podem chegar a £100 bilhões, a HS2 ganhou a fama de ser a ferrovia mais cara da Europa. Em 2023, o governo britânico cancelou grande parte do traçado original, mas a construção do que sobrou continua a todo vapor, em uma obra que literalmente corta o coração da Inglaterra.

A promessa original: a rede em “Y” que ligaria Londres a Manchester e Leeds e o cancelamento de outubro de 2023

O plano original do HS2 era grandioso. A ferrovia teria um formato de “Y”, com a Fase 1 ligando Londres a Birmingham. A partir daí, a Fase 2 se dividiria em dois braços: um para o oeste, até Manchester, e outro para o leste, até Leeds. Essa rede de alta velocidade visava resolver o problema de lotação da principal linha de trem do país, a West Coast Main Line, construída na era vitoriana.

No entanto, a visão foi sendo desmontada aos poucos. Em novembro de 2021, o trecho para Leeds foi o primeiro a ser cortado. O golpe final veio em outubro de 2023, quando o primeiro-ministro, Rishi Sunak, anunciou o cancelamento de toda a parte norte do projeto, que iria de Birmingham a Manchester. A justificativa foi a escalada de custos e as mudanças nos padrões de viagem após a pandemia.

O que sobrou do projeto: a Fase 1 de Londres a Birmingham e o andamento das obras em 2025

O High Speed 2 (HS2) nasceu como um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos da história do Reino Unido. A promessa era construir uma linha de trem de alta velocidade para conectar Londres às grandes cidades do norte da Inglaterra, como Birmingham, Manchester e Leeds. O objetivo era aumentar a capacidade da rede ferroviária, diminuir o tempo de viagem e impulsionar a economia do país.

Com os cortes, o que resta do HS2 é a Fase 1, um trecho de aproximadamente 225 km que ligará Londres a Birmingham. Em 2025, a construção está em seu pico de atividade, com mais de 350 canteiros de obras ativos e cerca de 30.000 empregos gerados.

As obras de engenharia são impressionantes. Em maio de 2025, a escavação de um dos principais túneis do projeto, o Túnel de Bromford, com 5,6 km de extensão, foi concluída por uma das tuneladoras gigantes, apelidada de ‘Mary Ann’.

Outro marco foi a finalização do tabuleiro do Viaduto do Vale de Colne, que com seus 3,4 km se tornou a ponte ferroviária mais longa do Reino Unido em setembro de 2024. A previsão é que a linha entre em operação entre 2029 e 2033.

Os custos que saltaram de £20,5 bilhões para mais de £50 bilhões e a comparação com outras ferrovias europeias

A principal polêmica em torno da HS2 é o seu custo. A estimativa inicial para a Fase 1, em 2012, era de £20,5 bilhões. Em 2022, esse valor já havia saltado para £50,5 bilhões. Relatórios do Parlamento Britânico de novembro de 2023 já apontavam que o custo final da Fase 1 poderia chegar a £57 bilhões.

Essa escalada de preços faz da HS2 a ferrovia mais cara da Europa em custo por quilômetro. Uma análise comparativa mostra que, enquanto um quilômetro da linha alemã Wendlingen-Ulm custou cerca de US$ 71 milhões, o custo por quilômetro da HS2 chega a impressionantes US$ 232 milhões.

As razões para o alto custo incluem a alta densidade populacional da Inglaterra, a necessidade de muitos túneis e viadutos, e os altos custos de aquisição de terras.

O impacto da ferrovia mais cara da Europa em 25 bosques antigos da Inglaterra

A construção da HS2 tem um impacto ambiental significativo. A rota corta o “coração verde” da Inglaterra, e grupos de conservação como o Woodland Trust alertam que o projeto original ameaçava 108 bosques antigos, que são ecossistemas insubstituíveis.

A HS2 Ltd, empresa responsável pelo projeto, afirma que, com a redução da rota, o número de bosques afetados na Fase 1 caiu para 25, e que 85% da área total desses locais será preservada. A empresa também promove um programa de compensação, que inclui a plantação de sete milhões de árvores e a criação de um “Corredor Verde” ao longo da linha. No entanto, ambientalistas questionam a eficácia dessas medidas e acusam a empresa de subestimar a real perda de biodiversidade.

“Network North”: a alternativa do governo que trocou a alta velocidade por projetos regionais após o cancelamento da Fase 2

Com o cancelamento da parte norte da HS2, o governo britânico anunciou que os £36 bilhões economizados seriam reinvestidos em um novo programa chamado “Network North”. A iniciativa promete financiar uma série de projetos de transporte menores e mais localizados nas regiões das Midlands e do Norte da Inglaterra.

O plano inclui a expansão de linhas de metrô, renovação de redes de bondes e melhorias em rodovias. Embora a medida leve investimentos a áreas que historicamente receberam menos recursos, críticos argumentam que esses projetos fragmentados não substituem os benefícios de conectividade nacional que a ferrovia mais cara da Europa, em seu formato original, traria para o país, podendo até piorar os serviços de trem para as cidades do norte.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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