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A famosa cena de Breaking Bad, onde personagens constroem uma bateria de carro artesanal, levanta a questão — seria possível replicar essa engenhoca na realidade?

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 21/02/2025 às 13:35
bateria de carro, breaking bad
Foto: Reprodução
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Analisamos a icônica cena de Breaking Bad e explicam se é viável construir uma bateria de carro artesanal com recursos limitados na vida real

Se você é um amante de ciência ou fã séries de TV, provavelmente já se rendeu ao fenômeno Breaking Bad. Aclamada como uma das melhores séries de todos os tempos, ela combina brilhantemente entretenimento e ciência. Um dos pontos que mais chamou a atenção dos fãs foi a construção de uma bateria de carro com objetos improvisados.

A série tem uma narrativa envolvente e momentos de tirar o fôlego, a produção também trouxe para a tela conceitos científicos surpreendentemente precisos. Mas até que ponto o que vimos em Breaking Bad é real?

A transformação de Walter White

A trama gira em torno de Walter White, um professor de química do ensino médio que, ao ser diagnosticado com câncer de pulmão em estágio três, decide abandonar sua vida monótona.

Determinado a garantir o futuro financeiro de sua família, ele recorre à fabricação de metanfetamina, contando com a ajuda de Jesse Pinkman, um ex-aluno e pequeno traficante. Assim nasce o temido Heisenberg, figura que dominaria as ruas de Albuquerque, Novo México.

O que diferencia Walter White de outros chefões do crime na ficção é sua habilidade de usar a ciência como arma. Enquanto muitos dependem da força bruta, Walt impressiona com soluções criativas, muitas vezes baseadas em princípios químicos.

A ciência por trás de Breaking Bad

O programa ganhou reconhecimento por retratar conceitos científicos com um grau impressionante de precisão.

A química apresentada em diversas cenas é real, despertando a curiosidade de espectadores de todas as idades. No entanto, apesar do rigor em muitos momentos, algumas passagens ainda ficam aquém da realidade.

Um dos exemplos mais icônicos da série que mistura ciência e drama é o episódio “4 Days Out”. Nele, Walt e Jesse se encontram em uma situação desesperadora, presos no deserto com a bateria do trailer descarregada. A solução encontrada? Construir uma bateria de carro improvisada.

A bateria de carro improvisada: Ciência ou ficção?

Antes de terem acesso ao sofisticado superlaboratório apresentado nas temporadas seguintes, Walt e Jesse utilizavam um laboratório móvel, um trailer que levavam para o deserto.

Em uma dessas operações, Jesse acidentalmente deixa as chaves na ignição, descarregando a bateria e deixando a dupla sem sinal de celular e isolada.

É aí que Walter White entra em ação. Após se acalmar e criticar Jesse, ele decide construir uma bateria de mercúrio para dar partida no trailer. A ideia pode parecer absurda, mas tem fundamento científico.

Como funciona uma bateria?

Estrutura de uma bateria (Crédito da foto: Ohiostandard/Wikimedia Commons)

Uma bateria armazena e gera energia elétrica por meio de reações químicas. Ela é composta por quatro partes principais:

  • Ânodo: Eletrodo negativo que libera elétrons.
  • Cátodo: Eletrodo positivo que absorve elétrons.
  • Eletrólito: Solução que permite o movimento de íons entre o ânodo e o cátodo.
  • Condutor: Material que transporta os elétrons, geralmente um fio metálico.

Quando dois metais diferentes são colocados em uma solução eletrolítica, a diferença em suas reatividades químicas gera um fluxo de corrente. Isso forma uma célula eletroquímica básica. Uma bateria completa nada mais é do que várias dessas células reunidas.

A versão de Walter White

Seguindo esse conceito básico, Walter construiu sua bateria assim:

  • Para o ânodo, ele usou moedas, parafusos e outros pedaços de metal contendo zinco.
  • Para o cátodo, utilizou pastilhas de freio do trailer, feitas de óxido de mercúrio e grafite.
  • O eletrólito foi o hidróxido de potássio, um subproduto do processo de fabricação de metanfetamina.
  • Como condutor, empregou fios de cobre disponíveis no trailer.

Ele separou o ânodo e o cátodo com esponjas embebidas no eletrólito, pois, caso se tocassem, o fluxo de corrente seria interrompido. Depois, juntou seis dessas células de combustível. E, segundo a narrativa da série, isso foi o suficiente para dar partida no motor e tirá-los do deserto.

A realidade científica da cena da bateria de carro

Apesar de seguir um projeto estruturalmente sólido, é improvável que uma bateria improvisada como a de Walter White fornecesse energia suficiente para ligar um motor automotivo. Uma bateria tão simples geraria apenas uma fração da corrente necessária. Portanto, na prática, a dupla provavelmente permaneceria presa no deserto.

Ainda assim, a cena funcionou perfeitamente dentro da narrativa. Ela demonstrou o gênio de Walter White e reforçou a proposta da série de misturar ciência com drama de forma criativa.

Mesmo que a solução apresentada não fosse totalmente viável, a explicação científica oferecida foi convincente o suficiente para capturar a atenção do público.

Breaking Bad se destaca entre tantas produções por abordar a ciência de forma envolvente e, na maioria das vezes, precisa. A série conseguiu o feito de tornar a química interessante para um público diverso, estimulando o interesse por conceitos complexos sem perder a dinâmica dramática.

Com informações de scienceabc.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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