Relatório Draghi aponta que a Europa precisa investir 800 bilhões anuais até 2030 para evitar colapso econômico e recuperar competitividade global.
A Europa vive um momento decisivo em sua trajetória econômica. Segundo reportagem da DW Brasil, cerca de 300 bilhões de euros por ano saem do continente e são investidos nos Estados Unidos, enquanto a União Europeia (UE) precisa aplicar pelo menos 800 bilhões anuais em inovação, infraestrutura e tecnologia para não colapsar até o fim da década.
O alerta vem do Relatório Draghi, estudo de 400 páginas elaborado pelo ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, famoso por ter salvo o euro em 2012.
O documento revela que a Europa não é produtiva nem inovadora o suficiente para competir com EUA e China, e corre o risco de perder relevância global se não agir rapidamente.
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Quem faz o alerta e qual a gravidade
Mario Draghi, em análise destacada pela DW Brasil, afirma que a Europa precisa de investimentos anuais entre 750 e 800 bilhões de euros para recuperar sua competitividade.
O desafio vai além da economia: envolve também segurança estratégica e integração política.
Há 20 anos, a União Europeia representava um quarto do PIB global; hoje, responde por pouco mais de 15%.
Enquanto os EUA recuperaram espaço e a China acelerou, a Europa encolheu, revelando um atraso estrutural em inovação e tecnologia.
Quanto dinheiro está saindo da Europa
O problema não é a falta de poupança.
O continente dispõe de aproximadamente 1,4 trilhão de euros em reservas internas, mas cerca de 300 bilhões migram anualmente para os Estados Unidos, onde o mercado é mais integrado, eficiente e atrativo.
Segundo a DW Brasil, esse desequilíbrio se explica pela fragmentação dos 27 membros da União Europeia.
Burocracia excessiva, ausência de uma união real de capitais e mercados de risco pouco desenvolvidos fazem startups e investidores preferirem os EUA.
Onde estão os gargalos
No setor de capital de risco, o contraste é evidente. A Europa responde por apenas 5% do mercado global de venture capital, enquanto os Estados Unidos concentram 52% e a China, 40%.
Essa diferença compromete a capacidade europeia de financiar empresas de tecnologia, inteligência artificial e energia limpa áreas decisivas para o futuro.
Além disso, a política interna fragmentada atrapalha a tomada de decisões.
A França enfrentou quatro primeiros-ministros em um ano, a Alemanha vive sob uma coalizão frágil e a extrema-direita cresce em vários países, dificultando consensos estratégicos.
Por que o cenário internacional pressiona ainda mais
A reeleição de Donald Trump em 2024 aumentou a desconfiança em relação à parceria histórica com Washington.
O governo americano acusa a União Europeia de ter sido criada para prejudicar os EUA, o que intensificou os debates sobre autonomia estratégica em defesa e economia.
Como resposta, os países europeus ampliaram gastos militares e discutem a criação de uma “quinta liberdade” no mercado comum: a livre circulação de pesquisa, inovação e conhecimento, um esforço para transformar a Europa em polo de tecnologia avançada.
Vale a pena apostar na unificação de capitais
De acordo com o Relatório Draghi, a única saída é mobilizar a poupança interna e integrá-la em escala continental.
Isso significa criar um mercado de capitais robusto, reduzir a burocracia e atrair investidores para projetos de inovação.
Sem essa transformação, a DW Brasil alerta que a Europa continuará perdendo espaço para EUA e China, correndo o risco de se tornar apenas uma expressão geográfica no mapa econômico global.
O desafio é claro: reter capital, investir em tecnologia e superar divisões políticas. O futuro da União Europeia depende de decisões urgentes que vão muito além da economia, envolvendo segurança e identidade estratégica.
E você, acredita que a Europa conseguirá mobilizar seus 1,4 trilhão de euros de poupança interna para evitar o colapso, ou continuará perdendo força para EUA e China?
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