Cargos intermediários se tornam alvo de uma nova tática das empresas para evitar pagar indenizações ao forçar a demissão de funcionários sem precisar demiti-los formalmente.
Depois da onda de demissão silenciosa, onde funcionários eram praticamente ignorados até saírem por conta própria, as empresas agora estão apostando em uma nova estratégia: o “ostracismo forçado”. Esse movimento é uma forma passivo-agressiva de reatribuí-los a posições desconfortáveis, eliminando cargos e pressionando-os a sair por conta própria, sem que precisem ser oficialmente demitidos.
Nos últimos anos, o cenário trabalhista passou por mudanças radicais. As empresas, que antes contratavam em massa durante a pandemia, começaram a reverter o quadro com demissões igualmente volumosas. Porém, ao invés de continuar nesse ciclo, algumas adotaram táticas mais sutis para reduzir custos e evitar as consequências de uma demissão tradicional.
Número de demissões em grandes empresas de tecnologia cresce
Dados recentes mostram que, no primeiro semestre de 2023, o número de demissões em grandes empresas de tecnologia foi expressivo, com mais de 312 mil funcionários sendo desligados. Contudo, a partir de maio, essa tendência começou a diminuir. Com apenas 6.900 demissões registradas no verão (hemisfério norte) de 2023, as empresas começaram a buscar métodos alternativos para enxugar suas equipes sem aumentar os números de demissões formais.
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Conceito de “ostracismo forçado”
Aqui entra o conceito de “ostracismo forçado”. Em vez de simplesmente demitir, as empresas realocam funcionários, especialmente aqueles em cargos intermediários, para áreas ou funções em que não têm experiência ou interesse. A ideia é clara: criar um ambiente tão desconfortável que o próprio funcionário decida pedir demissão, evitando assim o pagamento de indenizações.
O setor mais atingido por essa estratégia é o dos cargos intermediários, aqueles que ganham mais do que a média e têm menos responsabilidades diretas sobre a gestão de pessoas. Esses profissionais são frequentemente movidos para departamentos que pouco têm a ver com suas habilidades, um claro sinal de que estão sendo “empurrados” para fora da empresa.
Funcionários precisam se realocar continuamente para evitar demissão
Um exemplo disso é Matt Conrad, que trabalhava em vendas na IBM e foi realocado duas vezes em apenas dois anos. Primeiro, foi transferido para vender um software sobre o qual nada sabia, o que afetou sua saúde mental. Depois, foi movido novamente para um cargo mais alinhado ao seu trabalho original, apenas para ser transferido novamente seis meses depois, quando sua nova equipe foi eliminada. Ele se recusou a pedir demissão, mesmo sendo empurrado para um beco sem saída.
“Eles estão basicamente dizendo: ‘Olha, esta é a única maneira de você ter um emprego aqui, preciso transferi-lo. Se eu fosse você, aceitaria a tarefa'”
Roberta Matuson, uma consultora executiva, comentou sobre essa prática no The Wall Street Journal: “Eles estão basicamente dizendo: ‘Olha, esta é a única maneira de você ter um emprego aqui, preciso transferi-lo. Se eu fosse você, aceitaria a tarefa'”. Esse tipo de pressão deixa os funcionários com poucas opções: ou aceitam o ostracismo e continuam na empresa, ou se demitem por conta própria.
O “ostracismo forçado” está se tornando uma estratégia comum para as empresas que desejam evitar as repercussões financeiras e legais de uma demissão tradicional. Para os trabalhadores, isso significa um cenário cada vez mais incerto, onde a estabilidade de emprego é substituída por uma constante sensação de instabilidade e incerteza.
Empresas estão sempre à procura de formas mais “inusitadas” de gerenciar seus funcionários
Essa nova tendência deixa claro que o ambiente corporativo está em constante evolução, e que as empresas estão sempre à procura de formas mais “criativas” de gerenciar suas equipes, nem que isso signifique colocar seus funcionários em situações extremamente desconfortáveis e estressantes, na esperança de que eles próprios peçam para sair.