Liderada pela CEO Ana Cabral-Gardner, a Sigma Lithium se tornou um fenômeno global com seu “Lítio Verde”, mas a história da empresa mineira é marcada por acordos estratégicos, disputas legais e graves denúncias socioambientais.
No Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres de Minas Gerais, uma empresa mineira está no centro de uma corrida global pelo “ouro branco”. A Sigma Lithium, comandada pela CEO brasileira Ana Cabral-Gardner, iniciou um projeto de R$ 3 bilhões para transformar a região em um polo mundial de produção de lítio, matéria-prima essencial para as baterias de carros elétricos.
A empresa se promove como um modelo de sustentabilidade, mas sua ascensão é marcada por um paradoxo. Enquanto fecha acordos com gigantes globais e atrai o interesse da China, enfrenta severas acusações de danos ambientais e sociais por parte das comunidades que vivem ao redor de sua mina. A trajetória da empresa é um caso de estudo sobre a complexa relação entre mineração, finanças e desenvolvimento na era da transição energética.
A aposta de 2012 no Vale do Jequitinhonha
A história da Sigma Lithium como a conhecemos hoje começou a ser desenhada em 2012. Foi nesse ano que se iniciaram os primeiros investimentos no projeto Grota do Cirilo, localizado nos municípios de Araçuaí e Itinga, em Minas Gerais. A visão estratégica por trás do empreendimento da empresa mineira veio de Ana Cabral-Gardner, uma executiva com mais de 25 anos de experiência em gigantes do mercado financeiro como Goldman Sachs e Merrill Lynch.
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Como sócia-gestora da A10 Investimentos, a acionista controladora da Sigma, Cabral-Gardner aplicou sua expertise para transformar as reservas de lítio da região em um projeto de classe mundial, que culminaria na criação da iniciativa “Lithium Valley Brazil”.
Acordos e produção: a fase de consolidação (2021-2023)
O caminho para a produção foi marcado por acordos estratégicos e o início das operações. Em outubro de 2021, a Sigma anunciou um termo de compromisso vinculante com a sul-coreana LG Energy Solution, uma das maiores fabricantes de baterias do mundo, para o fornecimento de longo prazo de concentrado de lítio.
Após mais de uma década de desenvolvimento e um investimento que se aproxima dos R$ 3 bilhões, a mina finalmente começou a produzir. Em abril de 2023, a empresa anunciou o início da produção da Fase 1 do projeto, um marco que a colocou oficialmente no mapa global de produtores. Pouco depois, em maio de 2023, a empresa e o governo brasileiro lançaram mundialmente o projeto “Lithium Valley Brazil” com um evento na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York.
A relação da empresa mineira com a China e a disputa legal (2024)
O ano de 2024 foi um período de intensas negociações e do surgimento de conflitos. No início do ano, surgiram notícias, veiculadas por fontes do setor, de que a Sigma estava em negociações avançadas para ser vendida para gigantes chinesas como a CATL e a BYD, em um negócio que poderia chegar a US$ 2,9 bilhões. A empresa também firmou um acordo para vender seus “rejeitos verdes” para a processadora chinesa Yahua.
No entanto, em março de 2024, a relação com a LG Energy Solution azedou. A empresa sul-coreana iniciou um processo de arbitragem contra a Sigma, alegando que a mineradora violou os termos do acordo de fornecimento assinado em 2021. A Sigma, por sua vez, afirma que as alegações são “totalmente sem mérito”.
Expansão, controvérsias e o cenário de 2025
Apesar da disputa legal, em abril de 2024, o Conselho de Administração da Sigma aprovou a Decisão Final de Investimento para a Fase 2 do projeto, que visa dobrar a produção para 520.000 toneladas anuais até 2026. O projeto ganhou um forte impulso com o anúncio de um financiamento de US$ 100 milhões do BNDES.
Contudo, o ano de 2025 trouxe novos desafios. A relação com a China mudou de potencial parceria para competição, com a BYD adquirindo seus próprios direitos de mineração na mesma região do Vale do Jequitinhonha. Mais grave, em abril de 2025, um consórcio de quatro universidades, incluindo a UFMG, publicou uma nota técnica devastadora, recomendando a “suspensão imediata” das atividades da Sigma.
A nota cita “graves violações de direitos humanos” e o uso de uma tecnologia de mineração considerada “obsoleta e destrutiva”. As denúncias de contaminação do ar e da água por comunidades locais, como as de Piauí Poço Dantas, colocam em xeque a marca de “Lítio Verde” da empresa mineira, criando um paradoxo entre sua imagem de sustentabilidade e a realidade vivida no Vale do Jequitinhonha.
Chega a provocar nojo o comportamento dos governos e políticos mineiros,em relação às mineradoras do estado.Uma região como o vale do jequitinhonha, sempre foi relegada a sua própria sorte,com a maioria de sua população vivendo na extrema miséria,em cima de uma das maiores minas ,de Lítio do planeta,para a população ficará além buracos, poluição, destruição do meio ambiente, também miséria e doenças respiratórias.Para a região o mesmo que ficou para, Sabará, ouro preto, Mariana, Nova Lima, Itabira,catas altas e etcetera, etcetera, nojo dos governantes e políticos mineiros e tenho dito…
Produzir destruindo o meio ambiente não dá, ou muda ou fecha, já basta toda a destruição do cerrado e da Amazônia.