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A corrida pelos minerais raros da Amazônia começa — e Brasil precisa decidir se será soberano ou dependente

Publicado em 11/09/2025 às 15:22
Amazônia, Minerais raros, Brasil
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A corrida internacional pelos minerais estratégicos do Amazonas coloca o Brasil diante do dilema entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e soberania nacional

O Amazonas atravessa um período decisivo porque o mundo vive a transição energética e uma corrida global por minerais críticos. Potências disputam o acesso a nióbio, tântalo, estanho, tório e terras raras. Esses elementos estão no subsolo do estado e são fundamentais para indústrias de alta tecnologia.

Apesar dessa riqueza, boa parte da população segue enfrentando pobreza, especialmente no interior. O desafio é evidente: transformar recursos minerais em soberania e desenvolvimento sem perder de vista a preservação ambiental.

Mina de Pitinga como exemplo

Em Presidente Figueiredo, a 119 quilômetros de Manaus, está a Mina de Pitinga. O local sintetiza o dilema entre exploração econômica e responsabilidade nacional.

Há cinquenta anos, a Mineração Taboca atua na região com a extração de cassiterita e columbita. O negócio movimenta mais de R$ 500 milhões anuais em exportações e gera cerca de 1,2 mil empregos diretos.

O município recebe aproximadamente 6% de sua receita em royalties. Além disso, o subsolo concentra reservas de nióbio, tântalo, estanho e tório, usados em foguetes, baterias e turbinas.

Em novembro de 2024, a mina foi vendida à estatal chinesa China Nonferrous Trade (CNT) por US$ 340 milhões, valor equivalente a R$ 2 bilhões.

Após a negociação, a Justiça Federal exigiu explicações de empresas e órgãos envolvidos. O motivo foi a denúncia de violação da Constituição e de regras que restringem o domínio estrangeiro sobre recursos estratégicos.

Outros municípios na rota mineral

A questão, porém, não se limita a Presidente Figueiredo. Cidades como Autazes, São Gabriel da Cachoeira, Nova Olinda do Norte, Itacoatiara e Apuí também possuem reservas.

Ali estão potássio, nióbio, tântalo e estanho, minerais considerados essenciais tanto para a transição energética quanto para a segurança alimentar.

Portanto, não é possível deixar que a discussão fique restrita a contratos comerciais. É necessário abrir um debate nacional sobre como explorar esses recursos de forma responsável e estratégica.

Risco de dependência externa

O alerta veio do diretor do Instituto Brasileiro de Mineração, Júlio Nery. Segundo ele, a China já concentra 95% da produção mundial de terras raras.

Se o Brasil permitir que suas jazidas permaneçam sob controle externo, abrirá mão de protagonismo em um setor fundamental para a economia verde e para o futuro tecnológico.

Além disso, o cenário global está marcado por tensões entre China e Estados Unidos, o que reforça a necessidade de o país assegurar sua soberania sobre esses ativos.

Experiências internacionais

Há exemplos claros de como transformar recursos naturais em força geopolítica. O Chile elevou o lítio a plataforma de inserção internacional.

Canadá e Austrália criaram legislações que unem exploração mineral, retorno social e proteção da soberania.

O Brasil precisa seguir caminho semelhante, principalmente no Amazonas. A mineração deve ter ciência, tecnologia e responsabilidade como eixos centrais.

Caminho para o Brasil

O estado criou recentemente a Secretaria de Mineração. O objetivo é priorizar o tema dentro das políticas de planejamento.

Essa é uma tentativa de dar mais clareza à gestão dos recursos e reduzir a falta de regulação que marca o setor.

Fortalecer a soberania nacional sobre os minerais significa garantir que exploração, beneficiamento e industrialização ocorram sob o interesse público.

É essencial que parte dessa riqueza seja destinada à saúde, à educação, à inovação e à segurança pública.

Somente assim será possível transformar o potencial em desenvolvimento social real.

Protagonismo global

O Brasil precisa construir uma cadeia produtiva completa. Isso permitirá transformar minerais estratégicos em empregos qualificados, inovação tecnológica e competitividade mundial.

Seguindo esse caminho, o país pode assumir papel de protagonista na economia verde.

Disputa em curso

A corrida pelos recursos minerais da Amazônia já começou. O futuro depende de uma decisão: se o Brasil será apenas espectador ou se liderará a transformação dessa riqueza em soberania e progresso.

Com informações de Gazeta do Povo.

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Romário Pereira de Carvalho

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