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A construção que se tornou uma cidade de castelos fantasmas na Turquia

Escrito por Carla Teles
Publicado em 06/06/2025 às 18:51
A construção que se tornou uma cidade de castelos fantasmas na Turquia
A construção de um sonho virou pesadelo. Entenda como o projeto Burj Al Babas e seus 700 castelos de luxo se tornaram um símbolo global de fracasso e fraude
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Conheça a história do luxuoso projeto imobiliário que se transformou em uma cidade fantasma e um monumental caso de fracasso e fraude.

O projeto Burj Al Babas, na Turquia, é um testemunho monumental de ambição e fracasso. Idealizado como um condomínio de luxo com 732 villas em estilo de castelo, o empreendimento de US$ 200 milhões visava atrair ricos investidores do Golfo. Contudo, crises econômicas, a falência do desenvolvedor e graves controvérsias levaram a construção ao colapso. Hoje, é uma cidade fantasma inabitada, centro de um julgamento por fraude e um símbolo dos perigos da especulação imobiliária.

O plano por trás dos castelos de luxo

A visão de Burj Al Babas nasceu da ambição do Sarot Group, liderado pelos irmãos Mezher e Mehmet Yerdelen. O projeto foi estrategicamente direcionado a investidores abastados de países do Golfo, como Kuwait, Arábia Saudita e Qatar. O nome já era um aceno a esse público: “Burj” significa “torre” em árabe. A promessa era um refúgio de luxo com o apelo das fontes termais locais.

O projeto arquitetônico consistia em 732 villas quase idênticas, cada uma lembrando um castelo europeu. A estética foi uma escolha deliberada de marketing para agradar ao gosto do comprador estrangeiro, mesmo que se distanciasse da herança arquitetônica turca. No centro do complexo, um prédio abrigaria um shopping, cinemas, mesquita e instalações de saúde.

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O início da construção e a realidade parcial

A construção de Burj Al Babas começou oficialmente em 2014, com a meta de conclusão em quatro anos. O sucesso inicial foi notável. Cerca de 350 das 732 villas foram vendidas antecipadamente, a maioria para compradores do Golfo. No auge, o projeto chegou a empregar até 8.000 trabalhadores no canteiro de obras.

Até 2018, 587 villas foram parcialmente construídas. No entanto, o termo “concluída” era enganoso. Apenas a parte externa estava finalizada, enquanto os interiores permaneciam inacabados e inabitáveis. A infraestrutura essencial, como estradas e serviços públicos, também ficou incompleta, sugerindo uma estratégia para manter as aparências em vez de entregar um projeto funcional.

Controvérsias e sinais de alerta durante a construção

Desde o início, o projeto enfrentou problemas graves. Em 2014, subempreiteiros processaram o Sarot Group por dívidas e pela destruição de floresta protegida. As tensões financeiras levaram a protestos de trabalhadores por salários não pagos já em 2015.

A oposição da comunidade local de Mudurnu foi veemente. Residentes e ambientalistas criticaram o projeto por seu choque estético com a arquitetura histórica da cidade, que é candidata a Patrimônio Mundial da UNESCO. Alegações de danos ambientais, como o desmatamento e o descarte inadequado de entulho, resultaram em ações judiciais. Apesar dos alertas, os desenvolvedores seguiram com a construção.

Falência, abandono e a crise econômica

Uma “tempestade perfeita” selou o destino do projeto. A partir de 2018, a queda no preço do petróleo impactou o poder de compra dos investidores do Golfo. Simultaneamente, a Turquia enfrentou uma grave crise econômica, com a desvalorização da sua moeda e alta da inflação. Muitos compradores adiaram pagamentos ou cancelaram os contratos.

Com o fluxo de caixa comprometido, o Sarot Group acumulou uma dívida de US$ 27 milhões. Em junho de 2018, a empresa pediu concordata, mas em novembro um tribunal ordenou sua falência. A construção foi oficialmente paralisada em 2019, deixando para trás um esqueleto de concreto.

Atualmente, Burj Al Babas é uma paisagem surreal e distópica. Centenas de castelos idênticos e vazios se erguem em meio a detritos de construção e vegetação crescente. O local se tornou um destino de “turismo sombrio”, atraindo curiosos, fotógrafos e cineastas.

Para os investidores, o projeto foi uma perda significativa. O impacto na comunidade de Mudurnu é visto como uma “cicatriz permanente”. O caso escalou para o âmbito legal e diplomático, culminando em um julgamento por fraude contra os executivos do Sarot Group. As acusações incluem o desvio de US$ 67 milhões, e a promotoria pede penas de até 885 anos de prisão para os réus, transformando o sonho arquitetônico em um pesadelo judicial. O futuro do empreendimento permanece incerto, oscilando entre a demolição e uma improvável revitalização.

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Carla Teles

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