A Índia avança na construção de seu primeiro corredor de alta velocidade, o projeto Mumbai-Ahmedabad (MAHSR). Com tecnologia Shinkansen e financiamento japonês, este novo trem bala promete revolucionar o transporte e impulsionar a economia indiana, servindo de modelo para a modernização da vasta malha ferroviária do país
O projeto do Corredor Ferroviário de Alta Velocidade Mumbai-Ahmedabad (MAHSR), conhecido como o primeiro novo trem bala da Índia, é uma iniciativa de infraestrutura histórica. Ele visa conectar dois polos econômicos vitais, transformando as viagens domésticas e simbolizando o avanço da engenharia indiana. Embora a inauguração completa ainda não tenha ocorrido, o projeto está em fase avançada de construção.
A operação parcial da linha está prevista para 2026, com a conclusão total até 2028. Este ambicioso corredor de aproximadamente 508 km é um testemunho da sólida parceria estratégica entre Índia e Japão.
O primeiro novo trem bala da Índia
O MAHSR é a primeira incursão da Índia na tecnologia ferroviária de alta velocidade. O projeto, concebido em 2013 e com pedra fundamental lançada em 2017, busca revolucionar a conectividade entre Mumbai, centro financeiro, e Ahmedabad, polo industrial em Gujarat. A meta é reduzir o tempo de viagem entre as duas cidades de 6-7 horas para aproximadamente 2 horas.
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O corredor terá 12 estações e os trens alcançarão uma velocidade máxima de 320 km/h. Apesar de atrasos iniciais, principalmente devido à pandemia e desafios na aquisição de terras, o projeto avança com uma nova meta de lançamento parcial entre Surat e Bilimora até 2026, e operação completa até 2028. Em outubro de 2024, o progresso físico alcançou 47,17%.
Tecnologia Shinkansen e apoio financeiro impulsionando o novo trem bala
A parceria com o Japão é fundamental para o MAHSR. A Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) financia aproximadamente 80-81% do projeto, com um empréstimo de baixo custo (0,1% de juros, prazo de 50 anos e carência de 15 anos). Este apoio vai além do financeiro, incluindo cooperação técnica e treinamento.
O projeto utiliza a renomada tecnologia Shinkansen do Japão, incluindo material rodante (trens da Série E5 para testes, com a futura Série E10 em vista), sinalização e padrões de design. Um componente crucial é a iniciativa “Make in India”, com transferência de tecnologia para fabricação local de componentes e o desenvolvimento de trens de alta velocidade indígenas pela Indian Railways. Cerca de 1.000 engenheiros indianos estão sendo treinados em diversas especialidades, utilizando tecnologias como Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV).
Marcos do novo trem bala Mumbai-Ahmedabad
Até 2025, mais de 70% das obras civis do MAHSR, incluindo viadutos e túneis, estavam concluídas ou em estágios avançados. Foram finalizados 243 km de viadutos e 352 km de trabalho de pilares. O projeto inclui 465 km de viadutos, 28 pontes de aço e o primeiro túnel ferroviário submarino da Índia, com 7 km, parte de um túnel maior de 21 km em Maharashtra.
A aquisição de 100% dos 1.389 hectares necessários foi concluída em janeiro de 2024, superando um dos maiores desafios iniciais. A construção emprega tecnologias digitais avançadas como Inteligência Artificial (IA), LiDAR e robótica para aumentar eficiência e segurança. O sistema de via sem lastro J-Slab, padrão Shinkansen, garante estabilidade e baixa manutenção. Os padrões de segurança japoneses, com zero fatalidades em 60 anos de Shinkansen, são um referencial, incluindo o sistema de Controle Automático de Trem (DS-ATC).
O que o novo trem bala significa para a economia e sociedade indiana?
Espera-se que o novo trem bala impulsione a economia indiana em 2,7%. A conectividade aprimorada facilitará o comércio e os negócios entre Mumbai e Ahmedabad. O projeto já gerou milhares de empregos na construção e criará mais na fase operacional.
O desenvolvimento imobiliário em torno das estações é previsto, e o turismo deve ser incrementado. Ambientalmente, o HSR emite significativamente menos CO2 por passageiro-quilômetro que carros ou aviões. As estações são projetadas para serem ecológicas, com captação de água da chuva e energia solar. A JICA também apoia o Desenvolvimento Orientado ao Trânsito (TOD) para maximizar os benefícios socioeconômicos nas áreas das estações.
O MAHSR como piloto para uma rede nacional de alta velocidade
O corredor Mumbai-Ahmedabad é apenas o início da visão da Índia para uma rede ferroviária de alta velocidade. O MAHSR serve como projeto-piloto para o ambicioso “Quadrilátero de Diamantes”, que conectará as quatro megacidades: Delhi, Mumbai, Kolkata e Chennai.
Este projeto está alinhado com o Plano Ferroviário Nacional 2030, que visa criar um sistema ferroviário “preparado para o futuro”. A Índia planeja desenvolver outros quatro corredores HSR até 2035 e está fomentando a produção de trens de alta velocidade indígenas. O novo trem bala MAHSR é, portanto, um catalisador para a modernização da infraestrutura e para posicionar a Índia como líder global em ferrovias de alta velocidade.