Whittier, no Alasca, é a cidade sob um teto: 272 habitantes vivem em um prédio de 14 andares que abriga escola, hospital, igreja, correios, delegacia e até mercado, formando uma cidade inteira dentro de um edifício.
No coração gelado do Alasca existe uma cidade que desafia tudo o que conhecemos sobre urbanismo. Whittier, a pouco mais de 100 quilômetros de Anchorage, não é apenas uma cidade pequena: ela é única no mundo por concentrar praticamente toda a sua população em um único prédio de 14 andares, conhecido como Begich Towers. Ali vivem cerca de 272 pessoas, que dividem o mesmo espaço não apenas como vizinhos, mas como parte de uma experiência social sem igual. Dentro do edifício estão serviços que, em outras cidades, estariam espalhados por quilômetros: uma escola, um hospital básico, correios, delegacia de polícia, igreja, supermercado, lavanderia e até escritórios públicos.
Essa configuração transformou Whittier em um dos lugares mais curiosos do planeta — a famosa “cidade sob um teto”.
As origens militares do Begich Towers
O prédio que hoje abriga quase toda a população de Whittier não foi construído para ser um condomínio. O Begich Towers surgiu na década de 1950, em plena Guerra Fria, como parte de uma estrutura militar conhecida como Camp Sullivan.
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A localização estratégica de Whittier, com porto de águas profundas e acesso ferroviário, tornava a cidade um ponto vital para a defesa da região. O edifício foi projetado para abrigar militares e suas famílias, funcionando como uma base autossuficiente em caso de conflitos.
Com o fim da necessidade militar, o prédio foi abandonado pelo Exército e mais tarde convertido em condomínio residencial, tornando-se o centro vital da comunidade local. Desde então, Whittier se reinventou como uma cidade que vive quase inteiramente dentro de quatro paredes.
Estrutura e serviços dentro do prédio
O Begich Towers não é apenas um bloco de apartamentos. Dentro dele funcionam praticamente todos os serviços essenciais:
- Escola: conectada ao prédio por um túnel aquecido, onde crianças vão às aulas sem enfrentar a neve e o frio intenso.
- Delegacia de polícia: com escritório instalado dentro do edifício.
- Correios e prefeitura: também localizados nos andares do prédio, simplificando a vida administrativa da cidade.
- Mercado e conveniências: pequenos comércios que vendem de alimentos a utensílios básicos.
- Clínica médica: equipada para primeiros atendimentos; casos mais graves são levados para Anchorage.
- Igreja: que serve como ponto de encontro comunitário, reforçando o senso de pertencimento dos moradores.
Essa autossuficiência garante que os moradores passem semanas sem precisar sair do edifício — especialmente durante o rigoroso inverno do Alasca.
Viver em Whittier: vantagens e desvantagens
A vida em Whittier pode parecer sufocante para quem está acostumado a cidades grandes, mas para seus habitantes ela traz praticidade. Em um lugar onde a neve pode isolar estradas por dias, ter tudo dentro de casa é mais do que conforto: é sobrevivência.
Entre as vantagens estão:
- Segurança: todo mundo conhece todo mundo.
- Praticidade: serviços básicos a poucos metros do apartamento.
- Comunidade unida: a convivência diária fortalece laços sociais.
Mas existem também desafios:
- Isolamento: a cidade só é acessível por barco, avião ou por um túnel ferroviário de 4 km que abre em horários alternados para carros e trens.
- Limitações médicas: não há hospital completo, o que obriga transferências em emergências graves.
- Poucas opções de lazer: a vida social se resume a atividades internas ou ligadas à natureza ao redor.
Como é o cotidiano dos moradores
Para os moradores, a rotina em Whittier é muito diferente do que estamos acostumados. As crianças saem de casa sem colocar casacos pesados para enfrentar a neve: atravessam túneis internos e já chegam à escola. Os adultos trabalham muitas vezes dentro do próprio prédio ou em atividades ligadas ao porto.
No mercado, o caixa conhece cada cliente pelo nome. Na igreja, quase todos os moradores se encontram no domingo. No elevador, não há estranhos — apenas vizinhos que também são colegas de trabalho, professores ou policiais.
A proximidade cria uma sensação de comunidade intensa, mas também pode gerar conflitos. Para muitos, no entanto, a solidariedade fala mais alto.
O que torna Whittier tão fascinante
Whittier é frequentemente comparada a um laboratório social: uma experiência real de como seria viver em um espaço urbano totalmente compacto e vertical.
Essa peculiaridade já rendeu documentários, matérias em grandes veículos de comunicação e milhões de visualizações em vídeos no YouTube. Turistas curiosos viajam até o Alasca apenas para ver de perto a “cidade em um prédio”.
Além do aspecto inusitado, Whittier também levanta reflexões sobre o futuro das cidades em um mundo cada vez mais populoso e urbanizado. Será que o modelo de cidades verticais e autossuficientes pode ser uma solução para o futuro?
Comparações pelo mundo
Whittier não é o único exemplo de urbanismo compacto, mas certamente é o mais extremo. Cidades como Hong Kong e Singapura já concentram milhões de pessoas em prédios altos, mas com infraestrutura espalhada em bairros inteiros.
Em Whittier, a escala é radical: uma cidade inteira dentro de um único edifício. Essa característica a torna única e praticamente sem paralelo no mundo moderno.
Whittier é mais do que uma curiosidade do Alasca: é uma prova da capacidade de adaptação humana em condições extremas.
Nascida de uma necessidade militar, a cidade transformou um prédio em um ecossistema social completo, onde 272 moradores vivem sob o mesmo teto, compartilhando serviços, histórias e uma vida que desafia os padrões do que chamamos de “cidade”.
No fim, Whittier mostra que é possível viver de forma compacta, comunitária e funcional, mesmo em meio ao frio glacial e ao isolamento. Talvez por isso tenha se tornado um dos lugares mais fascinantes e comentados do mundo.