Joinville (SC), antes referência como polo industrial que enfrentou crise, agora vive um novo renascimento: novos investimentos, modernização e crescimento econômico.
Durante décadas, Joinville (SC) foi reconhecida como o polo industrial catarinense, respirando metalurgia, têxtil, fundição e montagem. Mas no início dos anos 2000, a crise global, a competição externa e a falta de inovação enfraqueceram esse motor produtivo. O que era símbolo de força passou a ser lembrado por fábricas em declínio, prédios fechados e promessas de renascimento.
Hoje, porém, algo mudou — e de forma notável. Joinville vive um renascimento econômico com novas frentes de investimento: tecnologia, logística, expansão industrial e infraestrutura urbana. Um movimento silencioso virou notícia, e a cidade renegociou seu lugar no mapa brasileiro.
Da queda industrial ao alerta de urgência
No século XX, Joinville cresceu com o legado de imigrantes alemães e uma estrutura industrial robusta. Empresas como Tupy, Embraco, Tigre, Ciser e Amanco garantiam empregos e influência no estado. Mas do final da década de 1990 até meados de 2000, a cidade enfrentou o impacto de concorrência internacional, custos elevados e falta de modernização — fábricas fecharam ou reduziram o ritmo, e o brilho industrial perdeu força.
-
Biometria agora é obrigatória: governo convoca milhões de beneficiários com prazo de 120 dias para cadastramento oficial
-
Risco invisível na compra na farmácia: descontos falsos em cadastros digitais já lesam consumidores e expõem dados sensíveis na internet
-
Nova legislação garante produto gratuito no mercado e alivia o bolso de milhões de famílias brasileiras com compras mensais mais baratas
-
Mais de 3 doenças graves já permitem aposentadoria antecipada do INSS e reduzem impacto financeiro em famílias brasileiras
A cidade sentiu o baque: desemprego subiu, receitas caíram e o polo industrial ficou com ecos distantes do passado. Muitos começaram a questionar: será que Joinville perderia seu protagonismo?
A retomada começa com estratégia e investimentos públicos
A virada veio com articulação forte entre prefeitura, Estado e iniciativa privada. Um plano de ação foi colocado em prática.
Regulamentação de um novo distrito industrial na zona sul, ampliando a área disponível para fábricas modernas e startups.
Criação e apoio a fundos e protocolos para atrair empresas de tecnologia e logística.
Parcerias com SENAI, Sesi e instituições ligadas à FIESC para formar mão de obra qualificada rapidamente.
Ao mesmo tempo, o Perini Business Park — já o maior condomínio industrial multissetorial do Brasil, com 2,8 milhões de m² de terreno e 100 empresas — foi um magneto para novos players, atraídos por infraestrutura moderna, regulamento ágil e acesso a grandes mercados.
O resultado começou a aparecer em indicadores: novos contratos, retomada de investimentos, dinamismo econômico.
PIB industrial e exportações em alta em Joinville (SC)
A retomada não é só promessa: os números confirmam. Joinville hoje é responsável por cerca de 25% do PIB industrial de Santa Catarina, o maior do estado.
No primeiro trimestre de 2025, a indústria catarinense avançou 8,5% em produção — e Joinville foi protagonista desse crescimento. Ainda em 2024, a cidade fechou com um dos maiores desempenhos no setor, puxada por ferros, autopeças, eletrodomésticos e plástico.
O comércio exterior agora mostra Joinville em outra dimensão: de janeiro a abril de 2024, o município exportou US$419,9 milhões, com foco em produtos de alto valor agregado, como partes de motor, compressores e autopeças — rumo a Estados Unidos, México e Argentina.
Tecnologia e startups: o novo motor econômico
Enquanto indústrias cresciam, surgiu um novo protagonismo: empresas de tecnologia. Joinville não hesitou em fornecer espaço e estrutura para startups e centros de inovação.
Apesar dos desafios, a presença de mão de obra qualificada em computação e investidores trouxe fôlego para a cena local.
Grandes corporações continuam de olho na cidade. A General Motors construiu uma fábrica em 2012 e projeta um novo investimento de US$1 bilhão com linha de montagem planejada.
Mercado imobiliário aquecido
Com a retomada industrial e tecnológica, o mercado imobiliário entrou em ebulição. Dados da Sinduscon-Joinville mostram aumento de 82,5% no lançamento de apartamentos no primeiro trimestre de 2025 comparado ao ano anterior.
O VGV (Valor Geral de Vendas) saltou de R$395 milhões para R$ 487 milhões no mesmo período — crescimento de 23,3%. Bairros como Costa e Silva, Glória e Bucarein viraram hotspots de lançamentos residenciais.
Joinville, portanto, respira nova economia – e isso reflete diretamente no mercado imobiliário.
Infraestrutura estratégica: aeroporto e logística
Não bastassem indústrias e tecnologia, Joinville reforçou sua posição geográfica com melhorias em logística.
O Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola prepara-se para atender mais passageiros e cargas.
Terminal de cargas modernizado, com investimentos de R$20 milhões para expansão e condomínios industriais.
Proximidade com BR-101, ferrovia antiga convertida para carga e acesso fácil a portos da região.
Esses elementos tornam Joinville um hub logístico nacional, ideal para transportadoras, e-commerce e projetos industriais.
Educação, inovação e parcerias produtivas
O sucesso das renovações se apoia também em gente qualificada. Joinville investiu em:
- Qualificação técnica via SENAI/Sesi.
- Relações com FIESC, UFSC e Univille.
- Adoção de parques tecnológicos e hubs de inovação.
Empresas tradicionais também caminham para resgatar suas origens — a Ciser, nascida em 1959, hoje é referência em sustentabilidade e inovação, com centros e prêmios.
Desafios e atenção urgente
O renascimento econômico tem sido impressionante, mas também traz desafios:
- Necessidade de infraestrutura urbana — mobilidade e transporte público.
- Ações ambientais e controle de alagamentos em áreas planas.
- Demanda por habitação social e serviços.
- O planejamento urbano terá que caminhar junto com o crescimento industrial para evitar gargalos.
O que esperar para os próximos anos
A curva de retomada já está em ascensão. O que vem por aí?
- Ampliação do distrito industrial sul e novas áreas para investimento.
- Progressão de data centers, startups e tecnologia.
- Expansão da GM com linha completa de montagem.
- Novos condomínios industriais no Perini Business Park 2.
- Serviços urbanos adaptados para atender mais gente e empresas.
Joinville vivia à sombra da crise dos 2000s, mas mostrou que ainda é possível renascer sem perder identidade. A combinação entre indústria tradicional, inovação tecnológica, logística estratégica e educação qualificada está recriando o que muitos achavam perdido.
O cenário está claro: Joinville não só recuperou o fôlego — como voltou a mirar alto. Hoje, mais do que como polo industrial, a cidade se posiciona como hub completo de desenvolvimento no Sul do Brasil. Os novos investimentos não são apenas promessas: estão sendo entregues, e com eles, a certeza de que Joinville renasceu — em grande estilo.