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No coração do Vale Europeu, a cidade mais alemã do Brasil preserva a arquitetura, a língua e as tradições de seus fundadores, tornando-se um destino único no país.
Localizada no coração do Vale Europeu, em Santa Catarina, Pomerode ostenta com orgulho o título de a cidade mais alemã do Brasil. Fundada por imigrantes da Pomerânia, uma antiga região do norte da Europa, visitar a cidade é como fazer uma viagem no tempo, onde a cultura, a arquitetura, a gastronomia e, principalmente, a língua dos antepassados são vividas no dia a dia.
Essa herança cultural forte, combinada com uma infraestrutura turística de alta qualidade, transformou Pomerode em um destino cobiçado. Mas, para além dos cartões-postais, a cidade revela uma história de resistência e um modelo de desenvolvimento que a tornam um lugar único para visitar e viver em 2025.
Das origens na Pomerânia em 1863 à resistência: a forja da identidade local
A história da cidade mais alemã do Brasil começa oficialmente em 1863, com a chegada de imigrantes da Pomerânia, uma região histórica às margens do Mar Báltico. Incentivados pelo Dr. Hermann Blumenau, os colonos se estabeleceram no Vale do Itajaí, dedicando-se à agricultura e, mais tarde, à indústria de porcelana.
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O que tornou a cultura de Pomerode tão resiliente foi o período da Segunda Guerra Mundial. A política de nacionalização forçada do governo de Getúlio Vargas proibiu o uso da língua alemã e qualquer manifestação cultural germânica. Longe de apagar a identidade local, a repressão fortaleceu os laços da comunidade, que passou a ver a preservação de seus costumes como um ato de resistência e orgulho.
O dialeto pomerano que sobrevive e é cooficial desde 2017
A fama de que “90% da população fala alemão” tem um fundo de verdade, mas a realidade linguística que se ouve nas ruas da cidade é ainda mais rica e fascinante. A língua germânica ouvida nas ruas de Pomerode não é o alemão padrão, mas sim o pomerano, um dialeto do baixo-alemão oriental. Este dialeto é o verdadeiro coração da identidade da cidade.
Reconhecendo o risco de desaparecimento da língua entre os jovens, a cidade mais alemã do Brasil iniciou um forte projeto de revitalização. O marco mais importante veio em 2017, quando Pomerode cooficializou a língua pomerana, que passou a ser ensinada nas escolas municipais. Esse esforço culminou com o reconhecimento do dialeto como Patrimônio Cultural do Brasil, um selo que garante sua proteção pelo Estado.
A Rota do Enxaimel: o tesouro arquitetônico reconhecido pela ONU
A alma visível de Pomerode está em sua arquitetura. A cidade abriga a maior concentração de casas construídas na técnica enxaimel fora da Europa. O enxaimel é um método construtivo onde uma estrutura de vigas de madeira encaixadas sustenta o edifício, com os vãos preenchidos por tijolos ou barro.
Para preservar e compartilhar esse tesouro arquitetônico, foi criada a Rota do Enxaimel, um percurso de 16 km tombado pelo IPHAN. O sucesso da rota como um exemplo de turismo sustentável, que preserva a cultura e gera renda para a comunidade, lhe rendeu o título de uma das “Melhores Vilas Turísticas do Mundo” pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O que fazer em 2025: da 40ª Festa Pomerana ao Zoo e Vila Encantada
Pomerode oferece atrações durante todo o ano, mas seu calendário de eventos é um destaque.
Festa Pomerana: o principal evento da cidade, celebrando a cultura alemã. A 40ª edição acontece de 15 a 26 de janeiro de 2025, com dezenas de bandas típicas, desfiles e gastronomia.
Osterfest: a festa de Páscoa de Pomerode é famosa por seus recordes no Guinness Book, como a maior árvore de Páscoa (Osterbaum) e o maior ovo decorado do mundo.
Atrações permanentes: a cidade conta com o Zoo Pomerode, o terceiro mais antigo do Brasil, a Vila Encantada, um parque temático de dinossauros, e o Alles Park, com atrações como a Vila da Neve. Além disso, roteiros gastronômicos incluem visitas à fábrica de chocolates Nugali e à cervejaria Schornstein.
O alto padrão de vida e os desafios de um destino turístico de sucesso
A cidade mais alemã do Brasil não é apenas um destino turístico, mas também um local com um dos mais altos padrões de vida do país. Seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é classificado como “Muito Alto” (0,815), e seu PIB per capita de R$ 81.195,67 é quase o dobro da média brasileira.
Essa prosperidade, que atrai novos moradores, gera, no entanto, seus próprios desafios. O custo de vida é uma preocupação, e a gestão do turismo, que envolve equilibrar os interesses dos setores público e privado, é um debate constante. O desafio de Pomerode para o futuro é continuar a comercializar sua cultura de forma sustentável, sem que a autenticidade que a tornou famosa se perca no processo.
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