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A cidade do minério que tem a maior arrecadação por mineração do Brasil e tem data para o fim

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 24/06/2025 às 13:24
A Cidade do Minério: A História de Parauapebas, a Cidade Mais Rica e Desigual da Amazônia
A Cidade do Minério: A História de Parauapebas, a Cidade Mais Rica e Desigual da Amazônia
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Sede da maior mina de ferro do mundo, a cidade do minério no Pará tem um dos maiores PIBs per capita do país, mas convive com a pobreza e um prazo de validade: 2045.

No coração da Amazônia paraense, existe uma cidade construída sobre um paradoxo. Parauapebas, a cidade do minério, nasceu e cresceu à sombra da Mina de Carajás da Vale, a maior mina de minério de ferro a céu aberto do planeta. Essa riqueza que brota do chão lhe confere um dos maiores PIBs per capita do Brasil e um orçamento bilionário.

Contudo, essa opulência contrasta com uma realidade de profunda desigualdade social, falta de serviços básicos e um desafio existencial: o minério que a sustenta tem data para acabar. A história de Parauapebas é um estudo de caso sobre a “maldição dos recursos” e a corrida contra o tempo para construir um futuro que sobreviva ao fim da mineração.

A riqueza que brota do chão: A maior arrecadação por mineração do Brasil

Os números de Parauapebas são de uma potência econômica. Em 2021, o município registrou um impressionante PIB per capita de R$ 227.449, um dos maiores do país. A principal fonte dessa riqueza são os royalties da mineração (CFEM), que garantem à prefeitura um orçamento anual bilionário.

Só em 2024, a cidade arrecadou R$ 1,295 bilhão em royalties. No entanto, essa dependência extrema da mineração é uma faca de dois gumes. Com a queda no preço do minério, a previsão para 2025 já é de uma retração de 37% na arrecadação, um sinal claro da vulnerabilidade de sua economia.

Onde os bilhões da mineração não chegam

A cidade do minério que tem a maior arrecadação por mineração do Brasil e tem data para o fim

Apesar da imensa riqueza, uma parte significativa da população de Parauapebas vive em condições de extrema carência. Em 2023, 14,2% dos moradores estavam em situação de extrema pobreza. O déficit de infraestrutura é o retrato mais fiel dessa desigualdade.

Apenas 12,28% da população tem acesso à rede de coleta de esgoto, e pouco mais da metade (51%) recebe água tratada. Isso significa que, na prática, o esgoto de mais de 234 mil pessoas é despejado no meio ambiente sem tratamento. A cidade tem um dos orçamentos mais ricos do país, mas falha em prover o básico.

O motor com data para parar: A Mina de Carajás e o fim anunciado para 2045

Toda a economia da cidade do minério gira em torno do Complexo de Carajás, operado pela Vale. A mina é um gigante global, responsável por cerca de 60% de todo o minério de ferro que o Brasil exporta. No entanto, esse motor tem um prazo de validade.

Relatórios da própria Vale, enviados a órgãos reguladores internacionais, são claros: as reservas de minério de ferro em Parauapebas vão se esgotar até o ano de 2045. Essa data não é uma estimativa pessimista, mas um prazo final que já considera a exploração de novas frentes e até mesmo o reaproveitamento de rejeitos. A contagem regressiva para o fim do ciclo do minério já começou.

O futuro incerto da cidade do minério e o pivô da Vale para Canaã dos Carajás

Para agravar a situação, a Vale já está executando seu plano para o futuro, e ele não está centrado em Parauapebas. A empresa está deslocando seus investimentos e o foco de suas operações para o município vizinho de Canaã dos Carajás, onde se localiza o moderno e gigantesco complexo S11D, cujas reservas de minério são mais que o dobro das que restam em Parauapebas.

Com isso, a cidade do minério vive sob a sombra do que aconteceu com Serra do Navio, no Amapá. A cidade, que também foi um polo de mineração, entrou em colapso econômico e social quando o recurso se esgotou e a empresa responsável foi embora, deixando para trás um legado de desemprego e abandono.

A corrida contra o tempo para um futuro sem minério

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A sobrevivência de Parauapebas depende de sua capacidade de usar a riqueza atual para construir uma economia que não dependa da mineração. Existem planos para o desenvolvimento da agricultura e da bioeconomia, e o setor de serviços tem crescido.

No entanto, a realidade é que a mineração ainda responde por 84% do PIB da cidade. Análises do orçamento municipal mostram que a maior parte dos royalties é consumida pela máquina pública, e quase nada é investido de forma estratégica em projetos de diversificação econômica. A cidade do minério sabe de seu prazo de validade, mas a cada ano que passa, a janela de oportunidade para construir um futuro sustentável se fecha um pouco mais.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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