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A cidade do conhecimento com suas duas universidades públicas e um doutor para cada 100 habitantes

Publicado em 23/06/2025 às 13:53
A cidade do conhecimento: como São Carlos se tornou o "Vale do Silício" brasileiro?
A cidade do conhecimento: como São Carlos se tornou o “Vale do Silício” brasileiro?
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Entenda como a união entre USP, UFSCar e a maior concentração de doutores do país ficou conhecida como a cidade do conhecimento e criou um polo de tecnologia e startups no interior de São Paulo

No coração do estado de São Paulo, uma cidade de porte médio se destaca no mapa da inovação global. São Carlos é a prova de que um investimento de longo prazo em educação pode transformar uma região. Conhecida como a cidade do conhecimento, ela ostenta o título de “Capital da Tecnologia” por abrigar um dos ecossistemas de startups mais dinâmicos da América Latina, tudo isso impulsionado por suas duas universidades públicas, a USP e a UFSCar.

O segredo do sucesso de São Carlos não é um acaso, mas um projeto que começou há mais de 70 anos. A cidade possui a maior concentração de doutores por habitante do Brasil, um verdadeiro exército de cérebros que transforma pesquisa científica em negócios de alto impacto. Empresas bilionárias como a Tractian nasceram ali, validando um modelo único que hoje é estudado como um “Vale do Silício” brasileiro.

A chegada da USP e da UFSCar

A jornada de São Carlos para se tornar a cidade do conhecimento começou no pós-guerra. A criação da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), um campus da USP, foi formalizada por lei em 1948, com sua aula inaugural ocorrendo em 18 de abril de 1953. Foi o primeiro e mais importante passo para estabelecer um polo de formação de engenheiros de alta qualidade no interior paulista.

Duas décadas depois, um segundo motor de desenvolvimento foi instalado. Em 1968, foi criada a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A nova instituição logo demonstrou sua vocação para a vanguarda ao fundar, em 1972, seu Departamento de Computação. Essa iniciativa pioneira foi a semente para o que viria a ser um dos maiores polos de tecnologia da informação do país, formando gerações de programadores, engenheiros e pesquisadores.

Um doutor para cada 100 habitantes, o capital humano que move a inovação

A cidade do conhecimento, com suas duas universidades públicas e um doutor para cada 100 habitantes, se tornou um Vale do Silício brasileiro

O resultado de décadas de investimento em educação superior é o maior diferencial de São Carlos: uma densidade de talentos sem paralelo no Brasil. Um estudo de 2019, conduzido pelo professor Hamilton Varela, do Instituto de Química da USP, revelou um dado impressionante: a cidade tem um doutor (PhD) para cada 100 habitantes.

Para se ter uma ideia do que isso significa, a média nacional é de um doutor para cada 10.000 habitantes. Isso faz com que a concentração de pesquisadores em São Carlos seja 100 vezes superior à média brasileira. Esse capital humano superqualificado é o combustível para a inovação de alta complexidade, permitindo o surgimento das chamadas “deep techs” — startups que nascem de descobertas científicas avançadas.

Do laboratório ao mercado, o papel do ParqTec e do fomento público

Ter cérebros brilhantes não é suficiente; é preciso criar pontes entre a universidade e o mercado. Em São Carlos, essa ponte começou a ser construída em 17 de dezembro de 1984, com a criação do ParqTec (Parque Tecnológico de São Carlos). A instituição se tornou a primeira incubadora de empresas de base tecnológica da América Latina, apoiando a criação de mais de 250 startups desde então.

Outro pilar fundamental é o fomento público. Agências como a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) desempenham um papel crucial. Através de programas como o PIPE, a FAPESP financia os estágios iniciais e de maior risco da pesquisa dentro das pequenas empresas. É o setor público que “aposta” na ciência, permitindo que as inovações amadureçam até o ponto de atrair investimentos privados.

Casos de sucesso que nasceram na cidade do conhecimento

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O “Modelo São Carlos” é validado por histórias de sucesso que ganharam o mundo. A Tractian, fundada em 2019 por ex-alunos de Engenharia de Computação da USP, é o exemplo mais recente. A empresa, que usa inteligência artificial para monitorar a saúde de máquinas industriais, foi avaliada em R$ 1 bilhão e incluída na prestigiada lista Forbes AI 50, ao lado de gigantes como a OpenAI.

Outro caso emblemático é o da Arquivei (hoje Qive). A startup, que criou uma solução para gerenciar notas fiscais eletrônicas, deu um salto gigantesco em 2021 ao receber um aporte de US$ 48 milhões (cerca de R$ 260 milhões), liderado por um fundo de investimentos norte-americano. Essas trajetórias provam que a cidade do conhecimento não apenas gera ideias, mas também negócios de escala global.

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Nagirley
Nagirley
30/06/2025 12:09

Não vivo dessa forma, as colocações dessa matéria. São Carlos poderia ser uma cidade mais agradável e acolhedora, entretanto ela é constituída de bolsoes de diferentes grupos que não se misturam. O desenho urbano é bem precário, a administração publica vive no bolsão mais inerte e congelado de todos. A cidade tem potencial mas o pedestal em que cada bolsão se mantém deixa a cidade de remendos!!

Luis Antonio Pereira
Luis Antonio Pereira
25/06/2025 05:11

Infelizmente educação é saneamento não apresentam resultados antes das eleições e são relegados ao último plano

Carlos Souza
Carlos Souza
24/06/2025 12:59

São Carlos realmente é surpreendente, com uma concentração de 1 doutor a cada 100 habitantes, me questiono desde quando lá vivi (até os 18 anos de idade- migrei para Campinas-SP no início dos anos 80): O conhecimento produzido nas excelentes atinge apenas a demanda no espectro tecnicista da sociedade ou sua produção acadêmica na área de humanas não dialoga com a comunidade local? Tal indagação está fundada na minha percepção de que
A cidade também concentra uma altíssima relação de conservadorismo e extremismo de direita por habitantes.

Carlos Souza
Carlos Souza
Em resposta a  Carlos Souza
24/06/2025 13:01

* excelententes Universidades Públicas

Rogério Alves de Figueredo
Rogério Alves de Figueredo
Em resposta a  Carlos Souza
24/06/2025 21:07

Se a concentração fosse de esquerdistas seria um estado pobre e **** com altíssima concentração de analfabetos por metro quadrado, como é a situação do Maranhão e da Bahia.

Última edição em 1 mês atrás por Rogério Alves de Figueredo
Dilceia Pereira Pellegrini.
Dilceia Pereira Pellegrini.
Em resposta a  Rogério Alves de Figueredo
24/06/2025 21:51

Boa noite, existe São Paulo, pois, os nordestinos que muitos trabalharam duro na construção.
Existe pobreza e analfabetismo no nordeste, por causa de grupos de políticos corruptos.O orçamento secreto é um exemplo.
Investir em educação é a solução.

João Alberto
João Alberto
Em resposta a  Dilceia Pereira Pellegrini.
25/06/2025 04:20

Concordo plenamente com vc. Vejamos no NE, a falta de verba pra pesquisa e tão berrante, que muito manter investe do próprio bolso, concluí e sai fora do país. Isto e fato.
Toda as UFNE eu tenho visto só produz conhecimento pifiu, principalmente da área humana. Onde a esquerda penetra com domínio.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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