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A cidade brasileira que foi partida ao meio pela força inacreditável de um tornado em 2015

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 18/05/2025 às 11:32
Em 2015, um tornado 'partiu ao meio' Xanxerê (SC), cidade brasileira. Detalhes da tragédia, seus impactos e as importantes lições para o país.
Em 2015, um tornado ‘partiu ao meio’ Xanxerê (SC), cidade brasileira. Detalhes da tragédia, seus impactos e as importantes lições para o país.
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Em abril de 2015, um tornado de grande intensidade atingiu o oeste de Santa Catarina, deixando um rastro de destruição em Xanxerê. O evento marcou a história desta cidade brasileira e expôs vulnerabilidades.

O dia 20 de abril de 2015 ficou marcado de forma indelével na história de Xanxerê, uma cidade brasileira localizada no oeste de Santa Catarina. Naquela tarde, uma força da natureza de magnitude raramente vista no Brasil abateu-se sobre o município: um tornado de intensidade expressiva, que em poucos minutos deixou um rastro de destruição e desolação.

Este evento meteorológico extremo não apenas causou perdas humanas e materiais graves, mas também testou a capacidade de resposta das instituições e da sociedade. A expressão popular de que a cidade brasileira foi “partida ao meio” reflete a realidade da trajetória do tornado, que clivou o tecido urbano de Xanxerê.

A fúria inesperada: o dia em que um tornado devastador atingiu a cidade brasileira de Xanxerê

O tornado que assolou Xanxerê ocorreu na tarde de segunda-feira, 20 de abril de 2015, com o impacto principal sentido por volta das 15h. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) confirmou oficialmente tratar-se de um tornado. A passagem do funil sobre a área urbana durou aproximadamente 30 minutos, tempo suficiente para uma destruição de grande magnitude.

A formação do tornado esteve ligada a uma combinação específica de condições atmosféricas, incluindo um sistema de baixa pressão sobre o norte da Argentina e Paraguai, intenso transporte de ar quente e úmido para o Sul do Brasil, e a influência de uma corrente de jato subtropical em altos níveis. Estes fatores criaram um ambiente altamente instável, com forte cisalhamento vertical do vento, essencial para a formação de uma supercélula, a tempestade que originou o tornado. Com base nos danos, o tornado foi classificado predominantemente como F2 na Escala Fujita, com ventos máximos estimados em torno de 250 km/h, podendo atingir rajadas de 260 km/h.

Uma cidade clivada pela destruição: a trajetória do tornado e o cenário de caos

Em 2015, um tornado 'partiu ao meio' Xanxerê (SC), cidade brasileira. Detalhes da tragédia, seus impactos e as importantes lições para o país.

O tornado de Xanxerê traçou um corredor de destruição bem definido, avançando de oeste para leste-sudeste. A faixa de destruição principal teve largura média de 500 metros, estendendo-se por cerca de 3 a 4,8 quilômetros dentro da malha urbana. Esta trajetória efetivamente “partiu” a cidade brasileira, criando uma zona de devastação.

Pelo menos sete bairros urbanos foram diretamente afetados, com os impactos mais severos nos bairros Esportes, Tacca, Bortolon, São Jorge e Primo Tacca. Sobreviventes descreveram a rapidez da destruição, com o céu escurecendo subitamente, seguido por um rugido ensurdecedor. O cenário imediato foi de desolação: ruas intransitáveis, escombros, postes e árvores arrancadas, e veículos arremessados.

O impacto do tornado em Xanxerê

A fúria do tornado em Xanxerê resultou em quatro mortes confirmadas: Alcimar Sutil, Deonir Conin, Gabriel da Luz Sutil e Lurdes Lima de Oliveira. O número de feridos ficou consolidado em aproximadamente 97 pessoas, muitas com gravidade. Mais de 500 pessoas ficaram desabrigadas, e um número estimado entre 4.200 e 6.000 pessoas ficou desalojado.

A extensão dos danos à habitação foi alarmante, com mais de 2.600 residências danificadas ou completamente destruídas apenas em Xanxerê. Cerca de 40% da área urbana desta cidade brasileira foi diretamente afetada. O Ginásio de Esportes Ivo Sguissardi sofreu um colapso catastrófico. Inúmeros estabelecimentos comerciais e 38 empresas foram danificados, além de 9 prédios públicos. Pelo menos cinco a sete torres de transmissão de alta tensão foram derrubadas, causando blecaute generalizado. O município vizinho de Ponte Serrada também registrou 23 feridos e 252 residências danificadas. As perdas econômicas diretas em Xanxerê foram estimadas em torno de R$100 milhões.

Mobilização em crise: a resposta emergencial e a onda de solidariedade em Santa Catarina

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O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) e a Defesa Civil, municipal e estadual, foram rapidamente acionados, coordenando operações de busca e resgate, primeiros socorros e organização de abrigos. O governo federal mobilizou militares do Exército Brasileiro para auxiliar nos trabalhos. A então Presidente Dilma Rousseff visitou Xanxerê e anunciou um pacote de ajuda financeira, inicialmente de R$2,832 milhões para Santa Catarina, e posteriormente, um montante de R$5,8 milhões para Xanxerê e Ponte Serrada.

Medidas como a liberação do FGTS para as vítimas foram implementadas. A solidariedade comunitária foi imensa, com “mutirões” espontâneos e doações chegando de diversas cidades e organizações como a Cáritas Brasileira e o Mesa Brasil Sesc. Um dos maiores desafios nas primeiras horas foi o colapso quase total dos sistemas de comunicação, dificultando a coordenação dos esforços de resgate.

Reconstrução, resiliência e o futuro da preparação para desastres no Brasil

A reconstrução de Xanxerê foi uma tarefa árdua. O governo federal destinou R$5 milhões para a construção de 102 casas modulares pré-fabricadas. Dois anos após o tornado, em 2017, embora grande parte da reconstrução física estivesse visível, marcas profundas permaneciam, como no Ginásio Ivo Sguissardi. O impacto econômico e agrícola foi severo.

O trauma psicológico na população desta cidade brasileira foi generalizado. O Serviço de Atendimento Psicológico (SAP) da Unoesc Xanxerê elaborou um plano de apoio de longo prazo para as vítimas, com previsão de 10 anos. O evento de Xanxerê ofereceu lições valiosas: a necessidade de revisão de normas de construção civil para resistir a ventos extremos, investimento em infraestruturas de comunicação resilientes, desenvolvimento de sistemas de alerta específicos para tornados e campanhas de educação pública. A experiência de Xanxerê, com sua trágica perda de vidas, impulsionou um maior escrutínio científico e discussões sobre a preparação para fenômenos meteorológicos severos no Brasil.

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Bruno Teles

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